ANIVERSÁRIO

Santa Sé e Reino Unidos celebram 40 anos de relações diplomáticas

Uma missa foi presidida pelo Secretário de Estado do Vaticano pelo 40º aniversário das relações diplomáticas entre a Santa Sé e o Reino Unido

Da redação, com Vatican News

O emabixador Christopher Trott / Foto: Reprodução Vatican News

“É tipo uma festa de aniversário de 40 anos”, disse o emabixador Christopher Trott, observando ainda o que um de seus colegas ressaltou: “a vida começa aos 40”, um bom momento para trabalhar e tornar as relações mais maduras.

A relação de que fala o embaixador se refere é aquela entre a Santa Sé e o Reino Unido, que há 40 anos goza de plenas relações diplomáticas, e marca a ocasião neste 29 de março com uma Missa presidida pelo Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, na Basílica Papal de São Paulo Fora dos Muros.

O embaixador Trott falou à Rádio Vaticano na véspera do aniversário e conversou sobre a história do relacionamento, a importância das relações diplomáticas com a Santa Sé nos assuntos mundiais e sobre suas esperanças (e projetos) para o futuro. Eis os principais excertos desta conversa.

Vatican News — Você estava me explicando o motivo de celebrar, com uma missa, na Basílica Papal de São Paulo Fora dos Muros…
Embaixador Trott — É interessante. Descobri que há uma conexão entre São Paulo e a Coroa Britânica que obviamente antecede a Reforma. Assim como os franceses têm uma ligação com San Giovanni, eu acho, e os espanhóis têm uma ligação com Santa Maria Maggiore, havia tradicionalmente uma ligação entre a Coroa Britânica e São Paulo Fora dos Muros; Henrique VIII, eu acho, foi um cônego ou um cônego honorário de São Paulo, assim como o rei francês, ou o rei espanhol, [nas suas basílicas relativas] até obviamente a divisão entre a Igreja Inglesa e Roma.

Vatican News — Quais são as principais conquistas nestes 40 anos?
Embaixador Trott — Obviamente, houve alguns marcos que podem ser analisados puramente em termos de relacionamento bilateral. Houve a visita pastoral de São João Paulo II ao Reino Unido em 1982, seguida da visita de Estado de Bento XVI em 2010. Estes são obviamente momentos muito importantes na relação bilateral. Na outra direção, Sua Majestade a Rainha realmente veio a Roma pela primeira vez como princesa em 1951, então ela esteve aqui várias vezes, e acho que conheceu cinco ou seis Papas durante sua vida. Obviamente, sua vinda ao Vaticano também é extremamente importante, mas na verdade eu prefiro focar nos resultados dessa crescente relação bilateral, no trabalho que fizemos juntos para combater alguns dos flagelos do século 21: escravidão moderna, tráfico de seres humanos, o trabalho que fizemos juntos para aumentar o perfil das mudanças climáticas. Acho que, para mim, isso é muito mais importante em termos de impacto no mundo real, juntamente com parte do trabalho que estamos fazendo na tentativa de promover a paz. Obviamente, isso é particularmente relevante agora para a Europa, mas temos trabalhado em iniciativas visando a paz em diferentes contextos na África no passado — no Sudão do Sul, em Camarões, em Moçambique — falamos sobre o papel da Igreja na promoção da paz ao lado de alguns dos outros valores ou questões que estamos analisando. Portanto, há uma série de coisas que gostaria de destacar.

Vatican News — Uma dessas áreas diz respeito ao desarmamento nuclear, certo?
Embaixador Trott — Considero importante a questão do combate à corrida armamentista, ao combate ao elemento das armas nucleares. Claramente, o Vaticano tem uma compreensão ligeiramente diferente de onde podemos chegar de forma realista em termos de “desnuclearização” do mundo. Acho que o importante para nós no momento é garantir que o Tratado de Não Proliferação Nuclear seja fortalecido e seja capaz de garantir que essas coisas não se espalhem além de onde já estão. Também estamos comprometidos, a longo prazo, com o desarmamento, que é algo que o Papa pede novamente, no contexto da Ucrânia, mas não sentimos que o mundo esteja ainda pronto para o desarmamento, e acho que o que está acontecendo na Ucrânia, infelizmente, prova o risco que o mundo enfrenta ao desarmamento assimétrico, que é algo que eu sinto que está sendo explorado agora, o risco do design assimétrico.

Vatican News — Você diria que este trabalho está avançando neste sentido no momento?
Embaixador Trott — As discussões estão sempre acontecendo, não há nada detalhado no momento, mas há uma conferência do Tratado de Não-Proliferação Nuclear prevista para este ano. O contexto será muito difícil, essas conversas não avançaram tão rapidamente quanto gostaríamos no passado, então dizer que estou antecipando grandes progressos este ano não é verdadeiro. Não acho que será muito fácil, mas acredito que o diálogo deve continuar, e a voz do Santo Padre particularmente, ao nos lembrar da importância moral, imperativo para progredirmos, é muito útil.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo