A POBRES E REFUGIADOS

Papa: a fé nos faz falar com a vida a linguagem da caridade

Francisco se encontrou com pobres e refugiados na Igreja de Santa Isabel da Hungria em meio às atividades de sua 41ª Viagem Apostólica

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa discursa a pobres e refugiados na Igreja de Santa Isabel da Hungria / Foto: Vatican Media via Reuters

Em mais um gesto de sua atenção com os mais carentes da sociedade, o Papa Francisco convida a falar a linguagem da caridade. Esta foi a ênfase de seu discurso ao se encontrar, neste sábado, 29, com pobres e refugiados na Igreja de Santa Isabel da Hungria, em Budapeste. Este foi mais um compromisso de sua 41ª viagem internacional. 

Francisco foi recebido pelo pároco da igreja e pelo presidente da Cáritas Hungria, Dom Antal Spányi, que também é bispo de Székesfehérvár. Após as palavras de boas-vindas dadas pelo religioso ao Pontífice, uma família greco-católica, uma família de refugiados ucranianos e um diácono e sua esposa deram seus testemunhos.

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O Papa iniciou seu discurso indicando, primeiramente, que os pobres estão no coração do Evangelho. Segundo Francisco, Jesus veio anunciar a Boa Nova aos pobres (cf. Lc 4, 18), que constituem um grande desafio para que os cristãos não caiam em um “egoísmo espiritual”. “A verdadeira fé, ao contrário, é aquela que incomoda, que arrisca, que leva ao encontro dos pobres e nos torna capazes de falar com a vida a linguagem da caridade”, destacou.

Como exemplo, Francisco se voltou à santa cujo nome a igreja recebe. Segundo ele, Santa Isabel da Hungria soube, apesar de ter nascido filha de um rei e em meio ao conforto da vida na corte, falar a língua da caridade. “Assim, não só gastou os seus bens, mas também a sua vida a favor dos últimos, dos leprosos, dos doentes até o ponto de tratar deles pessoalmente e carregá-los às costas. Esta é a linguagem da caridade”, explicou o Pontífice.

Acolher a todos

Na sequência, o Papa falou sobre o testemunho de Brigitta, primeiro dos apresentados a ele durante o encontro. Ela havia falado sobre todo o seu esforço em sustentar seus filhos, mas que, no momento mais dramático, foi Deus quem a socorreu, por meio da igreja greco-católica, cujos irmãos se apressaram em ajudá-la. Francisco então comentou que “Ele, que escuta o clamor de quem é pobre, (…) quase nunca resolve os nossos problemas lá do alto, mas aproxima-Se com o abraço da sua ternura inspirando a compaixão de irmãos que se apercebem e não ficam indiferentes”.

Neste sentido, o Pontífice agradeceu à Igreja na Hungria por se esforçar em criar uma rede ligando muitos agentes pastorais, comunidades, grupos de oração e organizações de outras confissões, “unidas na comunhão ecumênica que brota precisamente da caridade”. O Papa também destacou o acolhimento aos refugiados da Ucrânia, inspirado pelo testemunho de Oleg que, anos atrás, recordou como foi recebido no país junto à sua família.

“A vossa ‘viagem rumo ao futuro’ – um futuro diferente, longe dos horrores da guerra – na verdade começou com uma ‘viagem na memória’, porque Oleg recordou o caloroso acolhimento recebido na Hungria há alguns anos (…) A lembrança do amor recebido reacende a esperança, encoraja a empreender novos caminhos de vida. Com efeito, mesmo na tribulação e no sofrimento, encontra-se coragem para continuar quando se recebeu o bálsamo do amor: e esta é a força que ajuda a acreditar que nem tudo está perdido e que é possível um futuro diferente,” indicou Francisco.

É preciso fixar os olhos e tocar

Por fim, o Papa falou sobre o testemunho de Zoltàn e Anna, sua esposa. Diante da realidade de muitas pessoas sem ter onde morar, pelos mais diversos motivos, o casal foi movido pelo Espírito Santo a construir um centro para acolhê-las. Um local onde encontrassem não apenas pão, água e teto, mas realmente fossem ouvidas e respeitadas, tratadas com dignidade.

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“Isto vale para toda a Igreja: não basta dar o pão que alimenta o estômago, é preciso nutrir o coração das pessoas! A caridade não é mera assistência material e social, mas preocupa-se com a pessoa inteira e deseja reerguê-la com o amor de Jesus: um amor que ajuda a readquirir beleza e dignidade”, exortou o Santo Padre.

O Papa Francisco prosseguiu e alertou: para agir com verdadeira caridade, é preciso fixar os olhos, tocar. É com esse contato que se inicia um caminho com a pessoa assistida, que faz compreender como quem ajuda também é necessitado do toque, do olhar do Senhor. “Quando vos empenhais em levar o pão aos famintos, o Senhor faz florescer a alegria e perfuma a vossa existência com o amor que dais”, finalizou.

A viagem continua

Ainda hoje, o Santo Padre terá um encontro com os jovens no estádio “Papp László Budapest Sportaréna”. Este evento será exibido pela TV Canção Nova às 17h30, pelo horário de Brasília. Depois, se reunirá, de forma privada, com os membros da Companhia de Jesus na nunciatura apostólica.

Neste domingo, 30, último dia da visita, o Papa presidirá a Missa na Praça Kossuth Lajos. A celebração será transmitida ao vivo pela TV Canção Nova a partir das 4h, pelo horário de Brasília. Um último evento antes de deixar a Hungria será o encontro com o mundo universitário e da cultura, que a TV Canção Nova exibirá às 13h.

Após a cerimônia de despedida, Francisco encerra sua 41ª viagem apostólica internacional.

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