Em meio à pandemia, não faltam sinais de esperança, como a presença do Papa, que através de gestos simples trouxe conforto ao povo brasileiro
Liliane Borges
Da Redação
Desde dezembro do ano passado, as notícias sobre a Covid-19 – que viria causar uma alarmante pandemia – têm feito parte do cotidiano das pessoas, causando insegurança e medo. Neste tempo, porém, os sinais de esperança não faltaram: vê-se a solicitude aos mais necessitados se multiplicarem em todo mundo por meio de gestos de caridade e palavras de conforto. A presença do Papa Francisco, firme e atuante, tem procurado dar aos fiéis católicos direção e esperança.
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Em uma das postagens na conta oficial no Twitter, Francisco indicou que este tempo de crise sanitária trouxe um ensinamento precioso, que deve ser levado por toda a vida. O Pontífice ensina que Deus nos criou para a comunhão, para a fraternidade, e agora, mais do que nunca, mostrou-se ilusória a pretensão de focar tudo sobre si mesmo, de colocar o individualismo na base da sociedade. “Mas estejamos atentos! Quando a emergência passar, é fácil cair novamente nessa ilusão”, exorta o Papa.
Um aprendizado também para o momento atual e, neste sentido, a presença do Papa na Igreja do Brasil tem sido marcada por um gesto simples, mas cheio de significado para quem o recebe. Francisco, por meio de telefonemas, tem manifestado sua preocupação e proximidade à realidade enfrentada pelo Brasil no combate à pandemia.
“Estou acompanhando e rezando pelo Brasil. Conto também com a oração de todos. Por favor, recomenda-me à mãezinha Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil”, disse o Papa Francisco durante ligação ao arcebispo de Aparecida (SP) Dom Orlando Brandes. O arcebispo recebeu o telefonema com grande surpresa e o considerou como um presente.
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“Ficamos todos surpresos e agradecidos diante da bondade, simplicidade e amabilidade do Papa Francisco. Aumentou nosso amor por ele e com ele aprendemos a lição da gentileza, da sensibilidade e da humildade. Ele é um pai que se deixa comover pelo sofrimento do povo e procura dar a todos consolação, ânimo, coragem com este gesto tão humano e tão cristão, um gesto de santidade. No fundo, as coisas de Deus são simples”, conta Dom Orlando.
Durante a conversa – conta o arcebispo – o Papa recordou a Conferência de Aparecida e sua visita ao Santuário Nacional em 2013. Fez alusão a São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil. Desejou que a festa de Corpus Christi fosse celebrada pensando nas famílias enlutadas e na partilha do pão aos necessitados. Manifestou sua solidariedade para com todos.
“O Papa, na minha opinião, quis reforçar a importância da devoção mariana como fonte de consolação e encorajamento neste tempo de pandemia. Como Maria e com a fé de Maria, todos somos convidados a permanecer de pé diante da cruz que se chama Covid-19. Sabemos que o Papa Francisco tem profundo apreço pela religiosidade popular e se refere, muitas vezes, a respeito dos Santuários Marianos”, afirma.
Dom Orlando Brandes destaca que o Papa telefonou pensando no povo, no bem comum, na caridade para com todos, à luz da devoção mariana. Enfim, a Mãe Maria cuida, protege, atende, intercede. “Nas turbulências, devemos nos abrigar sob o manto da Santa Mãe de Deus”, escreve o Papa. Onde tivermos uma cruz para carregar, ao nosso lado está sempre Ela, nossa Mãe. Esta é a leitura que faço a respeito do caridoso gesto do nosso querido e profeta Papa Francisco”.
Quem tomou conhecimento das ligações sentiu-se confortado, é o caso de Renata Lima, do interior de São Paulo. Ao ouvir o Papa expressar sua proximidade comentou com os amigos sobre a força da unidade na Igreja. “Uma força que nos torna irmãos e não nos desampara neste momento difícil para todos”, conclui.
Proximidade e preocupação com os mais vulneráveis
As ligações do Papa – gesto bastante particular de seu pontificado – foi realizado três vezes ao Brasil, em momentos distintos, mas sempre com a preocupação com o povo, com os mais vulneráveis. Além de Aparecida, Francisco telefonou ao arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer.
