Papa se encontrou com religiosos e agentes pastorais na Concatedral de Santo Estêvão durante viagem apostólica à Hungria
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco se reuniu com bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados, seminaristas e agentes pastorais húngaros nesta sexta-feira, 28. O encontro aconteceu na Concatedral de Santo Estêvão, em Budapeste, em meio às atividades do Santo Padre em sua Viagem Apostólica à Hungria, que se estenderá até o domingo, 30.
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O presidente da Conferência dos Bispos da Hungria, Dom András Veres, recebeu e saudou o Papa. Um sacerdote, um sacerdote greco-católico, uma religiosa e uma catequista apresentaram seu testemunho a Francisco, que discursou aos presentes na sequência. Para Cristo ser o futuro – como desejado por Dom András Veres em sua fala – é preciso interpretar as mudanças e transformações da nossa época, procurando enfrentar do melhor modo possível os desafios pastorais, pontuou.
O Pontífice explicou que podem surgir duas interpretações a partir desse ponto: a de que nada está bem, “que tudo está perdido, que já não existem os valores de outrora, que não se sabe aonde iremos parar”; e a de que tudo está bem, “que o mundo mudou e é preciso adequar-se”. O Evangelho, contudo, dá a luz necessária para combater tanto o derrotismo quanto o conformismo.
O Santo Padre afirmou que, apesar das “tempestades que se abatem sobre o mundo” (referindo-se às diversas crises que se manifestam ao redor do globo), toda vida está nas mãos de Deus. Francisco recordou ainda a alusão feita por Jesus ao citar a figueira (cf. Mc 13, 28-29), indicando que assim como os ramos dela ficam tenros e as folhas brotam com a chegada do verão, os cristãos devem estar atentos e acolher o tempo atual, com suas mudanças e desafios.
Acolher com profecia
A este comportamento o Papa chama “acolhimento com profecia”, ou seja, a abertura aos sinais da presença de Deus na realidade, “mesmo onde esta não nos apareça marcada explicitamente pelo espírito cristão e venha ao nosso encontro sob a forma de desafio ou de interpelação”. Segundo ele, o cristão é chamado a ver o mundo sob a luz do Evangelho sem se mundanizar. “Cair no mundanismo talvez seja o pior que pode acontecer a uma comunidade cristã”, advertiu o Pontífice.
Diante do avanço do secularismo, alertou Francisco, surge a tentação de “ se endurecer, fechando-se e adotando o comportamento de ‘combatentes’”. Entretanto, o Papa ressaltou que essas situações podem representar oportunidades de dialogar com o Evangelho e anunciá-Lo, apresentando uma outra visão de tudo que acontece, com novos caminhos, instrumentos e linguagens.
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Esta busca pelo diálogo leva a comunidade cristã a se fazer presente e testemunhar a fé, encarando esse desafio. Este pode tornar-se desgastante e cansativo, mas “na paixão pela pastoral vocacional, procurando formas de oferecer, com entusiasmo, aos jovens o fascínio de seguir Jesus inclusive pelo caminho de especial consagração” que se torna possível resolver este problema.
Francisco destacou a importância do caminho sinodal “para atualizar a vida pastoral, sem se contentar em repetir o passado e sem medo de redesenhar a paróquia no território, mas pondo como prioridade a evangelização e iniciando uma colaboração ativa”. Indicou que os agentes húngaros presentes já têm feito isso, e os reanimou a perseverarem nesta missão, agradecendo de forma muito especial aos catequistas e professores por sua vocação.
Testemunhar a comunhão pelo amor
O Papa assinalou que esse serviço só é possível, contudo, se o amor, dom do Espírito Santo, basear o viver daqueles que estão a serviço, de forma unitiva, sem se dividir e se colocar contra o outro. “O primeiro trabalho pastoral é o testemunho da comunhão, porque Deus é comunhão e está presente onde há caridade fraterna. Superemos as divisões humanas, para trabalhar juntos na vinha do Senhor”, exortou Francisco, que também recomendou resistir fortemente ao pecado de fofocar, indicando o mal que ele faz à comunidade.
O carinho ao evangelizar e servir os pobres e carentes, buscando aproximar-se deles, também recebeu destaque. Para o Papa, esse olhar misericordioso é o que transforma essa missão. “Esta é a Igreja que devemos sonhar: capaz de mútua escuta, de diálogo, de atenção aos mais frágeis; acolhedora de todos e corajosa em levar a cada um a profecia do Evangelho”, afirmou o Santo Padre.
Ao final do seu discurso, Francisco orientou: “sede acolhedores, sede testemunhas da profecia do Evangelho, mas sobretudo sede mulheres e homens de oração, porque a história e o futuro dependem disto. Agradeço pela vossa fé e a vossa fidelidade, por todo o bem que sois e fazeis”.
O Papa permanecerá na Hungria até o próximo domingo, 30. Durante sua estada, visitará ainda um instituto que cuida de crianças com deficiência física e visual e se encontrará com jovens, pobres, refugiados e uma comunidade greco-católica. O Pontífice também celebrará uma Missa e rezará o Regina Coeli junto ao povo húngaro antes de retornar ao Vaticano.