ESPECIAL - DIA DA MULHER

Sacerdote e religiosa falam sobre papel da mulher na Igreja

Ir. Nathalie Becquart afirma que “a Virgem Maria é para todos nós, para a Igreja, um modelo muito importante de como seguir Jesus, no seu caminho pascal, na sua missão”

Huanna Cruz
Da Redação

Foto: Thomas Vitali via Unsplash

A mulher tem um papel muito particular na história da missão da Igreja: sejam mães, catequistas ou religiosas, todas têm um papel fundamental na construção da Casa de Deus. 

“Penso que, verdadeiramente, esta é uma ótima notícia da nossa fé. Deus criou homem e mulher juntos, feitos à sua imagem. Então significa que, desde o início, somos homens e mulheres, com uma diferença que é muito difícil de especificar, e não podemos pensar a vida, a sociedade e a Igreja sem as mulheres que compõem o povo de Deus”, enfatiza Ir. Nathalie Becquart. A religiosa francesa, membro da Congregação de Xavières, foi nomeada consultora do Sínodo dos Bispos da Igreja Católica em 2019, e nomeada uma de suas subsecretárias em 2021. 

Padre Luigi Maria Epicoco / Foto: Reprodução Canção Nova

Essa opinião é compartilhada pelo teólogo e professor de filosofia na Pontifícia Universidade Lateranense, Padre Luigi Maria Epicoco. Para ele, é necessário que a Igreja valorize a figura feminina.

O sacerdote cita diversas figuras históricas, como Santa Catarina de Sena, Santa Teresa d’Ávila e Santa Teresa de Calcutá, que, mesmo em épocas históricas, dominadas fortemente por figuras masculinas, mudaram completamente a história da Igreja. “Por quê? Porque foram mulheres até o fim. Não pediram para ser outros homens, mas pediram para ser mulheres até as consequências extremas. E acho que isso é algo muito importante também dentro do nosso modo de ser Igreja”, enfatiza.

Aprender com Maria

A freira Nathalie Becquart destaca como a figura da Virgem Maria é um exemplo a ser seguido pelas mulheres e também pelos homens.

“A Virgem Maria é para todos nós, para a Igreja, um modelo muito importante de como seguir Jesus no seu caminho pascal, na sua missão. Verdadeiramente, a Virgem Maria é a primeira mulher a fazer ver o caminho de serviço e de fé. É um modelo muito importante para nós mulheres, e posso dizer que não somente às mulheres. Maria é um modelo para os homens”, ressalta a religiosa.

Caminhar com as mulheres

Ir. Nathalie Becquart / Foto: Reprodução Canção Nova

Ir. Nathalie Becquart lembra que o Papa Francisco escreveu em sua Exortação Pós-sinodal Christus Vivit, publicada após o Sínodo dos Jovens, que todos devem caminhar, como Igreja, com as mulheres e superar as mais diversas formas de discriminação.

“Penso que esta jornada, também para as mulheres, é um apelo para todos, especialmente na Igreja, que devemos continuar a dar passos para frente, porque, em todo o mundo, na diversidade da sociedade, as mulheres são vítimas da violência, dos problemas de trabalho e da pobreza”, lamenta.

A religiosa francesa aponta que, mesmo com tantos problemas, as mulheres encontram uma força resiliente de vida, que pode ser um testemunho para todos. “Esta jornada mostra o valor e o papel importante de tantas mulheres, mas também envolve todos na necessidade de caminhar com elas”, pondera.

 A história das mulheres na Igreja

Padre Luigi afirma que a Igreja pode cair em uma espécie de tentação ao colocar as mulheres à margem, de não entender aquilo que São João Paulo II chamava de genialidade — também conhecido como o gênio feminino. E ressalta que “o fato de haver acontecido períodos na história em que nós colocamos as mulheres de canto, não impediu que o Espírito Santo criasse ,na Igreja, ‘mulheres imensas’ que mudaram a sua história e a do mundo”.

O sacerdote salienta que homens e mulheres deveriam ter o mesmo valor dentro da Igreja. A busca por igualdade é digna. “Temos a mesma dignidade”, reforça o padre Luigi. “Devemos ter as mesmas oportunidades, mas somos diferentes. E seria muito bonito que essa diversidade emergisse. A igualdade é na dignidade, não no capricho da Igreja ou no capricho da sociedade, nem no jeito de estar no mundo. Então, o maior dom que as mulheres podem fazer é ser mulheres”, finaliza. 

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