Basílica de São Pedro

Papa na missa do Crisma: sem a Cruz, o padre é um "pagão clericalizado"

Na Missa do Crisma desta Quinta-feira Santa, 14, Francisco advertiu os presbíteros para três “espaços de idolatria” que enfraquecem a vocação: mundanismo, pragmatismo e funcionalismo

Da redação, com Vatican News

Celebração é marcada pela renovação das promessas sacerdotais/ Foto: Joyce Silveira

O Papa Francisco deu início aos ritos do Tríduo Pascal celebrando a missa do Crisma, na Basílica de São Pedro, com a bênção dos santos óleos e a renovação das promessas sacerdotais.

Na homilia, comentando a leitura do profeta Isaías, o Santo Padre afirmou que “ser sacerdote é uma graça”. “Uma graça muito grande”, que todavia não se destina ao próprio sacerdote, mas aos fiéis. E é do Senhor que receberá a recompensa, isto é, o seu Amor e o perdão incondicional dos pecados.

“Não há recompensa maior do que a amizade com Jesus. Não há paz maior do que o seu perdão. Não há preço mais elevado do que o seu precioso Sangue: não permitamos que seja aviltado com uma conduta indigna.”

Em outras palavras, trata-se para aos sacerdotes de um convite à fidelidade, de manter sempre fixos os olhos em Jesus.

No fim do dia, aconselhou o Pontífice, é bom olhar para o Senhor e deixar que Ele contemple o próprio coração não para contabilizar os pecados, mas numa atitude de contemplação e agradecimento. E não só, mas também identificar e rejeitar as tentações: “Deixar que o Senhor veja os nossos ídolos escondidos torna-nos fortes face a eles e tira-lhes o poder.”

Os riscos da mundanidade, do pragmatismo e do funcionalismo

Francisco identificou três espaços de idolatria nos quais o Maligno se serve para enfraquecer a vocação sacerdotal. 

O primeiro deles é a mundanidade espiritual. Ela é uma proposta de vida, uma cultura do efémero, da aparência, da maquiagem. O seu critério é o triunfalismo sem Cruz. É a mundanidade de andar à procura da própria glória, que rouba a presença de Jesus humilde e humilhado. Um sacerdote mundano, disse o Pontífice, “não passa de um pagão clericalizado”.

Outro espaço de idolatria é a primazia ao pragmatismo dos números. Quem possui este ídolo se reconhece pelo seu amor às estatísticas. No entanto, o Papa adverte que as pessoas não podem ser reduzidas a números.

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Substituir o Espírito Santo é aquilo que visa o ídolo dos números, que faz com que tudo “apareça”, mas de modo abstrato e contabilizado, alertou.

O terceiro espaço de idolatria é o funcionalismo: “A mentalidade funcionalista não tolera o mistério, aposta na eficácia. Pouco a pouco, este ídolo vai substituindo em nós a presença do Pai”, disse Francisco.

Segundo o Santo Padre o funcionalista não sabe alegrar-se com as graças do Espírito e se compra com a eficácia dos programas.

Jesus é o caminho

Nestes dois últimos espaços de idolatria, a esperança em Deus é substituída pela constatação empírica. Esta atitude, ressalta Francisco, desintegra a união do rebanho, prejudica a fidelidade da aliança sacerdotal e resfria a relação pessoal com o Senhor.

Contra todas estas idolatrias, o Papa afirmou que Jesus é o antídoto.

“Queridos irmãos, Jesus é o único caminho para não nos enganarmos no conhecimento do que sentimos e para onde nos leva o nosso coração; é o único caminho para um bom discernimento.”

O Pontífice concluiu pedindo a intercessão de São José, para que liberte os sacerdotes de toda a avidez de possuir, pois este é o terreno fecundo onde crescem estes ídolos. “Que São José conceda discernimento para subordinar à caridade o que se aprende com a lei”.

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