Celebrações no Santuário de Fátima começam na véspera com vigília de oração na Capelinha das Aparições
Da redação, com Santuário de Fátima
Nesta quinta-feira, 4, o Santuário de Fátima, em Portugal, vai assinalar o centenário da morte de São Francisco Marto, com um programa especial.
As celebrações terão início no dia anterior, com uma vigília de oração, com início às 21h30 (hora local), com a recitação do terço na Capelinha das Aparições. Em seguida, haverá uma procissão para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, onde terá lugar à veneração diante do túmulo de São Francisco Marto.
No dia 4, a programação começará com a oração do terço às 10h (hora local), na Capelinha das Aparições, seguindo-se a procissão, às 10h45, para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima com o ícone de São Francisco Marto, onde terá lugar a Missa Votiva dos Pastorinhos de Fátima.
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Às 14h, será a leitura da Quarta Memória das Memórias da Irmã Lúcia, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Uma hora depois haverá Adoração Eucarística no mesmo local. Às 16h30 o Recinto de Oração também será lugar para a leitura da referida Quarta Memória. Uma hora depois, na Capela do Santíssimo Sacramento, celebram-se vésperas solenes.
A partir desta quinta-feira, será distribuída um folhetinho comemorativo do centenário da morte do Francisco, que será disponibilizada exclusivamente na casa dos pastorinhos, Francisco e da Jacinta, em Aljustrel, até ao fim do ano pastoral. Estará disponível nos sete idiomas oficiais do Santuário de Fátima.
Ainda neste dia, os peregrinos que passarem pelo quarto do vidente, terão a oportunidade de escutar o trecho com a narração da morte do Francisco, retirado das Memórias da Irmã Lúcia. O túmulo do pequeno pastor, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, a partir do dia em que se assinala o centenário da sua morte, até ao final do ano pastoral estará solenizado de forma especial.
No dia 7 de abril, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário acolherá o Concerto Comemorativo do Centenário da Morte de São Francisco Marto, pelas 15h30, pelo Grupo Vocal LUSIOVOCE, com direção de Clara Alcobia Coelho.
Santidade de Francisco
O responsável pelo Departamento para Acolhimento de Peregrinos, Pedro Valinho Gomes, considera que “100 anos depois da morte do Francisco, recordá-lo tendo em conta que ele foi canonizado em 2017, é recordar à Igreja uma característica fundamental da santidade cristã, que é a abertura ao absoluto”.
“O Francisco era um menino do absoluto, centrado naquilo que é o essencial da vida”, reitera o teólogo e antigo assessor da Postulação para a Causa da Canonização do Francisco e Jacinta Marto.
Depois das aparições, o Francisco “compreende perfeitamente que a vida que tem, lhe é dada para ser gasta numa relação que valha a pena, e ele encontra essa relação com Deus”, e por isso é que o pequeno pastor “procura o silêncio, por isso é que ele é um menino contemplativo, por isso é que ele tem uma relação especial com a criação, porque na criação ele encontra o Criador, no silêncio ele encontra aquilo que se lhe revelou em silêncio”.
O Francisco não ouvia aquilo que dizia Nossa Senhora e o Anjo, e portanto, “ele aposta toda a sua breve vida, na entrega total ao Criador”.
Segundo o responsável, “assinalar esta data é assinalar o seu segundo nascimento, o nascimento definitivo para o absoluto, e é recordar à Igreja isto mesmo, que podemos fazer muito, porque podemos e devemos apostar tudo o que somos na entrega aos outros, mas isto só faz sentido na medida em que na base tem de estar uma relação com Deus e é isto que o Francisco nos ensina”.
O Santuário de Fátima “tem uma responsabilidade de oferecer aos peregrinos o conteúdo catequético da mensagem aqui deixada aquelas três crianças, e essa mensagem não é apenas o resultado daquilo que ouviram, é também o seu exemplo de vida”.
“Podemos aprender e viver esta mensagem através do programa celebrativo preparado especialmente para este dia, um programa para olhar o Francisco, mas olhar através do Francisco”, conclui Pedro Valinho Gomes.
Também a Fundação Francisco e Jacinta Marto vai assinalar esta efeméride com uma iniciativa intitulada “Entre-Luz – Encontros de espiritualidade e cultura na Casa das Candeias”, inspirado na experiência dos Pastorinhos na aparição de maio.
Este primeiro encontro cultural e de aprofundamento da espiritualidade de Fátima e dos Santos Francisco e Jacinta, com uma abordagem multidisciplinar, está marcado para as 21h00, tem como mote “O que se ouve no silêncio?” e vai refletir sobre a vida de Francisco Marto. Os oradores serão Ângela de Fátima Coelho, asm, e Pedro Valinho Gomes.
Uma vida breve e intensa
São Francisco Marto, cuja iconografia o apresenta de carapuço na cabeça e jaleca curta, com o cajado e o saco do farnel ao pescoço, nasceu em 11 de junho de 1908 e foi batizado em 20 de junho na Igreja Paroquial de Fátima.
Com apenas 8 anos de idade, começou, com a sua irmã Jacinta, a pastorear o rebanho dos seus pais pela zona da Cova da Iria, local onde, juntamente com a prima Lúcia, viriam a testemunhar as Aparições, durante as quais podia apenas ver, sem ouvir ou falar.
Levado pelo desejo íntimo de consolar o coração de Jesus, pois afirmava que queria dar alegria a um Deus que estava triste com os agravos ao Seu coração, Francisco viveu intensamente a oração contemplativa. Para isso, passava horas seguidas em oração em frente ao sacrário, na Igreja Paroquial de Fátima, quando a prima e a irmã iam para a escola.
A 18 de outubro de 1918, pouco mais de um ano depois da última Aparição, Francisco adoece, vítima da epidemia da gripe pneumônica que assolou o país, também conhecida por gripe espanhola, a doença que chegara a Portugal no meio desse ano e, em pouco tempo, causou a morte de dezenas de milhares de pessoas.
A 2 de abril do ano seguinte, confessa-se e recebe a comunhão pela última vez “com uma grande lucidez e piedade”, como escreve o pároco de Fátima no Livro de Óbitos, ao registar a sua morte, em 4 de abril, acrescentando: “E confirmou que tinha visto uma Senhora na Cova da Iria e Valinho”.
Foi sepultado no cemitério de Fátima, de onde os seus restos mortais foram exumados, em 17 de fevereiro de 1952, e trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em 13 de março de 1952, repousando no braço direito do transepto.
Francisco e a irmã Jacinta foram canonizados no Santuário de Fátima, a 13 de maio de 2017, durante a Missa da primeira Peregrinação Internacional Aniversária do Centenário das Aparições, presidida pelo Papa Francisco, tornando-se assim nos mais jovens santos não-mártires da história da Igreja Católica.
A canonização tinha sido aprovada a 23 de março, quando o Vaticano anunciou que o Papa Francisco reconhecera o milagre atribuído a Francisco e Jacinta, última etapa do processo, iniciado há 65 anos.
O reconhecimento de um milagre realizado por sua intercessão depois da beatificação é um processo da competência da Congregação para a Causa dos Santos, regulado pela Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister , promulgada por João Paulo II em 1983.
No processo de Francisco e Jacinta Marto, foi aceite como milagre a cura milagrosa de Lucas, uma criança brasileira de cinco anos, que caiu de uma janela, a uma altura de 6,5 metros no dia 3 de março de 2013, ficando em coma, com perda de tecido cerebral no lóbulo frontal direito.
A oração da família e das irmãs do Carmelo de Campo Mourão, no Brasil, pedindo a intercessão de Francisco e Jacinta, resultou na cura total de Lucas, fato que os médicos não conseguem explicar.