Igreja no Brasil

Dom Ruy Gonçalves: 10 Anos de um episcopado "com todo o coração"

Dom José Ruy Gonçalves Lopes foi o segundo bispo de Jequié (BA) e é o quinto bispo de Caruaru (PE)

Mauriceia Silva, da Redação

Foto: CNBB

Nesta quarta feira, 7, completam-se 10 anos desde que Dom José Ruy Gonçalves Lopes recebeu sua ordenação episcopal.  Tendo sido nomeado pelo Papa Bento XVI como Bispo Diocesano de Jequié aos 4 de Setembro de 2012, Dom Ruy foi agraciado com a ordenação episcopal aos 7 de setembro do mesmo ano.

Seu lema episcopal, Ex toto Corde, que significa com todo coração, diz do primado de Deus e da caridade, dentro do mandamento do amor, o imperativo do coração.  Quando questionado sobre o motivo do lema escolhido, Dom Ruy responde o seguinte:

“Entre as minhas incumbências de vigário paroquial estava todos os domingos celebrar o batismo, de novos fiéis de novos cristãos. E sempre acostumava usar também o evangelho de São Mateus, que o jovem rico pergunta a Jesus o que ele deveria fazer para alcançar a vida eterna. E Jesus lhe perguntava a respeito dos mandamentos: ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração'”.

O bispo de Caruaru explica que a partir dali decidiu que também este pequeno trecho da “shema”, oração judaica repetida por Jesus ao introduzir essa resposta ao jovem rico, seria seu lema de vida episcopal.

De toda a alma

“‘De todo o coração’, ‘Ex toto corde’ porque considero assim a doutrina da Igreja, que tudo para Deus deve ser feito de todo o coração, com toda a alma com todo o entendimento. Então não fazer apenas por um mero cumprimento formal somente pelo cumprimento ou observância de uma doutrina, mas acima de tudo por todo o coração”, observa o prelado.

O chamado de Dom Ruy ao sacerdócio se deu quando ainda cursava o Ensino Médio. Ao ouvir seus colegas discernirem sobre qual profissão escolher, dizia-lhes que queria algo que fosse muito maior do que uma profissão — embora não soubesse do se tratava este algo maior. 

“No curso de crisma sortearam um livro de São Francisco que caiu em minhas mãos e lá estava uma das passagens do evangelho de São Mateus que são Francisco mais gostava: ‘Nosso Senhor, pois quem quiser ser o maior torne-se o menor, quem quiser tornar-se grande no reino dos céus, seja pequeno aqui na Terra’. Ali eu encontrei a resposta”, recordou.

Até ser eleito bispo de Jequié, o fato de servir aos irmãos Capuchinhos Franciscanos, por “tantas e diversas modalidades”, desde porteiro de convento, motorista até ecônomo provincial, formador de pós-noviços e ministro provincial, foi o que marcou a sua vocação.

“Fui também pároco de uma grande periferia de Salvador, e ao mesmo tempo também era capelão do antigo leprosário de Águas Claras, também em Salvador. Tudo isso contribuiu para a minha escolha, ou era fruto da minha escolha para com a Ordem dos Capuchinhos, mas isso também desembocou na minha eleição a bispo de Jequié,  dez anos atrás”.

Nomeação para bispo de Caruaru

Sobre a nomeação como bispo de Caruaru, dom Ruy comenta que não esperava por isso. “Embora houvesse comentários que eu não ficaria tanto tempo na Diocese de Jequié, não esperava [a nomeação]. Mas fui surpreendido por um telefonema do senhor núncio apostólico, à época Dom Giovanni D’Aniello”.

Dom Ruy se lembra de que o núncio entrou em contato e comunicou que ele havia sido transferido pelo Santo Padre à diocese de Caruaru. Em seguida, perguntou qual seria a sua resposta.

“Respondi que sim, porque minha vida já havia entregue totalmente a Jesus Cristo e sua Igreja. Então, não teria outra resposta, muito embora tenha me custado muito sacrifício, muitas penitências, mas não poderia jamais desobedecer”, lembra-se.

