Festa

Franciscanos comentam a história do Perdão de Assis celebrado hoje

Perdão de Assis é uma das datas mais importantes para a família franciscana

Huanna Cruz
Da Redação

Porciúncula dentro da Basílica de Santa Maria dos Anjos / Foto: Joyce Silveira

A Igreja celebra nesta terça-feira, 2, a Festa do Perdão de Assis. Essa é uma das datas mais importantes para a Família Franciscana e todos os fiéis que têm especial afeição por São Francisco de Assis. Por ocasião da data, nossa equipe conversou com Franciscanos a respeito da história do Perdão de Assis e como obter a indulgência plenária no dia em que a Igreja celebra esta data litúrgica.

Frei Augusto Luiz Gabriel, da Província da Imaculada Conceição do Brasil, afirma que a história, segundo escritos Franciscanos, começa no ano de 1210. Foi quando Francisco pediu ao bispo de Assis e depois aos Cônegos de São Rufino alguma igrejinha para cuidar. A resposta, de primeiro momento, foi negativa. Ele se dirigiu, então, ao abade do mosteiro de São Bento, Dom Teobaldo, que, com o consenso da comunidade monacal, concedeu a Francisco e a seus primeiros companheiros a Porciúncula para o simples uso e moradia. Só foi pedida uma condição: se a espiritualidade constituída por Francisco crescesse, a Porciúncula seria a casa-mãe.

Segundo Bartolomeu de Bissa 1 e o relato das Fontes Franciscanas,  a origem da Indulgência da Porciúncula se deu em 1216. Francisco estava intimamente compenetrado na oração e na contemplação na  pequena ermida dedicada à Virgem Mãe de Deus, conhecida como igrejinha da Porciúncula, perto da cidade italiana de Assis. De repente, a igrejinha ficou tomada de uma luz vivíssima jamais vista antes  e  Francisco viu sobre o altar o Cristo e, à sua direita a sua Mãe Santíssima, acompanhados de uma multidão de anjos. Francisco ficou em silêncio e começou a adorar o seu Senhor. “Perguntaram-lhe, então, o que ele desejava para a salvação das almas.  Francisco tomado pela graça de Deus que ama incondicionalmente, responde: “Santíssimo Pai, mesmo que eu seja um mísero, o pior dos pecadores, te peço que a todos quantos arrependidos e confessados virão visitar esta Igreja, lhes conceda amplo e generoso perdão, com uma completa remissão de todas as culpas”, informam os relatos.  

Porciúncula                                               

Segundo o Secretário Provincial da Província Sagrado Coração de Jesus do Rio Grande do Sul, Frei Carlos Raimundo Rockenbach, a Porciúncula é uma pequena igreja, construída no século IV por eremitas provenientes da Palestina, assumida por São Bento e seus monges no ano 575.  Foi cedida a Francisco e seus primeiros companheiros, depois de São Damião e São Pedro, foi a terceira Igreja restaurada por Francisco, que hoje está dentro da Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis, na Itália.

No dia da consagração da Porciúncula como lugar da indulgência divina, Francisco pregava diante de sete bispos, com o documento na mão, e dizia: “Quero mandar-vos todos para o céu. Anuncio-vos a indulgência que recebi da boca do sumo pontífice: todos vós que hoje vindes e todos aqueles que virão cada ano, neste dia, com um coração bom e contrito, obterão a indulgência de todos os seus pecados”.

“Na historiografia franciscana, a Porciúncula é para os franciscanos a “Casa Mãe” e ressalta que foi ali que tudo começou. Aí deu início à Ordem dos Frades Menores e preparou a fundação das Clarissas; e aí completou felizmente o curso de seus dias sobre a terra. Foi aí também que o Santo Pai alcançou a célebre Indulgência, que os Sumos Pontífices confirmaram e estenderam a outras muitas igrejas”, afirma Frei Augusto.

Para Frei Henrique Mendonça, “a pequena igreja da Porciúncula foi o ponto de referência de toda a vida de Francisco”.

Perdão de Assis

Para Frei Augusto, o perdão para a Igreja é um tema sempre muito importante e recorrente. Ele recorda que, na história da Igreja, temos a parábola do Filho Pródigo que representa a misericórdia de seu Pai, o Pai do Céus, que mais tarde traduziu-se com São Francisco, com o Perdão de Assis. E, mais recentemente, com o Papa Francisco, através do Ano da Misericórdia vivido pela Igreja de dezembro de 2015 a novembro de 2016.

Frei Augusto Luiz Gabriel / Foto: Arquivo Pessoal

Segundo Frei Carlos Raimundo, a grande importância do Perdão de Assis é o resgate da imagem de Deus como Misericórdia e Amor. Em pleno século XIII, em que prevalecia a imagem de um Deus severo e juiz implacável, a experiência do Perdão experimentada, difundida e vivida por São Francisco resgatou a imagem de Deus acolhedor, compreensivo, compassivo e misericordioso. Imagem essa resgatada fortemente pelo Concílio Vaticano II. A misericórdia é vivamente endossada, pelo Papa Francisco, como o “outro nome de Deus”.

“Nós franciscanos celebramos este dia com muita devoção e festa. Afinal, lucrar a indulgência plenária é uma alegria sem tamanho. Além disso, ministramos Celebrações Eucarísticas, o sacramento da reconciliação e nos propomos a divulgar e propiciar mais momentos dos que os costumeiros para que os fiéis possam cumprir os requisitos para receber a indulgência plenária”, ressalta Frei Augusto.

Segundo os escritos Franciscanos, celebrar o Perdão de Assis é a expressão do desejo de receber a graça da libertação interior e da libertação a nível relacional. O objetivo é que as pessoas não sejam mais escravas do seu passado e dos seus limites humanos, mas possam entrar no Reino dos filhos de Deus. Significa tornar-se, de certo modo, uma bênção e portadores da misericórdia espiritual e material rumo a toda a humanidade e também rumo a toda a Criação.

Indulgência Plenária

A indulgência plenária significa o perdão de todos os pecados por toda a vida, para todo o sempre. Pode-se adquirir a Indulgência Plenária com as seguintes condições: visitando uma igreja paroquial, onde se reza o Credo, para afirmar a própria identidade cristã; e o Pai Nosso, para afirmar a própria dignidade de filhos de Deus recebida no Batismo; confissão sacramental para estar em graça de Deus (no dia 2 agosto ou oito dias antes ou depois); participar da Eucaristia; rezar pelo Papa ao menos um Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória ao Pai. 

Frei Henrique Mendonça ressalta que o Catecismo da Igreja Católica, no número 1498, afirma: “Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório a remissão das penas temporais, consequências dos pecados”.

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