2011 - 2018

Guerra na Síria completa 7 anos nesta quinta-feira

Segundo o Observatório Sírio pelos Direitos Humanos (OSDH), guerra na Síria contabiliza, até o momento, 511 mil mortos

Da redação, com Agências

Síria sofre com a guerra civil há sete anos / Foto: Arquivo-ONU

O cerco do regime de Bashar al Assad em Ghouta Oriental, território controlado por rebeldes, representa um dos atos finais da guerra na Síria, que completa sete anos nesta quinta-feira, 15.

De acordo com dados do Observatório Sírio pelos Direitos Humanos (OSDH) – organização não-governamental (ONG) – divulgados nesta segunda-feira, 12, 511 mil pessoas já foram mortas desde que a Revolução Síria começou. O conflito já fez com que milhões de pessoas – mais de metade da população do país antes do conflito – deixassem suas casas.

Os conflitos tiveram início em fevereiro de 2011, quando estudantes de uma escola de Daraa foram presos sob a acusação de terem escrito slogans contrários ao regime. Em 15 de março, ocorreu a primeira grande manifestação em Damasco contra Assad, além de um protesto em Daraa. Os atos ganharam força e foram duramente reprimidos pelo governo.

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Desdobramentos da guerra ano a ano

Em junho de 2011, os primeiros desertores das Forças Armadas deram vida ao Exército Livre da Síria (ELS). Em agosto, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a União Europeia pediram que Assad deixasse o poder. Em outubro, Rússia e China vetaram uma resolução das Nações Unidas (ONU) condenando o regime.

Em maio de 2012, começaram a chegar à Síria os primeiros jihadistas estrangeiros para lutar na rebelião contra Damasco. O movimento xiita libanês Hezbollah enviou militantes para defender o regime.

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Em julho, um atentado em Damasco matou o ministro da Defesa Daud Rajiha. Em agosto, os rebeldes avançaram sobre Aleppo, uma das principais cidades do país. Três meses depois, as potências ocidentais reconheceram a oposição exilada como “única representante do povo sírio”.

Em janeiro de 2013, as forças legalistas se retiram de Raqqa, que foi ocupada pelas primeiras células do Estado Islâmico. Em agosto, subúrbios de Damasco controlados por rebeldes são atacados com armas químicas. Estados Unidos e Rússia chegaram a um  acordo para eliminar o arsenal tóxico do regime.

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Em janeiro de 2014, rebeldes islâmicos iniciaram ofensiva contra o EI. A conferência “Genebra 2” se encerrou sem avanços. Em fevereiro, 1,4 mil pessoas foram evacuadas de Homs, que foi assediada pelas forças de Assad. Em maio, Damasco reconquistou a cidade, com a ajuda do Hezbollah. Em agosto, o Estado Islâmico proclamou um “califado” englobando seus territórios na Síria e no Iraque. Em setembro, começaram os ataques aéreos da coalizão liderada pelos EUA contra o EI.

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O ano de 2015 começou com os curdos avançando contra os jihadistas em Kobane. Em maio, o EI conquistou a cidade histórica de Palmira. Em setembro, a Rússia iniciou operações em apoio a Assad. No último mês do ano, após os atentados de Paris, o Reino Unido se juntou à coalizão norte-americana.

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Em fevereiro de 2016, os exércitos russo e sírio avançam sobre a província de Aleppo. Dezenas de milhares de pessoas fogem para a Turquia. O EI promove novos massacres em Homs e Damasco, totalizando quase 200 mortos. Moscou e Washington acertam um cessar-fogo a partir do dia 27. Em março deste ano, começou a enésima tentativa de negociações entre governo e oposição mediadas pela ONU, também sem sucesso.

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Em outubro, o ELS, apoiado por Ancara, tirou do Estado Islâmico as cidades de Dabiq e Soran. Em dezembro, a situação humanitária em Aleppo se agravou, e o regime de Damasco anuncia sua retomada total. No dia 30 de dezembro, entrou em vigor um novo cessar-fogo que exclui apenas o combate a grupos terroristas.

Em janeiro de 2017, a Rússia começou a diminuir sua presença militar na Síria, e a cidade de Astana, no Cazaquistão, sediou uma nova tentativa de negociações de paz entre rebeldes e o governo, mas as tratativas não avançaram. Em 30 de março, a Casa Branca diz que sua prioridade na Síria é combater o terrorismo, não derrubar Assad.

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Na semana seguinte, um ataque químico atribuído a Damasco matou mais de 80 pessoas na província de Idlib, dominada por rebeldes e pelo grupo terrorista Fatah al Shan, antiga Frente al Nusra e ligado à Al Qaeda. Na madrugada de 7 de abril, o presidente Donald Trump voltou atrás em sua postura sobre Assad e bombardeia a base militar de Shayrat, de onde teria partido a ação com armas tóxicas.

Em junho, a Opaq confirma o uso de gás sarin no ataque químico em Idlib. A própria ONU, em setembro, culpa o regime de Damasco pela operação. Em outubro, Raqqa, a “capital do EI na Síria”, é libertada. Um mês e meio depois, a Rússia declara a queda do grupo terrorista no país árabe.

Este ano de 2018 começou com a invasão da Turquia para combater grupos curdos em Afrin, no noroeste sírio, em 20 de janeiro. A ofensiva continua em curso e acontece paralelamente ao cerco de Assad e da Rússia para retomar Ghouta Oriental, enclave perto da capital ainda dominado por rebeldes – incluindo grupos ligados à Al Qaeda.

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Uma trégua de 30 dias imposta pela ONU no fim de fevereiro foi repetidamente violada, agravando a crise humanitária em Ghouta, que abriga cerca de 400 mil civis.

Povo Sírio

Estudantes sírios visitam crianças com câncer em tratamento./ Foto: Reprodução TV CN

Em meio a tantos conflitos, o povo é quem mais têm sofrido. Ayhan, morador de Damasco e membro da Associação Pró- Terra Santa afirma que a situação ainda é muito difícil: “Infelizmente a situação ainda é perigosa. Depois da decisão do Conselho de Segurança por parte das Nações Unidas de determinar trégua, a situação da população é complexa. Continuam as mortes em Damasco, prosseguimos em busca pela paz em meio a esta guerra.”

O setor da saúde é um dos mais prejudicados. A Organização Save The Children indica que entre julho de 2017 e janeiro de 2018 ocorreram pelo menos 82 ataques em hospitais, ambulatórios e ambulâncias da Síria.

Esta semana, um grupo de estudantes de um Centro de Educação de uma Paróquia Latina em Aleppo visitou a ala de crianças com câncer do Hospital Universitário da cidade e levou a elas um pouco de  alegria.

Prova de que mesmo em meio aos escombros de um país em guerra podem ressurgem sinais de esperança e solidariedade.

 

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