Dados rastreados

Facebook admite que coleta dados de quem está fora da rede

Em audiência junto aos deputados norte-americano, Mark Zuckerberg admitiu que coleta dados de quem está fora do Facebook

Da redação, com Agência Brasil

Em audiência junto à Comissão de Energia e Comércio da Câmara de Representantes dos Estados Unidos (órgão similar à Câmara dos Deputados brasileira), o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, admitiu que a plataforma coleta dados de quem está fora dela.

Zuckerberg foi convocado pela Comissão para discutir a responsabilidade da companhia na garantia de privacidade na internet, após os dados de 70 milhões de cidadãos estadunidenses terem sidos vazados por um desenvolvedor de aplicativos da empresa britânica de marketing digital Cambridge Analytica. Segundo um ex-funcionário, esta empresa teria usado essas informações para influenciar as eleições de 2016 a favor de presidente Donald Trump. O repasse foi revelado por jornais dos Estados Unidos e do Reino Unido em março.

O presidente do Facebook admitiu falhas com relação ao vazamento de informações e na interferência de contas russas também na eleição presidencial americana de 2016. Ele foi questionado por parlamentares sobre a coleta de registros de pessoas fora da plataforma, criando os chamados “perfis sombra”. “Você disse que todo mundo controla dados, mas você está coletando informações de pessoas que não estão nem cadastradas. O Facebook tem perfis de pessoas que nunca assinaram a plataforma?”, indagou o deputado Ben Luján. “Temos dados de pessoas não cadastradas por razão de segurança”, admitiu Zuckerberg.

A deputada Debbie Dengell citou como exemplo os botões de compartilhamento de textos pelo Facebook permitirem rastrear qualquer pessoa na internet. Ao perguntar quantos recursos semelhantes estão instalados em outras páginas fora do Facebook, Zuckerberg não soube responder.

O presidente da empresa foi questionado se o Facebook gravaria conversas pelos microfones dos celulares ― prática negada por Zuckerberg.

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Zuckerberg confirmou que dos usuários cadastrados são coletados não só registros do que é publicado e compartilhado, mas também atividades realizadas quando a pessoa não está logada na plataforma, como os sites visitados. Quando questionado sobre a razão dessa prática, justificou que esses procedimentos ocorrem “por razões de segurança” e para subsidiar a difusão de anúncios.

“Rastreamos algumas [informações de navegação] por questão de segurança e anúncios. Mesmo se a pessoa não está logada, rastreamos o que está acessando como medida de segurança. Nos anúncios, coletamos para que eles sejam mais relevantes. Mas há um controle, que a pessoa pode desligar”, disse.

Ao ser questionado se essa forma de funcionamento não implicaria uma violação da privacidade dos usuários, Zuckerberg respondeu que a proteção está na capacidade dos usuários de escolherem o que e para quem compartilham conteúdos. “Toda vez que alguém escolhe compartilhar algo, o app permite escolher se você quer compartilhar só com seus amigos ou público”.

Modelo de negócios

Os parlamentares quiseram saber se estaria disposto a mudar seu modelo de negócio, calcado na monetização de dados, para vender anúncios. Zuckerberg não se mostrou disposto, e por essa razão, recebeu críticas de diversos congressistas na audiência.

“Vocês mantêm dados. Há informações que as pessoas nem sabem que estão sendo geradas. Sua plataforma está virando um mix de entretenimento, rede social e manipulação”, disparou o senador Joe Kennedy.

Regulação

Diante da descrença de se manter privacidade, parlamentares defenderam legislações voltadas à garantia dos usuários. Durante o depoimento à Câmara, parlamentares também se manifestaram nesse sentido, e Zuckerberg admitiu a importância da plataforma ser regulada. Alguns congressistas informaram que apresentarão propostas e convidaram o fundador do Facebook para contribuir com o debate. Ele reiterou que não é contra a regulação, mas que é preciso discutir o conteúdo.

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