Durante homilia, na Solenidade de Pentecostes, o Pontífice ressaltou que o Espírito Santo abre fronteiras, derruba os muros e dissolve o ódio
Da Redação, com Vatican News

Foto: Remo Casilli by Reuters
Neste domingo, 8, a Igreja Católica celebra a Solenidade de Pentecostes. Em Roma, a Praça de São Pedro esteve repleta de peregrinos que participaram da Santa Missa presidida pelo Papa Leão XIV. Durante a homilia, o Pontífice enfatizou que o Espírito Santo abre fronteiras nas relações humanas.
Celebrando um mês de pontificado, o Santo Padre exortou os fiéis presentes a abrirem as fronteiras do coração por meio do Espírito Santo e recordou os predecessores Bento XVI e Francisco.
Abrir as fronteiras
Utilizando as palavras de Santo Agostinho, o Papa recordou que este é o dia em que, depois de sua ressurreição e depois da glória de sua Ascensão, Jesus Cristo Nosso Senhor enviou o Espírito Santo (Santo Agostinho, Sermão 271, 1).
“Um dom que realiza algo extraordinário na vida dos Apóstolos, ajudando a interpretar a morte de Jesus e dando força e coragem para sair ao encontro de todos para anunciar as obras de Deus”, frisou.
Na festa de Pentecostes, Leão XIV recorda que nas palavras de Bento XVI em 2005, as portas do cenáculo se abrem porque o Espírito abre as fronteiras. E de onde o Pontífice parte a sua meditação do dia.
“O Espírito abre as fronteiras principalmente dentro de nós. É o Dom que desvela a nossa vida para o amor. E essa presença do Senhor desfaz a nossa dureza, o nosso fechamento, o egoísmo, os medos que nos bloqueiam e o narcisismo que faz-nos rodar apenas em torno de nós mesmos. O Espírito Santo vem para desafiar, em nós, o risco de uma vida que se atrofia, sugada pelo individualismo”, ressaltou.
O Santo Padre refletiu sobre o individualismo que a sociedade atual tem vivenciado. “É triste observar como num mundo onde se multiplicam as oportunidades de socialização, corremos o risco de ser paradoxalmente mais solitários, sempre conectados, mas incapazes de ‘fazer redes’, sempre imersos na multidão, mas permanecendo viajantes perdidos e solitários. O Espírito de Deus, em vez disso, abre ao encontro com nós mesmos, para além das máscaras que usamos; conduz ao encontro com o Senhor”, afirmou.
Abrir as fronteiras das relações
Leão XIV também ressaltou sobre os relacionamentos. “O Espírito, além disso, abre as fronteiras também nas nossas relações. E com aquele mesmo amor de Deus que habita em nós, tornamo-nos capazes de nos abrir aos irmãos, de vencer a nossa rigidez, de superar o medo em relação ao que é diferente”, disse o Pontífice.
Segundo o Pontífice, o Espírito transforma aqueles perigos mais ocultos que envenenam as relações, como os mal-entendidos, os preconceitos, as instrumentalizações.
“Penso também, com muita dor, em quando uma relação é infestada pela vontade de dominar o outro, uma atitude que frequentemente desemboca na violência, como infelizmente demonstram os numerosos e recentes casos de feminicídio”, frisou.
O Papa também destacou a maturidade nos relacionamentos como fruto do Espírito Santo.”Ele faz amadurecer em nós os frutos que nos ajudam a viver relações verdadeiras e boas”, alertou.
Leão XIV também exortou os fiéis a alargarem as fronteiras com o auxílio do Espírito. “Só somos verdadeiramente a Igreja do Ressuscitado e discípulos de Pentecostes se entre nós não houver fronteiras nem divisões, se na Igreja soubermos dialogar e nos acolher mutuamente, integrando as nossas diversidades, e se, como Igreja, nos tornarmos um espaço acolhedor e hospitaleiro para todos”, exortou.
Abrir as fronteiras entre os povos
Por fim, o Pontífice pontuou que o Espírito abre as fronteiras também entre os povos. “Em Pentecostes, recordamos a importância de nos colocarmos em caminho, na fraternidade, já que o Sopro divino une os nossos corações e nos faz ver no outro o rosto de um irmão”, afirmou.
“Em vez de divisão e conflito, preconceito e lógica de exclusão, discórdia e indiferença, como observou Francisco em 2023, o Espírito rompe fronteiras e derruba os muros da indiferença e do ódio, como as próprias guerras, por um tesouro comum”, sublinhou.
O Santo Padre encerrou convidando os fiéis a clamarem o Espírito Santo. “Invoquemos o Espírito do amor e da paz, a fim de que abra as fronteiras, derrube os muros, dissolva o ódio e nos ajude a viver como filhos do único Pai que está nos céus. Irmãos e irmãs, é Pentecostes que renova a Igreja, renova o mundo! Que o vento vigoroso do Espírito desça sobre nós e em nós abra as fronteiras do coração, dê a graça do encontro com Deus, amplie os horizontes do amor e sustente os nossos esforços pela construção de um mundo onde reine a paz”, concluiu.