11 ANOS DE PONTIFICADO

Relembre ações do Papa Francisco pela paz ao longo do último ano

Assíduo defensor da paz no mundo, o Santo Padre passou mais um ano de seu pontificado persistindo em lembrar que “a guerra é sempre uma derrota”

Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

O Papa Francisco completará mais um ano de pontificado nesta quarta-feira, 13. Já se passaram 11 anos desde a eleição do Cardeal Jorge Mario Bergoglio como Pontífice, no distante 13 de março de 2013. Desde então, o “Papa que veio do fim do mundo” segue surpreendendo a todos com suas atitudes e gestos.

Uma das principais marcas do pontificado de Francisco são os constantes apelos pela paz. Neste último ano que se passou, não foi diferente. Na verdade, as súplicas do Santo Padre aumentaram, uma vez que uma nova guerra eclodiu, chamando a atenção do mundo todo: em 7 de outubro, o grupo radical Hamas atacou Israel, dando início a um conflito que já se estende há cinco meses.

Contudo, o Papa argentino, oriundo de uma das periferias do mundo, também não se esquece das outras zonas que não estão no centro das atenções do planeta. Constantemente, ele pede a paz para países como Haiti, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Nigéria, além da “martirizada Ucrânia”, que sofre com os efeitos da guerra contra a Rússia há mais de dois anos.

No ano passado, quando completou 10 anos de pontificado, o Santo Padre afirmou em entrevista querer a paz como presente. Ao longo deste período, ele não se cansou de lutar para que esse pedido se tornasse uma realidade. Confira, a seguir, alguns dos momentos mais marcantes e dos apelos mais fortes feitos pelo Pontífice:

Missões do Cardeal Zuppi

Ao longo do último ano de pontificado, Francisco pediu o auxílio do presidente da Conferência Episcopal Italiana e arcebispo de Bolonha, Cardeal Matteo Zuppi. Entre junho e setembro, o prelado visitou Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e China para dialogar com as autoridades dos países buscando soluções para que o mundo alcance a paz.

A visita a Kiev foi encerrada com uma reunião com o presidente do país, Volodymyr Zelensky. Já a ida de Zuppi a Moscou contou com encontros com o assistente do Presidente da Rússia para Assuntos de Política Externa, Yuri Ushakov, a comissária junto ao Presidente da Rússia para os Direitos da Criança, Maria Lvova-Belova, e o encontro com o Patriarca de Moscou e de toda a Rússia, Kirill.

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, recebe Cardeal Zuppi em Kiev em junho do ano passado / Foto: Ukrainian Presidential Press Service/Handout via REUTERS

Nos Estados Unidos, o cardeal entregou ao presidente Joe Biden uma carta do Papa Francisco, ressaltando a dor do Papa pelo sofrimento causado pela guerra. Além disso, “durante a conversa, foi garantida a total disponibilidade a apoiar iniciativas no âmbito humanitário”, registrou um documento da Santa Sé.

Por fim, a viagem a Pequim foi marcada por muita atenção por parte dos chineses, segundo o prelado. Ele frisou, em entrevista, que “todos devem avançar na mesma direção que deve ser a de encontrar a chave para uma paz justa e segura”, e pontuou que “a paz se obtém através do diálogo e da procura de espaços possíveis e necessários”.

Conflito em Gaza e telefonemas pela paz

Infelizmente, a paz tem se mostrado cada vez mais uma flor frágil. Em 7 de outubro do ano passado, um ataque do grupo radical Hamas a Israel fez com que o país declarasse guerra. A violência tomou conta da região de Gaza, onde o conflito tem se desenrolado, e as pessoas, que de repente se viram em meio à barbárie, tentam sobreviver.

Diante disso, o Papa Francisco não deixou de manifestar sua preocupação constante com a situação da Terra Santa. Regularmente, ele conversa por telefone com o único pároco em Gaza, o padre Gabriel Romanelli. A primeira ligação aconteceu poucos dias após a eclosão do conflito, quando o Pontífice garantiu sua proximidade e suas orações. Após uma semana, ele fez um pedido especial: “nos pediu para proteger as crianças”, relatou o sacerdote.

O padre Romanelli, contudo, não foi o único que teve contato com o Santo Padre em decorrência da guerra. Ele também falou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para abordar as situações de conflito no mundo e a necessidade de busca de caminhos para a paz.

Além disso, conversaram com Francisco o presidente palestino, Mahmoud Abbas, que ressaltou a importância vital de o Vaticano continuar seus esforços para garantir um cessar-fogo imediato; o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan; e o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, que manifestou apreço pelos apelos do Papa por um cessar-fogo.

“Assumir o lado da paz”

Logo após o início da guerra entre Israel e Hamas, o Papa convocou um dia de oração, jejum e penitência pela paz. Após a Catequese de 18 de outubro do ano passado, ele exortou os fiéis a assumir, na guerra, apenas o lado da paz e convidou todos os que tenham no coração essa causa a se unir em oração.

Papa Francisco reza o terço durante dia de oração pela paz / Foto: Vatican Media/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

Com o apelo, diversas iniciativas foram realizadas em todo o mundo para clamar pelo fim dos conflitos em todo o mundo. No Vaticano, foram rezados o Terço, em que foram refletidos os mistérios dolorosos, e a ladainha à Nossa Senhora. Depois, dirigindo-se à Rainha da Paz, o Pontífice proferiu sua oração.

“Voltai o vosso olhar de misericórdia para a família humana, que perdeu a senda da paz, preferiu Caim a Abel e, tendo esquecido o sentido da fraternidade, não reencontra a atmosfera de casa. Intercedei pelo nosso mundo em perigo e tumulto. Ensinai-nos a acolher e cuidar da vida – de toda a vida humana! – e a repudiar a loucura da guerra, que semeia morte e apaga o futuro”, rezou o Santo Padre.

Ao final da oração, Francisco também consagrou o mundo à Nossa Senhora. “A vós confiamos e consagramos, para sempre, as nossas vidas, todas as fibras do nosso ser, aquilo que temos e somos. A vós consagramos a Igreja para que, dando ao mundo testemunho do amor de Jesus, seja sinal de concórdia e instrumento de paz. Consagramo-vos o nosso mundo, especialmente os países e as regiões em guerra”, concluiu.

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