Encontros políticos, expectativa de desnuclearização, guerras, migração, tragédias, eleições e pedidos de paz marcaram o ano de 2018
Julia Beck
Da redação
O ano de 2018 foi marcado por importantes encontros políticos, expectativa de desnuclearização, guerras, migração, tragédias, eleições e pedidos de paz. Um pronunciamento de fim de ano do ditador Kim Jong-un desejando o sucesso dos Jogos Olímpicos de Inverno, que aconteceram na Coreia do Sul em fevereiro de 2018, e o desejo do mesmo de que uma delegação de seu país fosse ao país vizinho foi o primeiro passo para o restabelecimento do diálogo entre as duas Coreias em 2018.
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Durante o ano, a Coreia do Norte participou dos jogos e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, encontrou-se com autoridades dos Estados Unidos, e com o presidente chinês, Xi Jinping, e se comprometeu com a desnuclearização. O ditador da Coreia do Norte e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, comprometeram-se a assinar um acordo de paz para encerrar a guerra na Península. Uma linha direta de contato telefônico também foi aberta entre os países. Em junho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Kim Jong Un encontraram-se em Cingapura, e se comprometeram a trabalhar pela completa desnuclearização da península coreana.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, também encontraram-se no ano de 2018. A reunião ocorreu no Palácio Presidencial da Finlândia, em Helsinque. Apesar do clima incerto entre as duas nações, o presidente Trump definiu o encontro como um “bom começo”.
O ano também foi marcado por acidentes e catástrofes naturais. A colisão entre navios na China; dois naufrágios no Mar Mediterrâneo, próximo à Líbia; o terremoto de 7,3 graus na escala Richter que atingiu a região de Arequipa, no sul do Peru; a queda de um avião comercial e terremotos no Irã; um incêndio no centro comercial de Kemerovo, no sudoeste da Sibéria (Rússia); as fortes chuvas no Japão; um terremoto de magnitude 6,8 no Chile, sentido também no Brasil; a erupção do Vulcão de Fogo, na capital da Guatemala; o furacão Florence atingiu o EUA; o incêndio que atingiu a Califórnia (EUA) foi considerado o maior da história do estado. Mais recentemente, um tsunami de grandes proporções atingiu a Indonésia.
Tragédias e atentados também fizeram parte do ano de 2018. Um atentado terrorista cometido pelo Talibã matou ao menos 40 pessoas e feriu outras 140 em Cabul, no Afeganistão; um comando armado atacou o prédio da ONG Save The Children, na cidade de Jalalabad, no Afeganistão, e deixou ao menos seis pessoas mortas. Ainda no Afeganistão, um novo atentado terrorista ocorreu contra uma academia militar. Um tiroteio em uma escola de Parkland, na Flórida (EUA), deixou 17 mortos.
A guerra da síria completou 7 anos. De acordo com dados do Observatório Sírio pelos Direitos Humanos (OSDH) – organização não-governamental (ONG) – 511 mil pessoas já foram mortas desde que a Revolução Síria começou. O conflito já fez com que milhões de pessoas – mais de metade da população do país antes do conflito – deixassem suas casas. Neste mesmo ano, dezenas de pessoas morreram em um ataque químico em Duma, fortaleza dos rebeldes na região de Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco, capital da Síria.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a realização de ataques aéreos contra alvos do regime de Bashar al Assad na Síria. A operação foi uma resposta ao suposto ataque químico. O governo sírio e a Rússia, sua principal aliada, negam o uso de armas tóxicas e pediram uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para debater a situação.
O governo de Bangladesh anunciou um acordo com Myanmar para repatriar milhares de muçulmanos rohingyas, fortemente perseguidos pelo Exército de Myanmar. Na Arábia Saudita entrou em vigor o decreto que autoriza mulheres a dirigirem. O país era o único do mundo que não reconhecia esse direito às cidadãs do sexo feminino.
Na Alemanha, Angela Merkel foi eleita pela quarta vez chanceler da Alemanha. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, venceu as eleições com 76,6% dos votos. Em uma votação com menos de 50% de participação do eleitorado, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi reeleito para governar o país até 2025. Andres Manuel Lopez Obrador foi eleito o novo presidente do México com mais de 50% dos votos. O ex-presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, foi detido pela polícia, após cruzar a fronteira com a Dinamarca.
China e Estados Unidos protagonizaram uma guerra comercial durante 2018. Os dois países impuseram tarifas sobre importação de produtos. O presidente dos EUA anunciou durante o ano suas decisões de retirar o país do acordo nuclear com o Irã, e também do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), e autorizou o retorno dos soldados americanos da Síria, alegando que o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) já teria sido derrotado.
Trump assinou uma ordem que autorizou a expulsão de 60 funcionários de inteligência e diplomatas russos em retaliação ao envenenamento de um ex-expião russo na Inglaterra. A ordem também determinou o fechamento de um consulado russo, na cidade de Seattle, estado de Washington, no noroeste do país. A Rússia anunciou a expulsão de 60 diplomatas dos Estados Unidos como medida de retaliação à mesma decisão tomada pelo presidente estadunidense. Além disso, o governo russo determinou o fechamento do consulado norte-americano em São Petersburgo, segunda maior cidade russa.
Asia Bibi, mulher católica de 47 anos, mãe de 5 filhos, condenada à morte em 2010 por uma falsa acusação de blasfêmia, foi absolvida em outubro pelo Supremo Tribunal do Paquistão depois de 9 anos de prisão. Asia Bibi foi libertada e transferida, por motivos de segurança, para uma localidade secreta.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou, no início do ano, para o ritmo do aquecimento global constatado durante os três últimos anos como “excepcional”. Segundo o relatório 2015, 2016 e 2017 foram os três anos mais quentes já registrados.
