Início da Semana Santa

Padre explica valor da liturgia e celebração do Domingo de Ramos

Assessor de Liturgia da Diocese de Lorena comenta celebração deste domingo, 10, que marca o início da Semana Santa, a Semana Maior da Igreja Católica

Julia Beck
Da redação

Procissão de Domingo de Ramos /Foto: Wesley Almeida – Canção Nova

O Domingo de Ramos – celebrado neste domingo, 10 – marca o início da Semana Santa. Desde que a pandemia da covid-19 foi declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), essa será a primeira vez que a Semana Santa acontece de forma presencial na maioria das Arquidioceses, Dioceses e igrejas locais do Brasil.

Leia também
.: Viagem, Semana Santa, canonizações: agenda do Papa em abril e maio

Para compreender a importância desta que é considerada a Semana Maior da Igreja Católica, o assessor de Liturgia da Diocese de Lorena e vigário da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, padre Thales Maciel, explica que a fé cristã nasce do Mistério Pascal: “Ela nasce da Paixão, morte e Ressurreição de Jesus Cristo”.

Segundo Adolf Adam, aponta o sacerdote, o mistério pascal cristão foi celebrado incialmente aos domingos, como páscoa semanal. Por volta do fim do século I e começo do século II, introduziu-se a festa da Páscoa da Ressurreição como Páscoa anual, dando destaque à celebração. 

“O surgimento do ano litúrgico pode ser comparado com a seguinte imagem: o mistério pascal é uma semente que se tornou uma grande e frondosa árvore, com muitos galhos, ramos e folhas. Muitas vezes já foi dito que o mistério pascal de Cristo é a fonte e o centro do ano litúrgico”, frisa.

Centro do ano litúrgico

Celebrado a cada domingo como Páscoa semanal, esse mistério atravessa todo o ciclo anual já desde os tempos apostólicos, sublinha o presbítero. “Pouco depois sucedeu-lhe a Páscoa anual que se converteu gradualmente no ciclo das festas pascais, com um tempo de preparação e com um desfecho festivo”, complementa.

O assessor de Liturgia da Diocese de Lorena recorda que o Calendário Litúrgico é regulado pelas NUALC (Normas Universais do Ano Litúrgico e Calendário) e as celebrações foram cristalizadas no período pós-tridentino no Missal de Pio V (1570). Atualmente – prossegue padre Thales – elas estão configuradas no Missal de São Paulo VI que já está em sua terceira edição, tendo sido revisado pela última vez por São João Paulo II (2002).

Ao retomar a importância da Semana Santa, o sacerdote indica que celebrá-la é também celebrar o Mistério da Salvação.

Domingo de Ramos

Pare Thales Maciel /Foto: Arquivo Pessoal

O Domingo de Ramos recorda a entrada de Jesus em Jerusalém. Segundo os evangelhos, salienta padre Thales, Jesus entrou na cidade montado em um jumento e foi saudado pela multidão – cumprindo a antiga profecia de Zacarías (Zc 9,9).

Na liturgia antiga, o presbítero explica que esta celebração era chamada de “Primeiro Domingo da Paixão”. “Isso porque Jesus está ingressando em Jerusalém para nos salvar, para viver o Mistério de sua Páscoa, para produzir a todos nós graça e salvação”, sublinha.

Leia mais
.: A espiritualidade do Domingo de Ramos

Então, a partir do Domingo de Ramos, toda a Igreja já ingressa no âmbito da Paixão do Senhor, sintetiza o sacerdote.

Sobre a tradicional procissão com os ramos, realizada antes da missa, padre Thales comenta que com este ato os fiéis manifestam o reconhecimento de que Jesus é Rei, o Senhor, e o Messias enviado da parte de Deus.

O destino final do trajeto da procissão de ramos, que é a Igreja, é um sinal da Nova Jerusalém, destaca o presbítero. “Ela se torna um sinal da Jerusalém Celeste”.

A cor litúrgica do Domingo de Ramos é o vermelho. Esta cor, comenta o padre, é um resquício de que na liturgia antiga a celebração era tida como o “Primeiro Domingo da Paixão”. “O vermelho é uma referência ao sacrifício de Cristo”, ressalta.

Liturgia da Palavra

A Liturgia da Palavra do Domingo de Ramos já dá o tom do valor teológico da Paixão do Senhor que, de certa forma, já é contemplada nesta primeira celebração da Semana Santa. Ao comentar a Primeira Leitura, tirada da Profecia de Isaías (Is 50, 4-7), o presbítero afirma que é retratado o servo sofredor que se coloca sob a proteção de Deus e a Ele está vinculado através da Palavra do Senhor que lhe é comunicada.

“Ele abre os ouvidos, o Senhor abre os seus ouvidos para que preste atenção na Palavra como um discípulo. Tendo escutado a Palavra de Deus ele manifesta sua fidelidade, sem fugir de sua missão”, complementa.

O Salmo 21, cujo refrão é “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”, é uma oração de Jesus a Deus no momento de sua angústia, reflete o sacerdote.

Sobre a Segunda Leitura, retirada da Carta de São Paulo aos Filipenses (Fl 2, 6-11), padre Thales frisa que ela traz a dimensão da “kênosis” da segunda pessoa da Santíssima Trindade. “Deus, o Filho do Pai que habitava em luz inacessível desceu até nós, se rebaixou, se esvaziou e assumiu a condição humana, humilhou-se para produzir a nossa Salvação”, sublinha.

O sacerdote indica que o Evangelho, uma narrativa da Paixão do Senhor (Lucas 23, 1-49), convida os fiéis a contemplarem o Mistério da Salvação na cruz: “O âmago da entrega de Jesus e do Seu amor por nós”.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo