Pena de Morte

ONU vai ao encontro do Papa e defende fim da pena de morte

Fim da pena de morte é abordada em lançamento de livro por secretário-geral assistente da ONU para os Direitos Humanos

Da redação, com Rádio Vaticano

Secretário-geral assistente das Nações Unidas para Direitos Humanos, Ivan Simonovic, em lançamento de livro nesta quinta-feira, 05.

Secretário-geral assistente das Nações Unidas para Direitos Humanos, Ivan Simonovic, em lançamento de livro nesta quinta-feira, 05.

O secretário-geral assistente das Nações Unidas para Direitos Humanos, Ivan Simonovic, disse nesta quinta-feira, 05, que não “há espaço para a pena de morte no século 21”.

O secretário falou a jornalistas antes do lançamento do livro “Afastando-se da pena de morte: argumentos, tendências e perspectivas”, que contou com a presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Queda

De acordo com a publicação, nos últimos 40 anos houve um declínio no número de locais onde é aplicada a pena de morte. Em 1975, cerca de 97% dos países que aplicavam essa lei, executavam os condenados. Em 2015, este índice caiu para 27%.

Simonovic afirmou que o objetivo do livro é “contribuir com tal tendência”, mas alertou que apesar de haver uma queda no número de execuções documentadas, há uma possibilidade de que muitas sejam conduzidas sem registros ou relatos precisos. O secretário ainda afirmou que em 2014, infelizmente, houve uma alta de 28% no número de pessoas condenadas à morte.

Terrorismo e Drogas

Ele explicou que isso representa um aumento nos Estados-membros que estão “recorrendo à pena de morte para prevenir terrorismo ou crimes relacionados a drogas”.

Simonovic mencionou a questão das “condenações injustas” ressaltando que não há maneira de reverter o veredicto, se uma pessoa for considerada inocente após a execução.

Discriminação

No entanto, o secretário-geral assistente afirmou que existem “evidências concretas provando que há uma correlação entre a pena de morte e a discriminação e o tratamento desigual contra grupos vulneráveis”.

Simonovic também disse que, na maioria dos casos, as pessoas que acabam sendo executadas são pobres, pertencem a grupos vulneráveis ou de minorias socialmente desfavorecidas ou têm problemas mentais.

Ele também abordou a questão dos Estados-membros que ainda sentenciam pessoas à morte por apostasia, que é a renúncia de uma religião ou da fé religiosa, ou ainda por homossexualidade e questionou a legitimidade de tais vereditos.

África

Ao mesmo tempo, Simonovic afirmou que seu escritório fará uma reunião com ministros da Justiça na União Africana em 12 de novembro sobre o “afastamento da pena de morte”.

Ele declarou que dos 54 países do bloco, 18 aboliram a pena capital e cerca de 19 não estão usando execuções, o que representa dois terços destas nações que estão escolhendo acabar com a prática.

Simonovic expressou esperança de que o resto do continente possa aprender com estes países e colocar um fim à pena de morte nos sistemas judiciais.

Igreja

O Papa Francisco defendeu, em diversas ocasiões, o fim da pena. Numa das intervenções mais recentes, em 20 de março, ao encontrar uma delegação da Comissão Internacional contra a Pena de Morte, o Pontífice afirmara: “Hoje em dia a pena de morte é inadmissível, por mais grave que tenha sido o delito do condenado… A pena de morte é contrária ao sentido da ‘humanitas’ e à misericórdia divina que deve ser modelo para a justiça de todos os homens”.

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