A empresa norte-americana Ocean Infinity, que havia sido contratada pelo governo da Malásia no início do ano, encerrou, em maio, as buscas pelo avião da Malaysia Airlines desaparecido em 8 de março de 2014, com 239 pessoas a bordo.
Comoção internacional
Em meio a uma longa batalha judicial, o bebê Alfie Evans, que sofria de uma doença neurodegenerativa rara, faleceu. A notícia foi divulgada pelo próprio pai do menino, Thomas Evans, em uma publicação no Facebook.
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O resgate dos 12 adolescentes e do técnico de futebol que estavam desaparecidos dentro de uma caverna na Tailândia foi acompanhado por todo o mundo. O grupo permaneceu no interior da caverna por mais de 15 dias e foi resgatado durante três dias de trabalhos. O mergulhador voluntário, Saman Gunan, morreu ao tentar salvar o time de futebol juvenil.
Migrantes e refugiados
As mortes de imigrantes e refugiados que tentaram ingressar na Europa pelo Mar Mediterrâneo chegaram a 1.490 neste ano, informou a Organização Internacional para as Migrações das Nações Unidas (OIM-ONU). A organização também registrou redução na entrada de imigrantes na Europa. Em 2018, até 18 de julho, foram 51.782. Em 2017, foram 110.189 imigrantes e em 2016, no mesmo período, 244.722.
Em dezembro, as Nações Unidas aprovaram o pacto global sobre refugiados. Ao todo, 181 países votaram a favor do documento, enquanto Estados Unidos e Hungria foram contrários.
Copa do Mundo
A seleção brasileira participou da Copa do Mundo 2018, realizada na Rússia. A equipe chegou às quartas de final e foi derrotada pela seleção belga. A França foi a grande vencedora do mundial.
Brasil em 2018
O país passou a ocupar, em 2018, o oitavo lugar no ranking mundial que afere a capacidade instalada de produção de energia eólica, segundo o Global Wind Statistic 2017, documento anual com dados mundiais de energia eólica produzido pelo Global Wind Energy Council (GWEC).
O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva foi preso em São Bernardo do Campo, em abril deste ano. Lula foi condenado em 12 de julho de 2017 pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que considerou o ex-presidente culpado de receber vantagens indevidas da empreiteira OAS, no caso envolvendo um apartamento triplex no Guarujá. Poucos dias depois, a defesa do ex-presidente recorreu à segunda instância, o Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre.
Incêndios atingiram o estado do Rio de Janeiro e Manaus. Na capital carioca, um incêndio atingiu o Museu Nacional , na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. O Museu Nacional do Rio reunia um acervo de mais de 20 milhões de itens dos mais variados temas, coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia. Outro incêndio no Rio de Janeiro atingiu e a Refinaria de Manguinhos. Na comunidade amazonense, o fogo dominou a favela do Bodozal, no bairro Educandos, deixando 600 famílias desabrigadas.
A febre amarela continuou a ser monitorada pelo Ministério da Saúde durante o ano de 2018. Após o surto iniciado em 2017, uma Campanha Nacional de Vacinação contra a Febre Amarela foi implantada. Os técnicos da Organização Mundial da Saúde (OMS) acompanham o quadro das áreas sob risco de infecção.
Em 2018, O Brasil bateu um novo recorde no número de solicitações de refúgio em 2018. Apenas nos primeiros sete meses do ano foram mais de 40 mil pedidos. A maioria das solicitações são de venezuelanos. Diante do quadro de migração e refúgio, autoridades se reuniram no XIV Encontro Nacional da Rede Solidária para Migrantes e Refugiados (RedeMiR),promovido pelo Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
Em agosto, foi realizada no Brasil, a audiência pública (a ADPF 442) convocada pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), para elaborar relatório do julgamento da ação que visa declarar inconstitucionais os artigos 124 e 126 do Código Penal, que criminalizam a prática do aborto. Foram ouvidos brasileiros que argumentaram posicionamentos contrários e favoráveis à ação.
O ano foi também de eleição no país. Brasileiros elegeram deputados federais, estaduais, senadores, governadores e o presidente da república. A disputa pela presidência foi decidida em segundo turno, entre os candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PSL). O candidato do PSL foi eleito o novo presidente do Brasil e governará o país nos próximos quatro anos.
Cuba anunciou a saída dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos do Brasil. A saída deixou um total de 8.400 vagas desocupadas, o que gerou a criação e abertura de um edital para os profissionais brasileiros interessados em exercer a medicina nas vagas disponibilizadas pelo programa. Até 4 de janeiro, brasileiros e estrangeiros participantes do programa deverão atuar em todo o país.
Em dezembro, um homem invadiu a Catedral Metropolitana no centro de Campinas (SP) e começou a atirar, tirando a vida de seis pessoas e ferindo outras quatro, segundo informações do Corpo de Bombeiros. O suspeito pelo crime se suicidou logo em seguida. O Papa Francisco manifestou seu pesar pela tragédia: “Profundamente consternado pelo dramático atentado realizado durante a celebração da Santa Missa na Catedral da Arquidiocese de Campinas, o Papa Francisco confia à misericórdia de Deus as vítimas e assegura a sua solidariedade e conforto espiritual às famílias que perderam seus entes queridos e toda a comunidade arquidiocesana, com votos de pronta recuperação dos feridos”, lê-se no telegrama assinado pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin.