Ao final da Audiência Geral, Francisco lançou um novo apelo pelo drama no Oriente Médio: “que a trégua em Gaza continue, que todos os reféns sejam libertados e que o acesso à ajuda seja permitido”
Da redação, com Vatican News
“Paz, por favor, paz… A guerra é sempre uma derrota, todos perdem. Todos, não. Há um grupo que ganha muito: os fabricantes de armas. Esses ganham bem, com a morte dos outros”. Foi o que disse o Papa Francisco ao final da Audiência Geral desta quarta-feira, 29. A Catequese foi proferida da Sala Paulo VI e não da Praça de São Pedro, devido à queda da temperatura.
Francisco tomou a palavra depois que a Catequese e as saudações nos vários idiomas foram lidas por monsenhor Filippo Ciampanelli, da Secretaria de Estado. Isso – explicou o próprio Pontífice no início da audiência – se deve à dificuldade de falar causada pela inflamação nos pulmões, da qual está se recuperando, e pela qual, nesta terça-feira, 28, o obrigou a cancelar, a pedido dos médicos, a viagem programada para Dubai, de 1º a 3 de dezembro, para a COP28.
Libertação de reféns e entrada de ajuda
O Papa, no entanto, quis tomar a palavra e pronunciar ele mesmo o apelo por uma solução para o drama que se vive no Oriente Médio, pedindo a extensão do cessar-fogo, agora em seu quarto dia, a libertação de todos os reféns israelenses nas mãos do Hamas (nesta terça foi libertado um quinto grupo de 12 homens e mulheres sequestrados em 7 de outubro nos kibutzim de Nir Oz, Nirim e Nir Yitzhak) e a entrada de ajuda na Faixa de Gaza, onde a situação humanitária piora de hora em hora. Mas, acima de tudo, o Santo Padre pediu orações:
“Continuemos a rezar pela grave situação em Israel e na Palestina. Paz, por favor, paz… Espero que a trégua em curso em Gaza continue, para que todos os reféns sejam libertados e ainda seja permitido o acesso à necessária ajuda humanitária.”
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Em contato com a paróquia de Gaza
Francisco confirmou que está em contato com a paróquia latina da Sagrada Família, na Faixa de Gaza, com o pároco, o padre argentino, Gabriel Romanelli, e o vice-pároco, Youssef Asaad. O Pontífice recebe atualizações deles, por telefone, quase diariamente.
“Eu conversei com eles da paróquia de lá, falta água, falta pão. As pessoas sofrem… As pessoas simples, as pessoas do povo sofrem, não sofrem aqueles que fazem a guerra. Peçamos a paz.”
Apelos internacionais
O apelo do Santo Padre se junta ao coro de apelos internacionais para a continuação da trégua, estendida por dois dias em relação aos acordos iniciais. Não menos importante, a União Europeia, por meio do Alto Representante Josep Borrell, que de Barcelona para a reunião da União do Mediterrâneo comentou sobre o cessar-fogo: “é necessário fazer muito mais para aliviar a terrível situação em Gaza e encontrar uma saída para a crise atual”.
Os ministros das Relações Exteriores dos estados-membros do G7 também informaram que “receberam com satisfação” a libertação de alguns dos reféns sequestrados em 7 de outubro em Israel e “a recente pausa nas hostilidades que permitiu o aumento da ajuda humanitária” em Gaza. Ao mesmo tempo, eles pediram ao Hamas “a libertação imediata e incondicional de todos” os outros sequestrados.
Um pensamento para a Ucrânia que sofre
Um apelo que foi reiterado nesta quarta, 29, pelo Papa que, desde o início da violência, pediu em cada Angelus e Audiência Geral a libertação de homens, mulheres, idosos e até crianças que foram sequestrados. Da mesma forma, Francisco pediu que a atenção não fosse desviada da tragédia que vem ocorrendo há quase dois anos na Ucrânia, onde os ataques do exército russo continuam e o número de vítimas está aumentando. Cerca de 1.780 crianças foram mortas desde fevereiro de 2022, anunciou o Unicef em uma nota emitida nesta terça-feira, 28.
“Não esqueçamos, falando de paz, do querido povo ucraniano, que sofre tanto, ainda em guerra.”