Sacerdote da Diocese de Lorena reflete sobre o santo do dia: Estêvão: “um exemplo de fidelidade mesmo diante da perseguição”, frisa
Julia Beck
Da redação
Testemunho corajoso de quem se dispôs a morrer pela fé, um exemplo de fidelidade mesmo diante da perseguição. É assim que o padre da diocese de Lorena (SP), Danilo José dos Santos, define Santo Estêvão – celebrado nesta terça-feira, 26.
O santo foi um dos sete diáconos escolhidos pelos apóstolos para auxiliar na distribuição de alimentos, conforme narrado no Livro dos Atos dos Apóstolos na Bíblia. Estêvão, conta ainda o presbítero, ficou conhecido por sua pregação fervorosa sobre Jesus Cristo, o que levou à sua oposição por parte de alguns líderes religiosos.
Leia mais
.: Papa na festa de Santo Estêvão: muitos ainda morrem pela fé em Jesus
“Estêvão foi acusado de blasfêmia e levado a julgamento. Em seu discurso diante do Sinédrio, ele recontou a história do povo de Israel e apontou a resistência deles aos profetas, culminando na rejeição e crucificação de Jesus. Sua mensagem provocou grande ira entre os líderes judeus”.
Padre Danilo frisa que o martírio de Santo Estevão está registrado no mesmo livro bíblico – Atos dos Apóstolos. O santo foi apedrejado até a morte por uma multidão enfurecida, sendo o primeiro mártir cristão.
Mártires e a Igreja
Os mártires são reconhecidos e honrados dentro da Igreja Católica por meio do processo de canonização, explica o sacerdote. Esse processo formal avalia a vida, as virtudes e a morte do candidato a mártir para determinar se ele viveu uma vida exemplar de santidade e sacrificou sua vida por amor a Deus e à fé.
“A relevância dos mártires na história da Igreja é significativa. Os mártires são considerados testemunhas corajosas da fé cristã, dispostos a enfrentar a perseguição e a morte em nome de suas crenças. Suas histórias inspiram os fiéis a permanecerem firmes na fé, mesmo diante de adversidades”, indica.
Além disso, padre Danilo sublinha que os mártires são vistos como intercessores poderosos no céu, e muitos fiéis recorrem a eles em oração. “Suas vidas e sacrifícios são lembrados como exemplos de devoção e fidelidade, proporcionando uma ligação entre as gerações de cristãos ao longo da história da Igreja”.
O presbítero afirma que a celebração dos mártires não é exclusiva da Igreja Católica; outras denominações cristãs também reconhecem e honram aqueles que sacrificaram suas vidas por sua fé. O sacerdote complementa que o culto aos mártires destaca a importância do testemunho e da resistência diante das dificuldades, contribuindo para a riqueza espiritual da tradição cristã.
Semente dos cristãos
“O sangue dos mártires é a semente dos cristãos”. Essa frase, frequentemente atribuída ao escritor cristão Tertuliano, de acordo com padre Danilo, encapsula a ideia de que o sacrifício dos mártires, simbolizado pelo seu sangue derramado, serve como uma fonte de inspiração e crescimento para a comunidade cristã.
A morte dos mártires não é vista apenas como uma tragédia, mas como um testemunho poderoso de sua fé inabalável, salienta o presbítero. “A metáfora sugere que, assim como a semente é fundamental para o crescimento de uma planta, o testemunho e o sacrifício dos mártires são essenciais para a continuidade e fortalecimento da fé cristã”.
A disposição em dar a vida pela fé, frisa o sacerdote, demonstra um comprometimento profundo e inspira outros a seguirem o mesmo caminho de dedicação.
“Essa ideia ressoa ao longo da história da Igreja, onde as comunidades muitas vezes encontraram coragem e renovação espiritual ao testemunhar o martírio de seus membros. A frase destaca a crença de que, mesmo em face da perseguição e morte, a mensagem cristã pode prosperar e se multiplicar, impulsionada pela coragem e fidelidade exemplificadas pelos mártires”, indica.
Do martírio de Estevão à misericórdia de Deus com Saulo
Uma importante figura do cristianismo está intimamente ligada à história de Santo Estêvão: São Paulo. Padre Danilo conta que a relação entre os santos oferece uma reflexão profunda sobre a misericórdia de Deus.
“Apesar de Estevão ser apedrejado injustamente, ele demonstra compaixão ao pedir perdão para seus assassinos, seguindo o exemplo de Jesus que, na cruz, pediu perdão para aqueles que o crucificaram. A transformação de Saulo, que inicialmente estava envolvido na perseguição aos cristãos, ilustra a abrangência da misericórdia divina”.
Deus não apenas perdoou Saulo, recorda o presbítero, mas o chamou para ser um dos maiores propagadores do Evangelho, o apóstolo Paulo. “Isso ressalta a capacidade de Deus em transformar vidas e estender Sua misericórdia mesmo a quem cometeu atos hostis”, complementa.
Portanto, o sacerdote frisa que a história de Estevão e Paulo evidencia a amplitude do perdão divino e a possibilidade de redenção para todos, independentemente dos erros passados. “A essência da misericórdia de Deus vai além das expectativas humanas, oferecendo oportunidade de arrependimento e renovação”.
Combater a perseguição aos cristãos
O dia de hoje sinaliza, segundo padre Danilo, para a necessidade de combater e não normalizar a perseguição aos cristãos. O sacerdote comenta sobre os princípios fundamentais de liberdade religiosa: respeito aos direitos humanos e diversidade de crenças.
Leia mais
.: Hoje, cristãos são os mais perseguidos no mundo, frisa Cardeal Koch
“Normalizar a perseguição a qualquer grupo religioso vai contra os valores de justiça, tolerância e coexistência pacífica”, defende. O presbítero reforça que a liberdade religiosa é um direito humano fundamental reconhecido internacionalmente. “Perseguir os cristãos ou qualquer outra comunidade religiosa viola esses direitos e compromete a integridade moral de uma sociedade”.
O combate à perseguição é uma defesa dos valores universais de respeito à dignidade humana e à liberdade de crença, prossegue. “Além disso, promover a tolerância religiosa contribui para a construção de sociedades mais justas e inclusivas. A diversidade de crenças é uma realidade global, e a aceitação mútua é essencial para o desenvolvimento de comunidades coesas e harmoniosas”, opina.
Ao combater a perseguição aos cristãos e a qualquer grupo religioso, o presbítero afirma que é possível contribuir para um mundo mais justo, compassivo e baseado no respeito pelos direitos humanos.