MÃE DA DIVINA PROVIDÊNCIA

Nossa Senhora é modelo de abandono na graça de Deus, diz missionária

Celebrado em novembro, o título de Nossa Senhora da Divina Providência representa a intercessão da Virgem Maria a Deus diante das necessidades dos homens

Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: Arquivo

A Virgem Maria é conhecida por muitos títulos. Nossa Senhora da Imaculada Conceição, das Graças, das Dores; Nossa Senhora Aparecida, de Fátima, de Guadalupe. Cada um corresponde a uma devoção ligada a um aspecto da vida da Mãe de Jesus ou a alguma de suas aparições, que, à sua maneira, atende à necessidade dos fiéis que nela confiam.

Um destes títulos, comemorados no mês de novembro, está relacionado a uma das mais importantes passagens da vida de Jesus, quando Ele fez seu primeiro milagre publicamente, nas Bodas de Caná (cf. Jo 2, 1-11). Após o vinho da festa de casamento que Jesus participava acabar, Ele transformou água na bebida, evitando um grande constrangimento para os noivos.

Quem intercedeu para que esse milagre acontecesse foi Nossa Senhora. Percebendo a falta do vinho, ela se dirigiu a Jesus, relatando o que acontecera. Apesar de seu filho lhe responder que sua hora ainda não havia chegado, a Virgem Maria se voltou para os que estavam servindo e lhes disse “fazei tudo o que ele vos disser”.

Mãe da Divina Providência

Baseado nesta passagem, surgiu o título de Nossa Senhora da Divina Providência. A sua popularização se deu pela Ordem dos Padres Barnabitas, fundada por Santo Antonio Maria Zaccaria no século XVI.

Durante a construção de uma igreja, apesar da falta de recursos, nada faltou durante as obras. Os religiosos, que rezavam à Nossa Senhora da Divina Providência, atribuíram a ela este sucesso, por acreditar que ela providenciou tudo que era necessário.

Ir. Odir Teresinha, ibdp / Foto: Arquivo pessoal

Nos dias atuais, muitas pessoas também têm a devoção à Nossa Senhora da Divina Providência. De forma muito especial, as Irmãs Beneditinas da Divina Providência vivem esta dependência de Deus enquanto seu carisma, expresso pelo “confiante abandono na Divina Providência”.

Há 39 anos na Congregação, a Ir. Odir Teresinha Lópes de Brito, ibdp, indica que a chave para viver esta dependência é a fé. “A confiança inabalável em Deus nos leva a esperar tudo Nele, de maneira ativa, crendo que Ele está sempre conosco, provendo o que é necessário e bom para nós”, explica a religiosa.

Assim como nas Bodas de Caná, é Deus quem provê aquilo que falta. Contudo, Nossa Senhora também intercede junto a Ele, para que a graça seja derramada. “Ela é nossa amorosa mãe que cuida, protege e sempre está conosco. Ela é aquela que nos leva ao seu Filho Jesus, como mãe amável e atenciosa às necessidades dos seus filhos e filhas. Ela nos ajuda quando estamos em apuros, apresentando nossas necessidades a Jesus, ou quando queremos viver bem, para agradar a Deus”, conta a Ir. Odir Teresinha.

Confiança em Deus

Para ter a confiança necessária na Divina Providência, a religiosa dá alguns conselhos. O primeiro deles é manter a paz no coração, não agindo por impulsividade, mas mantendo sempre forte a esperança em Deus. Neste sentido, ela aponta como a Virgem Maria pode ajudar a viver desta forma.

“Ela é a rainha da paz, é a mãe de amor, que está diretamente ligada às ações de Deus na vida de cada pessoa e para com a toda a humanidade. Assim como o Pai Providente, ela nunca nos abandona e sempre cuida de nós, de nossas vidas e necessidades”, frisa a irmã beneditina.

Leia também
.: O Papa: Teresa de Lisieux indica o amor e a confiança na misericórdia

.: Cultura da providência é antídoto para a cultura da indiferença, diz Papa

Um dos momentos em que a Divina Providência se manifestou pela intercessão de Nossa Senhora na vida da religiosa foi durante uma doença que se manifestou há alguns anos. A Ir. Odir Teresinha relata que havia sido diagnosticada com um mioma – uma espécie de tumor uterino – e precisaria de uma cirurgia.

“Então comecei a rezar o terço, pedindo à Mãe da Divina Providência que intercedesse por mim. Em poucos dias realizei outro exame mais completo e, para a surpresa do médico e minha, não havia nada mais, nem a necessidade de cirurgia”, conta a irmã.

A Providência é para todos

Contudo, para além desta grande manifestação da Divina Providência, a religiosa afirma que ela também se mostra no dia a dia, “nas pequenas coisas, nas quais Deus me surpreende com sua providência, com respostas às minhas preces e súplicas”.

Da mesma forma, a Divina Providência não é algo reservado apenas aos religiosos, por exemplo. Trata-se do derramamento da graça de Deus, que alcança todos os Seus filhos. “Assim como a chuva cai indistintamente para todos, Deus age providenciando tudo o que é necessário para a vida de Seus filhos e filhas”, expressa a Ir. Odir Teresinha.

Exemplo deste cuidado do Pai com todos é a missionária da Comunidade Canção Nova Elane Freires. Enquanto membro da comunidade, ela já experimentava a Divina Providência em seu dia a dia, especialmente a partir do exemplo de Maria.

“Para nós, da Canção Nova, a Divina Providência vai além do material: ela está em tudo, permeando tudo em nossa vida, confirmando aquilo que são os desígnios do Senhor. Um coração abandonado em Deus pode experimentar grandes graças, e Nossa Senhora é esse modelo de uma mulher que se abandonou e experimentou graças elevadas”, declara a missionária.

Providência no casamento

Elane Freires e seu esposo, Joselio Pires, no dia de seu casamento / Foto: Arquivo pessoal

Assim como aconteceu nas Bodas de Caná, a Divina Providência, com a intercessão da Virgem Maria, se manifestou em um casamento. Elane casou-se com o também missionário da comunidade, Joselio Pires, em 21 de outubro do ano passado.

À época, o casal, que estava na missão da Canção Nova de São Paulo (SP), havia sido remanejado para Cachoeira Paulista (SP). Contudo, por conta de uma doença do pai de Elane, a família da noiva, de Fortaleza (CE), não poderia participar da cerimônia.

Diante disso, “nós tivemos que nos abandonar na Providência”, conta a missionária. E Deus não os deixou desamparados. Eles conseguiram que o casamento acontecesse em Fortaleza, mas precisaram confiar nos preparativos feitos pelos irmãos que estavam na capital cearense.

“A missão de Fortaleza nos acolheu, nos fez viver este desprendimento, mas nos contemplou com a sensibilidade do Senhor”, relata Elane. Ela, que se descreve como uma pessoa muito ligada aos detalhes, diz que se sentiu amada justamente neles, “em todos os detalhes em relação ao casamento”.

“Deus foi generoso em Sua misericórdia”, expressa a missionária, partilhando que “foi edificante para nós poder tocar neste mistério da graça de Deus, que nos alegra, nos coloca para a frente e nos faz experimentar graças superiores.”

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo