Portugal

Santuário de Fátima celebra 13 de maio sem peregrinos

Pela primeira vez em 103 anos, procissão das velas e Missa aconteceram com os peregrinos em suas casas

Da redação, com Santuário de Fátima

O Santuário de Fátima, em Portugal, viveu a Festa de Nossa Senhora de Fátima e a Peregrinação Internacional de Maio de um jeito atípico neste ano, devido à pandemia. Com os peregrinos em suas casas, realizou, na noite desta terça-feira, 12, a tradicional procissão luminosa. Embora ausentes fisicamente, foram eles os principais destinatários da reflexão que o cardeal D. Antônio Marto apresentou na celebração da Palavra:

“Sim, estais aqui todos, com a luz e o calor acesos da fé que enche os vossos corações”, disse o bispo de Leiria-Fátima, num eco que se propagou por um Recinto de Oração deserto, apenas iluminado pelas mil velas solitárias acesas no local, simbolizando as vítimas mortais da Covid-19, e outras 21 velas, em representação das dioceses de Portugal.

Aos que “mais sofrem e continuam a sofrer com a pandemia e os que mais lutaram e lutam pela saúde de todos”, D. Antônio Marto expressou proximidade, afeto e oração, concretamente: “aos defuntos e seus familiares, aos doentes, a todos os profissionais de saúde, aos cuidadores, idosos, pobres, famílias, sacerdotes, trabalhadores da proteção civil, dos transportes, limpeza, alimentação e outros que não se pouparam a sacrifícios, como bons samaritanos”.

A noite terminou com uma homenagem a todos os peregrinos que não puderam estar presentes na celebração. D. Antônio Marto lavou os pés de três peregrinos, que representavam toda a igreja de Portugal, acompanhando pelos meios de comunicação social.

“Com este sinal, o Santuário de Fátima honra-vos e quer dizer que vos espera em nome da mãe, como uma mãe espera a visita dos filhos à sua casa”, explicou o comentarista da celebração.

13 de maio

Na manhã desta quarta-feira, 13, a Peregrinação do coração, como foi chamada, teve sequência com a oração do Rosário, às 9h00, na Capelinha das Aparições. Às 10h foi celebrada a Missa da Solenidade de Nossa Senhora de Fátima.

“Pela primeira vez na história, desde 1917, neste grande dia 13 de maio, o teu povo amado, Senhora nossa, vindo dos mais diversos ângulos do mundo não pode estar aqui, em multidão, impedido pelos riscos da saúde pública. De repente, algo que nem sequer podíamos imaginar confina-nos nas nossas casas e priva-nos dos momentos mais desejados e afetuosos da vida, como este que vivemos cada ano junto ti, ó terna mãe.”, disse o bispo de Leiria-Fátima.

Em sua homilia, Dom Antônio Marto falou novamente sobre a crise mundial atual:

“A nossa vulnerabilidade e fragilidade fazem-nos sentir a todos unidos em humanidade. (…) E damos conta de que a nossa liberdade só pode ser exercida na responsabilidade e na solidariedade, que somos interdependentes e solidários uns dos outros e por isso nos salvamos todos juntos ou nos afundamos todos juntos”, afirmou, ao sublinhar o “suporte humano e espiritual” que a família assume como “pequena igreja doméstica em tempos de confinamento”.

Ao alertar para as “terríveis” consequências econômicas, sociais e laborais geradas pela pandemia, o bispo de Leiria-Fátima desafiou os cristãos a não ficarem indiferentes perante a “pobreza, a fome e a exclusão social”, uma realidade social “que já bate à porta das Caritas diocesanas e de várias paróquias e soa a sinal de grito de alarme!”

A esperança no regresso

Neste apelo à conversão, o cardeal D. Antônio Marto apresentou a mensagem de Fátima como chave de leitura para a crise gerada pela pandemia.

“Como no 13 de maio de 1917, também hoje a “Senhora tão bonita” nos é apresentada, na primeira leitura, sob a imagem da “mulher revestida de sol” que irradia a luz de Deus, que nos convida a ver a nossa vida e a história do mundo à luz da fé e convida à confiança no triunfo do bem e da vida sobre o mal e a morte. (…) A Palavra de Deus motiva-nos, pois, a atualizar a mensagem de Fátima de esperança e de paz e do apelo à conversão: é possível recomeçar, com esperança!”

Ao terminar, o presidente da Peregrinação dirigiu uma oração de louvor a Nossa Senhora, enunciando a esperança de um regresso próximo dos peregrinos ao Santuário de Fátima para virem louvar a Virgem de Fátima:

“Mãe querida, queremos agradecer-te esta peregrinação interior, a luz, a esperança, a consolação e a paz de Cristo que levas às nossas casas. Hoje fazes tu o caminho da ida; o caminho da volta fá-lo-emos nós quando superarmos esta ameaça que no-lo impede. Voltaremos: é a nossa confiança e nosso compromisso. Voltaremos… Sim, voltaremos! É a nossa confiança e o nosso compromisso, hoje. Voltaremos, juntos aqui, em ação de graças, para te cantar: ‘aqui vimos, mãe querida, consagrar-te o nosso amor’!”

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