GUERRA EM GAZA

Papa conversa com padre Romanelli, pároco da Sagrada Família em Gaza

O padre Gabriel Romanelli, contatado por telefone no local onde permanece com refugiados acolhidos, agradece ao Santo Padre pelo telefonema nos últimos dias

Padre Gabriel Romanelli / Foto: Arquivo Pessoal

Da redação, com Vatican News

O padre Gabriel Romanelli, pároco da Sagrada Família em Gaza, testemunha a proximidade do Papa Francisco à população exausta pela guerra. “Há alguns dias”, relata o sacerdote, o” Papa telefonou novamente, da Casa Santa Marta, onde está passando o período de convalescença: O Papa ligou, cumprimentou, perguntou como estávamos indo, como estavam as pessoas”. A crianças exultaram e agradeceram por mais esse gesto de ternura.

Agradecimento ao Papa por sua proximidade

“As pessoas ficaram muito felizes em saber que ele estava ligando. Quando ele telefonou estávamos na porta da casa paroquial, dentro do complexo. As crianças e os jovens começaram a gritar Viva o Papa, em árabe e em italiano”, conta o padre Gabriel. “Ele enviou sua bênção, sua oração. Foi um telefonema curto, mas sincero, muito apreciado. Dissemos a ele que estávamos muito felizes por tê-lo visto no domingo no Angelus e por ter ouvido seu apelo pela paz mais uma vez. A situação é realmente terrível em toda a Faixa de Gaza, continua o religioso, então, realmente, apreciamos sua proximidade, sua oração e sua preocupação por todos. Nós lhe agradecemos”.

Que a guerra termine para o bem de todos

O pároco confirma que as condições em que vive a população da Faixa de Gaza são “inimagináveis”, tal como o Papa as definiu no texto do Angelus divulgado no domingo, 6 de abril. Ele continua lançando o apelo para que a oração não cesse: “Rezem muito pelo dom da paz e trabalhem pela paz. Convençam a todos, a todos os líderes das nações, que a paz é possível. Enquanto este conflito armado continuar, nenhum problema será resolvido, substancialmente”. Ele está convencido de que é necessário “convencer para que esta guerra termine para o bem de todos, palestinos e israelenses. Rezem e trabalhem pela paz e a justiça. Esta guerra deve ser interrompida o mais rápido possível. Mais de dois milhões de pessoas vivem aqui!”.

“Estamos numa gaiola”

Padre Romanelli explica que, providencialmente, a comunidade cristã, “graças a Deus e à ajuda constante do Patriarcado Latino de Jerusalém”, está bem, dentro de um contexto como este. “Junto com nossos 500 refugiados e nossos vizinhos muçulmanos do bairro de Zeitoun, estamos bem por enquanto, embora tudo esteja começando a faltar. Em outros bairros, tudo está faltando, comida, água; a crise já existia antes da guerra, imaginem agora, depois de um ano e meio de guerra. A emergência de comida, água e medicamentos é extremamente urgente em toda a Faixa de Gaza.” Em meio à devastação, pe. Gabriel tenta não deixar faltar ajuda: “Gaza é uma prisão, tornou-se uma gaiola, uma grande gaiola. Fazemos o bem às pessoas, dentro do possível, às centenas de refugiados, às milhares de famílias de civis muçulmanos que estão ao nosso redor. Ajudamos a todos, cristãos e não cristãos, tentamos realmente ser um instrumento de paz para todos”.

“Esperamos em quem realmente quer a paz”

É uma verdadeira Quaresma, uma Cruz pesada que a população de Gaza está vivendo, tentando não desistir completamente. “Contamos com a ajuda do Senhor, das pessoas de boa vontade que realmente desejam a paz.” O apelo, mais uma vez, é pra rezar pela paz e trabalhar pela paz e pela justiça. “Convencer a todos de que esta guerra deve acabar. É o primeiro passo necessário. Depois, dar esperança de que eles possam continuar vivendo na Faixa de Gaza sem movê-los”, enfatiza o pároco, dizendo que não se sabe mais quantas pessoas estão na Faixa. “Fala-se de 2 milhões e 300 mil pessoas. Na Cidade de Gaza, antes da guerra, éramos 1 milhão e 100 mil no norte, depois, durante a guerra, ficamos em 400 mil, quando começaram o cessar-fogo”.

As pessoas não podem ser deslocadas como objetos

Em relação à hipótese de que Gaza poderia ser transformada numa praia turística removendo a população residente, o padre Romanelli responde claramente: “Devemos respeitar os direitos de cada ser humano, independentemente de sua cidadania, sua religião, sua situação. O povo palestino desta parte da Terra Santa é composto por 2 milhões e 300 mil pessoas, são seres humanos! Um dos direitos humanos, continua ele, universalmente reconhecido, é o direito de ter sua própria terra. As pessoas são sujeitos de direitos, não são objetos. Não se pode deslocar e privar as pessoas de seus direitos, primeiramente, o direito à vida e, depois, de permanecer em sua terra, e ter assistência e propriedade, seus afetos, seus negócios. A verdadeira paz deve ser construída sobre a justiça e não sobre a injustiça”.

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