Genebra

Santa Sé pede cooperação internacional e solidariedade com os refugiados

Subsecretária do setor multilateral da Seção das Relações com os Estados da Secretaria de Estado Vaticano participou da 71ª Comissão Executiva do Programa do Acnur

Vatican News

“Fortalecer a cooperação internacional e a solidariedade aos refugiados e comunidades de acolhimento através de uma partilha mais justa dos encargos”. Foi o que disse a subsecretária do setor multilateral da Seção das Relações com os Estados da Secretaria de Estado Vaticano, Francesca Di Giovanni, durante a 71ª Comissão Executiva do Programa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), em Genebra, na Suíça, nesta terça-feira, 6. A representante vaticano participou através de videoconferência como chefe da Delegação da Santa Sé.

Migrantes e refugiados “trabalhadores essenciais”

“Não podemos deixar que a proximidade geográfica de um Estado em situações de crise seja o único fator que determina a nossa responsabilidade partilhada, nem podemos esquecer que os talentos e competências dos refugiados são um recurso precioso”, disse Francesca.

A esse propósito, a dra. Di Giovanni recordou os vários migrantes e refugiados que, durante o confinamento por causa da pandemia da Covid-19, provaram ser “trabalhadores essenciais”: “É importante que a sua contribuição em termos de competências seja reconhecida. Os refugiados podem e devem fazer parte da solução”, disse. Ao mesmo tempo, a representante da Santa Sé exortou “a reconhecer a inestimável contribuição dos trabalhadores humanitários, incluindo as numerosas organizações religiosas que oferecem hospitalidade e assistência na linha de frente”.

A subsecretária indicou cinco “pontos principais”: primeiro, a necessidade de “promover e proteger os direitos fundamentais de todos os migrantes e refugiados”, porque especialmente em tempos de pandemia “algumas regras básicas” a esse respeito foram ignoradas e até minadas, em particular o direito de buscar asilo e o princípio cardinal de não-rejeição”.

Responsabilidade partilhada

Em segundo lugar, a referência à “cooperação autêntica dentro da Comunidade internacional sobre o deslocamento interno”: é preciso “uma abordagem mais coerente” sobre este ponto, salientou Francesca, uma abordagem “ancorada na responsabilidade partilhada”, a fim de “garantir proteção eficaz, obter soluções duradouras e salvar vidas”.

Foi central a reflexão sobre os campos de refugiados que “devem permanecer como deveriam ser, ou seja, soluções temporárias para uma emergência”, disse a subsecretária. Em vez disso, cada vez mais há “superlotação e condições de segurança, vida e saúde precárias. Esta é uma preocupação realmente urgente que merece toda a nossa atenção”, reiterou Francesca. Ela chamou também a atenção “para os abusos dos direitos humanos e as condições deploráveis vividas por migrantes e refugiados detidos na Líbia”: é necessário “apoiar os esforços para transferi-los para países terceiros seguros onde seus pedidos de asilo sejam tratados num tempo ligeiro”.

Importância do acesso à educação

A essencialidade do acesso à educação foi o quarto ponto fundamental destacado pela representante vaticano. Segundo ela, adotar políticas que “invistam nos jovens refugiados e na educação contínua é de importância crítica”. É também “uma forma de proteger as crianças do tráfico de pessoas, do trabalho forçado e de outras formas de escravidão”.

Como quinta e última sugestão, a subsecretária lembrou “a necessidade de expandir o número e a gama de percursos jurídicos alternativos para o reassentamento seguro e voluntário” de migrantes, fornecendo “vistos temporários especiais para refugiados em situações particularmente vulneráveis” e incluindo “a garantia do direito de todos de viver e prosperar com dignidade, na paz e segurança em seus países de origem”. “Assim como estamos comprometidos com o combate à pandemia da covid-19, devemos nos comprometer, com a mesma convicção para enfrentar as causas radicais da migração forçada”, a fim de encontrar “soluções duradouras baseadas no multilateralismo eficaz, centrado na pessoa humana”, concluiu Francesca.

 

 

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