3 de fevereiro

Padre fala sobre o Dia de São Brás e explica bênção da garganta

Na pandemia, tradicional bênção da garganta será mantida, mas com cuidados

Denise Claro
Da redação

Dia de São Brás é celebrado nesta quarta-feira, 3./ Foto: Paróquia de São Brás

Nesta quarta-feira, 3, a Igreja comemora a Memória Litúrgica de São Brás. Nas paróquias, há a tradicional bênção contra os males da garganta, em que o sacerdote encosta no pescoço dos fiéis duas velas cruzadas.

O pároco da Paróquia São Brás em Madureira, no Rio de Janeiro, padre Bruno Borba, explica que a benção da garganta se dá como um sacramental. Duas velas utilizadas são bentas no dia anterior, na Festa da Apresentação do Senhor

“O simbolismo das velas em forma de cruz é para dizer que a cura não provém do santo, mas de Jesus, a luz do mundo, como dizemos na oração ‘livra-te Deus do mal da garganta’.”

O padre lembra que este sacramental não dispensa o serviço médico na vida do fiel, mas serve como suporte de fé mediante a cura desejada.

Cuidados na Pandemia

Padre Bruno Borba é pároco da Paróquia de São Brás, em Madureira (Rio)/ Foto: Paróquia de São Brás

Com a pandemia do novo coronavírus, neste ano as festividades e a tradicional bênção da garganta serão de forma diferente.

Na Paróquia São Brás, em Madureira, era costume ser realizado um evento a cada dia do novenário para reunir os fiéis. Neste ano, para respeitar a capacidade e o distanciamento social, foram celebradas somente as missas do novenário. Tais celebrações também foram transmitidas pelas mídias sociais da paróquia.

“Nelas, de forma especial, pedimos a intercessão de São Brás pela nossa cura física e espiritual, rezando uma semana de Cura interior.”, diz o padre.

No dia da festa, também serão celebradas mais missas. Ao todo, serão 10 missas durante o dia, para dar assistência a todos.

Já a tradicional benção da garganta seguirá a orientação da Arquidiocese do Rio. A paróquia pediu aos fiéis que levem duas velas, que serão bentas no próprio dia, e usadas por cada fiel no momento da bênção.

“Usando do testemunho do nosso padroeiro de cuidado e atenção à saúde do outro, iremos celebrar de forma responsável, porém digna, o dia do grande mártir São Brás.”, avalia o sacerdote.

Leia também
.: O que é ser um santo?
.: Papa no Regina Coeli: Santidade não é privilégio, mas a vocação de todos

Quem foi São Brás

São Brás foi um médico e também Bispo de Sebaste entre os séculos III e IV do cristianismo, na Armênia Bizantina (o que hoje é a Turquia). Sua conversão ao cristianismo se deu graças à caridade exercida na sua profissão de médico.

Viveu como eremita, cova no Monte Argeu. Diante da morte do antigo Bispo de Sebaste, e com a fama de santidade deste homem, o povo clamou que aquele eremita fosse seu pastor a conduzi-los a Deus. Assim, foi ordenado Bispo daquele lugar.

Viveu no tempo de perseguição do império Romano. Foi torturado e executado como mártir a mando do imperador Licinio por não renegar sua fé e por amar a Cristo e a Igreja mais que o mundo. Assim, em 316 ele foi martirizado, sendo degolado.

“A história de São Brás é popularmente conhecida justamente por conta do caminho do seu martírio. Ele encontra uma mãe aflita com seu filho no colo que desfalecia por causa de uma espinha de peixe na garganta. Seu amor ao próximo como médico, não só do corpo mas da alma (por ser bispo), fez com que ele parasse, olhasse ao céu e orasse a Deus clamando a cura daquela criança”, conta Padre Bruno.

Diante do milagre da cura da garganta daquela criança, São Brás é invocado como padroeiro da cura das doenças da garganta.

Leia também
.: Três passos para viver a busca pela santidade
.: A santidade de hoje
.: Construir a santidade no cotidiano

Amor e devoção

Cláudio dos Santos Junior e sua família frequentam a Paróquia de São Brás, em Madureira (Rio)/ Foto: Arquivo Pessoal

O secretário Cláudio dos Santos Junior sempre morou ao lado da Paróquia de São Brás e se tornou paroquiano. Ele conta que viveu experiências fortes com a intercessão do santo.

A primeira, quando tinha cinco anos de idade. “Após o horário da janta, havia pego no sono, mas acordei com a sensação de incômodo e um pouco de falta de ar. Estava com uma espinha de peixe atravessada em minha garganta. Meus pais correram comigo a um posto de saúde e minha mãe no trajeto clamava por “São Brás”. Ao chegar no posto, a espinha se soltou e desceu.”

Cláudio relata que a segunda experiência foi um mês antes de se casar. Descobriu uma lesão grave nas cordas vocais. Teria que fazer uma cirurgia 10 dias após o seu casamento, sem saber se conseguiria voltar a falar novamente.

“Após a cirurgia, ouvi do médico que eu não poderia mais trabalhar com a voz, que nunca mais iria voltar a cantar, que meu foco seria fazer fono para voltar a falar. Tive que passar por um deserto em minha vida. Aos poucos minha voz foi voltando, e pude voltar a falar e a cantar. Quando voltei ao médico, ele me disse que minhas cordas estavam normais, inteiras, restauradas. Tenho certeza de que foi a intercessão de São Brás.”

São Brás: Testemunho de amor a Deus

Padre Bruno conclui fazendo memória do exemplo que São Brás foi na Igreja e é hoje, no tempo presente.

“A vida de São Brás é um belo testemunho do amor a Deus, que é capaz de se visível no exercício do amor ao outro, sendo sinal de cura ao irmão mesmo que para isso tenhamos que dar nossa própria vida. Neste tempo de pandemia, São Brás é um verdadeiro patrono aos médicos, que precisam clamar a Deus a ação sobre aqueles que lhe são confiados a vida nos hospitais e ambientes de saúde.”

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo