Solenidade da Igreja

Corpus Christi: Carlo Acutis é exemplo de devoção à Eucaristia, diz padre

No dia que a Igreja celebra a solenidade de expressão pública da fé católica na Eucaristia, diretor espiritual do movimento Devotos de Carlo Acutis recorda devoção do futuro santo

Julia Beck 
Da Redação

Celebração de Corpus Christi do ano passado na Canção Nova; Beato Carlo Acutis /Foto: Canção Nova/ Associação de Amigos de Carlo Acutis

Conhecido como “ciberapóstolo da Eucaristia”, Carlo Acutis “era todo eucarístico”, afirma o diretor espiritual do movimento Devotos de Carlo Acutis (DCA) no Brasil, padre Francisco Fábio da Costa Vieira. Nesta quinta-feira, 19, Solenidade de Corpus Christi, o presbítero reflete sobre como a relação com o Corpo de Cristo e o testemunho que o jovem deu ao mundo podem servir de inspiração para os católicos viverem com maior intensidade este momento de expressão pública da fé na Eucaristia.

Segundo padre Fábio, aos sete anos de idade, o beato (em breve santo), ao comungar pela primeira vez, viveu um grande “divisor de águas” em sua vida. A partir desta primeira experiência, ele elaborou um projeto de vida: estar sempre com Jesus.

Dentro do projeto, Carlo fez o propósito de jamais deixar de ir à missa e de adorar ao Santíssimo Sacramento, antes ou depois da missa. “Ele entendeu que a Eucaristia era a via mais rápida para chegar ao céu. Porque dentro do seu projeto de vida, ele estabeleceu uma meta. (…) A meta era o infinito. O infinito é Deus, o infinito é o céu”.

Corpus Christi

A Solenidade de Corpus Christi e a tradicional procissão evidenciam o “grande milagre” que acontece todos os dias, a Eucaristia. “É o Deus que quis continuar nos amando de dentro para fora, por isso é alimento”, refletiu o presbítero.

Este único dia do ano em que o Santíssimo Sacramento sai às ruas, padre Fábio acredita que é uma oportunidade para os católicos expressarem sua fé na Eucaristia de forma visível, não somente com palavras ou orações íntimas.

“Amar é mostrar isso também em atitudes, em gestos concretos. E essa procissão, esse momento, desde as confecções dos tapetes – forma bonita de piedade, de devoção à Eucaristia, (…) o próprio trajeto da procissão, onde de forma muito piedosa as pessoas acompanham o Santíssimo Sacramento de forma muito devocional (…), são formas de manifestar o nosso amor a Jesus Eucarístico. Ou seja, eu saio das palavras e mostro em gestos concretos”, disse.

Origem

A celebração de Corpus Christi surgiu em Liége, Bélgica, no século XII, por meio de Santa Juliana de Monte Cornillon (ou Juliana de Liége). A santa, que tinha grande veneração ao Santíssimo Sacramento, teve uma visão da Igreja sob a aparência de lua cheia com uma mancha negra, que significava a ausência dessa solenidade.

A notícia da visão de Juliana chegou ao Papa Urbano IV. Naquela época, o Pontífice tinha a corte em Orvieto. Perto dali, em Bolsena, no ano de 1263 ou 1264 aconteceu um milagre eucarístico. Após o episódio, movido também pela petição de vários bispos, Papa Urbano promulgou a bula “Transiturus“, fixando a festa de Corpus Christi para a quinta-feira depois da oitava de Pentecostes e outorgando muitas indulgências.

Papa Clemente teve um importante papel na propagação da festa. No Concílio Geral de Viena (1311), ele reforçou a adoção desta festa. Em 1317, João XXI fez uma recopilação de leis e a festa foi estendida a toda a Igreja. No entanto, foi a partir do Concílio de Trento (em 1.500) que a festa passou a ser celebrada com singular veneração e solenidade.

Carlo e os Milagres Eucarísticos

O Milagre de Bolsena, que aconteceu no tempo do Papa Urbano IV, está entre os muitos milagres catalogados pelo beato Carlo Acutis em vida. A história aconteceu com um sacerdote que celebrava a Santa Missa em Bolsena. Ele teve dúvidas de que a Consagração fosse algo real. No momento de partir a Sagrada Forma, viu sair dela sangue. Após o milagre, a venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 junho de 1264.

Padre Fábio afirma que a iniciativa de Acutis de pesquisar, catalogar e criar uma exposição dos milagres eucarísticos é um grande presente e legado deixados por ele. “Carlo, para fazer com que as pessoas compreendessem o grande valor que é a Eucaristia, e tê-la como centro de suas vidas, (…) quis dizer para todo mundo: ‘olha, está aqui, é concreto’”, indicou.

Muitos dos milagres pesquisados e divulgados por Carlo não eram de conhecimento do sacerdote. “Não sabia que existiam tantos. Carlo encontrou quase 200 deles. Tudo isso para tentar dizer a todos, de forma mais visível e concreta, que a Eucaristia é a nossa alta estrada para o céu”, frisou. Deste modo, o presbítero enfatiza que os milagres eucarísticos indicam que Jesus está ali, presente para todos, o Pão vivo que desceu do céu.

Canonização

O ciberapóstolo da Eucaristia será canonizado em 7 de setembro, o anúncio foi feito no dia 13 de junho durante a realização do Consistório Ordinário Público com o Papa Leão XIV. Padre Fábio comenta que a expectativa agora é para que o futuro santo seja considerado “patrono da internet”. Isso porque, de acordo com o sacerdote, Carlo mostrou que é possível usar essa plataforma e fazer uma experiência de santidade.

“Enquanto muitos usam para outros fins, que não são os fins do bem, do amor”, Carlo mostrou que é possível “fazer um caminho diferenciado” e “um caminho que leva ao céu utilizando a internet”, disse o presbítero.

Padre Fábio recorda que durante o processo de beatificação e canonização de Carlo, o Vaticano teve acesso ao notebook pessoal de Carlo e nada ali foi encontrado que desabonasse a sua pureza.

“Acredito que, com a canonização do Carlo, os jovens terão como referência de santo um jovem do nosso tempo, que morreu em 2006, e que fez um caminho de santidade apenas com 15 anos, tendo a Eucaristia como via expressa para o céu”.

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