Informado sobre a grave situação do Estado, o Pontífice pediu informações sobre a pandemia em São Paulo. De acordo com a nota oficial do arcebispo, Francisco manifestou grande preocupação pelo número crescente de doentes e pelas perdas de vidas humanas, prometendo rezar por todos.
“Também quis saber como estão os pobres, e expressou sua preocupação pela situação deles, sabendo que nem sempre eles têm casa nem condições adequadas para seguir as medidas preventivas contra o contágio. Expressou sua proximidade e solidariedade para com toda a população de São Paulo e disse que estava orando por nós”, conta Dom Odilo.
O Santo Padre não deixou de transmitir a todos a sua bênção apostólica e também pediu orações. “Eu lhe agradeci e disse que sua ligação e suas palavras eram motivo de grande conforto para nós, e que eu as transmitiria a todos, juntamente com sua bênção apostólica”, concluiu o arcebispo em nota.
Bênção que também quis manifestar a uma terra que sofre os graves efeitos da pandemia e suas restrições. O Papa, para surpresa do arcebispo Dom Leonardo Steiner, telefonou à arquidiocese de Manaus, no Amazonas, para levar conforto. “Papa Francisco é extraordinário. No meio de tantas preocupações, um telefonema para dizer: estou com os irmãos! O Santo Padre desejou saber da situação em relação à pandemia na Arquidiocese de Manaus, mas também na Amazônia. Manifestou sua preocupação com os povos indígenas, os ribeirinhos e os pobres. Perguntou das pessoas internadas e dos óbitos”, narra o arcebispo.
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Dom Steiner conta também que Francisco agradeceu o que os fiéis, grupos pastorais, religiosos e padres da Arquidiocese têm feito para amenizar o sofrimento das pessoas. No desejo de proximidade, disse que rezava pelos falecidos e suas famílias.
“Um coração de pastor. Na distância geográfica, sente necessidade de estar presente. Um telefonema que nos consolou, animou, ajudou a vencer os medos. Quantas pessoas admiradas, sensibilizadas com o telefonema. Não nos esqueceremos do seu gesto de pastor. Rezamos ainda mais pelo Santo Padre”, afirma.
Assim como o Papa, sinais de esperança
O gesto do Papa também se tornou aprendizado e certeza de que a Igreja por ele conduzida tem replicado em sua realidade local a presença que traz conforto e auxílio. O arcebispo de Manaus comenta que a pandemia ajudou a perceber que a fé dá sentido à vida e fortalece os laços em tempo de distanciamento social.
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“Apesar da impossibilidade das celebrações em nossos igrejas-templo, as famílias e comunidades, paróquias, áreas missionárias encontraram modos e meios de celebrar o Dia do Senhor, as Solenidades e as festas de padroeiro. As famílias rezam o terço, leem e partilham a Palavra de Deus e participam da transmissão das celebrações pela TV, Rádios e Internet”, conta.
Dom Leonardo recorda que, no início da pandemia, a primeira iniciativa foi organizar o atendimento aos mais pobres. A Arquidiocese acompanha, através das Pastorais, muitas pessoas que vivem em situação mais difícil. “A primeira preocupação foi como irmos ao encontro dos mais necessitados. Foi tocante perceber a sensibilidade e a solidariedade de pessoas, comunidades, empresas no atendimento aos pobres. Ainda não temos os dados de quantas cestas básicas foram distribuídas e continuam a ser entregues. Nesse movimento de amor, muitas pessoas servindo como voluntários”, afirma.
Para o arcebispo, essa corrente de amor foi e é uma onda de consolo, proximidade, samaritanidade. O auxílio chegou de diversos lugares, como das instituições Adveniat, Manus Unidas, Misereor e do Papa Francisco. “Vendo essa solidariedade e caridade, chega-se à conclusão de que as pessoas podem despertar para uma grandeza humana como a de Jesus e o seu Reino. Nossa Igreja está mais saudável, graças a Deus!”, concluiu Dom Leonardo.