Dia dos Avós

Avós contam como estão vivendo o distanciamento no tempo de pandemia

Dia dos avós é comemorado neste domingo, 26, dia de São Joaquim e Sant’Ana

Denise Claro
Da redação

Dia dos Avós é comemorado neste domingo, 26./ Foto: Denise Claro

Neste domingo, 26, a Igreja celebra o dia de São Joaquim e Sant’Ana. Também nesse dia celebra-se o Dia dos Avós. Joaquim e Ana, segundo a Tradição, eram os avós de Jesus, pais de Nossa Senhora. A devoção a esses santos acontece desde o século VI.

Nos últimos anos, os avós têm recebido uma atenção especial, particularmente no pontificado do Papa Francisco, que volta e meia fala sobre a importância do cuidado com os idosos da família, em como eles são importantes na transmissão da fé e nos tesouros que trazem consigo para as novas gerações. Em alguns encontros, o Pontífice fala aos avós sobre sua missão. Em outros, dirige-se aos jovens, lembrando a estes que têm muito o que aprender com seus antepassados.

Francisco afirma que os avós na família são os depositários e, muitas vezes, testemunhas dos valores fundamentais da vida.

“Aos avós que receberam a bênção de verem os netos, foi confiada a tarefa de transmitir a experiência de vida, a história da família, e partilhar com simplicidade a sabedoria e a fé, que é a herança mais preciosa”, diz o Papa. “Bem-aventuradas as famílias que têm os avós próximos! Os avós sonham quando os netos vão em frente, e os netos têm coragem quando pegam as raízes dos avós”.

.: Recorde frases do Papa Francisco sobre a importância dos avós

Pandemia

Neste ano, por conta da pandemia de coronavírus, as famílias precisaram ter um cuidado maior com os idosos, grupos de risco. Com isso, muitos são os netos que estão, há meses, distantes de seus avós, sem poder beijá-los e abraçá-los.

Neuza Marques com o esposo Jorge e a neta, Alícia./ Foto: Arquivo Pessoa.

Neuza Marques é avó de Alícia, que vai completar dois aninhos. Moram em estados diferentes, mas quando a pandemia começou, estavam juntas, na casa da neta, em Blumenau. “Cheguei a aproveitar quinze dias com ela, mas tive que voltar, e, desde então, não a vi mais. Havia me programado para visitá-la três vezes neste ano. A saudade é uma palavra difícil de explicar.”

Neuza diz que entende que o mais importante é todos estarem bem e seguros neste momento, e conta que ela e a filha buscam, na criatividade, a saída para a distância: “Telefone, chamada de vídeo, vale tudo. Mas falar sem poder tocar, apertar em meus braços, é muito doído. A parte mais difícil não é a saudade, mas sim vê-la me indagar com os olhinhos, muito séria, me fitando: por que você não está aqui? Aí o coração parte. Eu contava historinha, brincava de esconder, de pegar, agora não quer mais, só nos olha. Como explicar a uma criancinha que nem fala direito ainda que tem um vírus invisível, por isso não posso tocá-la?”

A vovó Angela com a neta, Laura./ Foto: Arquivo Pessoal

Angela Castro mora na mesma cidade da neta, mas por serem grupo de risco também estão em distanciamento social. “Além de estar longe da minha neta Laurinha, a bisa, Laura, também está. Estamos todos separados nesta pandemia.” A filha solteira, da área médica, precisou sair de casa também por atenção a eles. “Ficamos só nós, eu e meu esposo. Esse distanciamento é necessário, por amor, em breve nos encontraremos, mas a saudade é muito grande!”

Angela ressalta o amor que tem pela neta, e que ser avó mudou sua vida: “Minhas amigas falavam, mas eu não imaginava que era um amor tão grande, sem explicação. Nessa pandemia, é muito difícil perder esse desenvolvimento dela, o contato diário, pois está sendo virtual. Agradeço, todos os dias, a oportunidade de ser avó, é maravilhoso! Esperamos que tudo passe, sabemos que vamos ter uma vida diferente, com novos hábitos, e para nós está sendo um aprendizado muito grande.”

Presente

Pedro Vilela, com sua avó Odete./ Foto: Arquivo Pessoal

Na contra-mão do isolamento, Pedro Vilela, de 13 anos, ganhou um presente. Também por conta da pandemia e do cuidado necessário com os idosos, sua família decidiu por trazer a avó Odete, de 94 anos, para casa. Dona Odete morava na Zona Sul do Rio com o filho. Como os casos começaram nesta região, a opção da família foi proteger a avó de 10 netos na casa de outra filha, mãe de Pedro.

“Minha avó veio para a minha casa no início da pandemia. Eu sempre a amei muito, a visitava antes, mas era sempre uma hora ou duas com ela. Agora tenho minha avó inteira para mim!”, diz Pedro.

O adolescente diz que se sente um privilegiado neste momento em que a maioria dos netos vive a saudade.

“Minha avó é uma pessoa muito sábia. E eu estou podendo desfrutar da companhia dela. Está sendo um tempo de muitas descobertas. Estou conhecendo mais minha avó, sabendo melhor quem ela é. Estou valorizando muito ter minha avó por perto. Nós netos devíamos dar uma atenção especial aos nossos avós, porque eles se sentem solitários. Mesmo quem está à distância deve demonstrar carinho, porque eles merecem.”

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