Homilia

Hoje, cristãos são os mais perseguidos no mundo, frisa Cardeal Koch

Presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos participou da celebração ecumênica na Basílica de São Bartolomeu na Ilha Tiberina, em Roma

Da redação, com Vatican News

Cardeal Kurt Koch durante homilia da celebração ecumênica realizada na noite deste domingo, 25, em Roma/ Foto: IPA/Sipa USA

Hoje, cristãos são os mais perseguidos no mundo. É o que afirmou o Presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch. O purpurado participou da comemoração ecumênica realizada neste domingo, 25. Ela aconteceu na Basílica Romana de São Bartolomeu na Ilha Tiberina, em Roma.

Em sua homilia, o prelado pediu um olhar sobre o “grande e sangrento martírio dos cristãos armênios”. O martírio de tantos perseguidos simplesmente porque são cristãos foi sublinhado.

Segundo Dom Koch, o martírio é um sinal de amor, de fidelidade a Cristo e que pode ser uma semente de unidade.

Liturgia

A celebração recordou dos 106 anos do genocídio armênio. Na liturgia ecumênica estiveram presentes representantes da Igreja Apostólica Armênia e da Igreja Católica de rito armênio.

Também membros de outras igrejas e comunidades cristãs compareceram na celebração. Embaixadores da Armênia junto à Santa Sé e ao governo italiano também participaram.

Sinal distintivo do martírio cristão é o amor

O cardeal lembrou que Jesus transformou a violência contra Ele em amor oferecendo sua vida na cruz.

“O mártir cristão é caracterizado pelo fato de que ele não busca o martírio em si mesmo, mas o assume como consequência de sua fidelidade à fé em Jesus Cristo”, comentou.

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O sinal distintivo do martírio cristão é, portanto, o amor. Como o mártir põe em prática a vitória do amor sobre o ódio e a morte, o martírio cristão se manifesta como um ato supremo de amor a Deus e a seus irmãos e irmãs.

Fé cristã: mais perseguida do mundo

O Concílio, observou Koch, “reconhece esta ‘prova suprema de caridade’ não somente nos mártires da Igreja Católica, mas também nas outras Igrejas Cristãs e Comunidades Eclesiais”.

Este profundo reconhecimento se tornou cada vez mais difundido entre os cristãos, particularmente no século passado. Nele, houve o grande e sangrento martírio dos cristãos armênios durante o genocídio deste povo, recordou o purpurado.

Desde então, “o cristianismo tem se tornado cada vez mais uma igreja de mártires numa medida incomparável”.

Na verdade, Dom Koch frisou que há hoje mais mártires do que durante a perseguição dos cristãos nos primeiros séculos. “Oitenta por cento de todos os perseguidos por sua fé hoje são cristãos”.

Ecumenismo dos mártires

A fé cristã é hoje a religião mais perseguida do mundo. Esta situação implica o fato de que hoje todas as Igrejas Cristãs e Comunidades Eclesiais têm seus mártires.

Os cristãos de hoje não são perseguidos porque são ortodoxos ou ortodoxos orientais, católicos ou protestantes, mas porque são cristãos.

De acordo com o cardeal, o martírio hoje é ecumênico, e é preciso falar de um verdadeiro e próprio ecumenismo dos mártires.

Unidade

Olhando sob esta perspectiva, Dom Koch falou de “uma unidade básica” entre os cristãos: daí o desejo de que “o sangue de tantos mártires hoje possa se tornar uma semente para a unidade futura do único Corpo de Cristo dilacerado por tantas divisões”.

O mártir não morre por uma ideia, e sim com Cristo

Os mártires armênios, continuou o prelado, abriram nossos olhos para esta visão profunda no início do sangrento século XX, marcado pelas duas sangrentas guerras mundiais.

“Eles nos lembraram que o martírio não é um fenômeno marginal no cristianismo, mas é o próprio núcleo da Igreja”. O mártir morre por amor, não por uma ideia, mas “com Cristo”, que “já morreu por ele”, reforçou.

Testemunhas da fé

Os mártires armênios foram testemunhas desta dimensão cristológica de uma maneira especial. Como membros de um Estado que foi o primeiro Estado cristão da história, eles permaneceram fiéis à sua fé apostólica e deram suas vidas por Cristo.

“Eles são no sentido original da palavra grega ‘martys'”, concluiu Koch, “ou seja, testemunhas, certamente não apenas testemunhas com palavras, mas também testemunhas de fato da fé.

Proximidade do Papa

O cardeal também informou que o Papa Francisco estava unido em oração com a celebração da noite deste domingo e enviou sua bênção.

Ao agradecer aos presentes, o arcebispo Khajag Barsamian, representante da Igreja Apostólica Armênia junto à Santa Sé, citou São Gregório de Narek, um monge armênio, filósofo e místico que foi proclamado Doutor da Igreja em 2015 pelo Papa Francisco, que em 2016 o havia citado durante a Oração Ecumênica pela Paz:

“Lembre-se, [Senhor,…] daqueles que na raça humana são nossos inimigos, mas para o bem deles: realize neles o perdão e a misericórdia. Não extermine aqueles que me mordem: transforme-os! Extirpe sua conduta terrena viciosa e enraíze o bem em mim e neles (Livro das Lamentações, 83:1-2)”.

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