Santa Sé divulgou nesta sexta-feira, 29, o tema escolhido pelo Papa para a celebração da data em 2024: “Inteligência artificial e sabedoria do coração: por uma comunicação plenamente humana”
Da redação, com informações do Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco escolheu o tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2024: “Inteligência artificial e sabedoria do coração: por uma comunicação plenamente humana”. A data é celebrada anualmente na Solenidade da Ascensão, que em 2024 será em 9 de maio.
No anúncio do tema feito pela Santa Sé nesta sexta-feira, 29, é possível refletir sobre a relação entre a evolução dos sistemas de inteligência artificial e a comunicação através e com as máquinas. O Vaticano destaca que a partir desta relação, é preciso compreender que está cada vez mais difícil distinguir o cálculo do pensamento, a linguagem produzida por uma máquina daquela gerada pelos seres humanos.
“Como todas as revoluções, também esta baseada na inteligência artificial coloca novos desafios para que as máquinas não contribuam para espalhar um sistema de desinformação em larga escala e não aumentem a solidão daqueles que já estão sós, privando-nos do calor que só a comunicação entre pessoas pode dar”, lê-se no texto.
A Santa Sé reforça então a importância de orientar a inteligência artificial e os algoritmos, de modo que haja em todos uma consciência responsável no uso e no desenvolvimento dessas diferentes formas de comunicação, que acompanham as das redes sociais e da internet. “A comunicação deve ser orientada para uma vida mais plena da pessoa humana”, indica.
Inteligência artificial também no tema do Dia Mundial da Paz
Em agosto passado, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral divulgou o tema para o Dia Mundial da Paz 2024: “Inteligências artificiais e Paz”. Sendo assim, para o próximo ano, o Papa Francisco já propôs duas reflexões sobre a inteligência artificial.
Para o dia 1º de janeiro, o foco do Pontífice é ponderar o impacto cada vez mais profundo da inteligência artificial na atividade humana, na vida pessoal e social, na política e na economia. O apelo é para que esta tecnologia seja direcionada de forma responsável, para que esteja a serviço da humanidade e da proteção da casa comum.
Intenção de oração e discurso do Papa
Há anos, o Pontífice demonstra sua preocupação e atenção com o uso e os avanços da inteligência artificial. Em 2020, ela já foi tema de sua intenção de oração para o mês de novembro. Na ocasião, o Papa chegou a destacar que ela está na raiz da mudança de época que o mundo vive e pediu que fosse orientada para o respeito pela dignidade da pessoa e da criação. “Rezemos para que o progresso da robótica e da inteligência artificial esteja sempre a serviço do ser humano”, foi o centro do apelo de Francisco.
Em janeiro deste ano, o Santo Padre discursou aos participantes do evento “AI Ethics: An Abrahamic commitment to the Rome Call” e agradeceu pelo empenho em promover uma ética partilhada a respeito dos grandes desafios que se abrem no horizonte da inteligência artificial.
“A vossa adesão à promoção de uma cultura que coloque esta tecnologia ao serviço do bem comum de todos e da salvaguarda da casa comum é exemplar para muitos outros. A fraternidade entre todos é a condição para que o desenvolvimento tecnológico esteja a serviço da justiça e da paz em todo o mundo”, disse o Pontífice.
Evento da Igreja e pedido de ética
A Pontifícia Academia para a Vida organizou em fevereiro o encontro: “Por uma Inteligência Artificial humanista”. O objetivo do evento foi ajudar as empresas num processo de avaliação dos efeitos das tecnologias coligadas com a inteligência artificial, os riscos que envolvem, e possíveis estradas de regulamentação, incluindo a nível educacional.
No mês seguinte, em março, o Papa Francisco discursou aos participantes do encontro “Minerva Dialogues”, promovido pelo departamento vaticano para a Cultura e a Educação, sobre os benefícios da ciência e da tecnologia, ressaltando a necessidade de ética e responsabilidade.
“Considero que o desenvolvimento da inteligência artificial e da aprendizagem da máquina tem o potencial de dar uma contribuição benéfica para o futuro da humanidade, não podemos descartá-lo. Estou certo, entretanto, de que este potencial só será realizado se houver uma vontade coerente por parte daqueles que desenvolvem as tecnologias para agir de forma ética e responsável”, sublinhou na ocasião.