Um pastor de inteireza

Segundo o sacerdote da Comunidade Canção Nova que atua na missão de Gravatá (PB), padre Sidney Dias, logo ao chegar à missão percebeu a inteireza de Dom Ruy. “E ao chegar à sacristia, ele já me chamou pelo nome, e foi muito atencioso, então a primeira coisa que eu preciso destacar é a inteireza de Dom Ruy. Ele estava inteiro ali na sacristia para me acolher e me acolheu com afeto de pastor e pai”, diz.

Segundo o padre, também na celebração eucarística o bispo deu a ele um recado especial, quando colocou a diocese à sua disposição.

Ele disse colocava a diocese local à minha disposição, mas o que esperava de mim não eram palavras bonitas, mas um testemunho de vida que ele acreditava que eu tivesse aprendido esse testemunho da escola de Jonas Abib, pois acreditava que na escola de Jonas Abib éramos capazes de testemunhar o evangelho”, afirma.

Radicalidade do Evangelho

Padre Sidney conta que Dom Ruy vive há dez anos no Episcopado sem a vida comunitária dos Capuchinhos, mas não perdeu a essência Capuchinha. “Simples, pobre, mas de uma radicalidade do evangelho impressionante. Então nem mesmo as insígnias episcopais tiram dele a simplicidade Capuchinha.”  

Segundo o frade Capuchinho da Província de Nossa Senhora da Piedade da Bahia e Sergipe, Frei Liomar, no período da sua vida conventual se percebia de forma notória a dedicação de Dom Ruy aos estudos e o empenho pela vida fraterna: “Sempre gozou da estima e admiração por parte dos nossos confrades”.

Para o Frade, Dom Ruy é um bispo do povo. “Ė notório que dom José Ruy é um homem educado e refinado pelo agir do espírito franciscano. Portador de tais qualidades ou ‘dons’ o fizeram um bispo com cheiro e próximo do povo, como solicita o Santo Padre”, aponta. 

Oração e novena pela beatificação de Dom Henrique Soares

Pode-se dar destaque a uma de suas ações importantes na diocese de Caruaru: ter oficializado a oração e novena pela beatificação de Dom Henrique Soares.

Dom Ruy revela  que a oração e a novena foram um clamor do povo de todo o Brasil, sobretudo daqueles de Caruaru que conheciam Dom Henrique, que o acompanhavam pelas redes sociais, ouviam suas pregações, suas catequeses. “Muitas pessoas não só pediram, mas algumas delas até haviam escrito ou composto algumas orações em favor da beatificação de Dom Henrique”.

Biografia

Dom José Ruy Gonçalves Lopes, foi Bispo da Diocese de Jequié, BA, até o dia 10 de julho de 2019.

Foi frade da Ordem dos Menores Capuchinhos e sacerdote há 25 anos, nasceu em Feira de Santana, BA,  no dia 06 de agosto de 1967, quando ali mesmo, aos 17, ingressou no seminário da mesma Ordem de Frei Damião, Padre Pio de Pietrecilna, São Félix, dentre outros. 

Exerceu na Igreja as funções de Pároco em Valéria e Capelão do Leprosário de Águas Claras de 1992 a 1995. Foi ecônomo da Província dos Capuchinhos da Bahia e Sergipe, formador de pós-noviços, reitor da Igreja da Piedade, ministro Provincial dos Capuchinhos de 2002 a 2007.

Foi também Vice-Presidente da Conferência dos Capuchinhos do Brasil (CCB), e membro do Conselho Presbiteral da Arquidiocese de Salvador.

Graduou-se em teologia pela Universidade Católica do Salvador de 1988 a 1993, e pós-graduou-se em teologia moral pela Faculdade Assunção da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo de 2007 a 2008.

Foi Diretor do Colégio Santo Antônio, em Feira de Santana, professor de bioética e Moral Social na Faculdade de Teologia de Feira de Santana. Também foi  Membro da Comissão Internacional para a Formação da Ordem dos Capuchinhos, em Roma.

Aos 04 de julho de 2012, foi nomeado pelo Papa Bento XVI, Bispo Diocesano de Jequié, e recebeu a ordenação episcopal no dia 07 de setembro do mesmo ano, na Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia.

 Teve como sagrante principal o Bispo de Salgueiro, Dom Magnus Henrique Lopes.

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