Francisco celebrou Missa no Estádio “Franso Hariri”, em Erbil, neste domingo, 7; Papa retorna hoje a Bagdá
Julia Beck
Da redação, com Boletim da Santa Sé
Só Jesus pode purificar-nos das obras do mal, foi o que afirmou o Papa em Missa no Iraque. A celebração, a última no país, ocorreu neste domingo, 7, no Estádio “Franso Hariri”, em Erbil.
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Mais cedo, o Pontífice viajou até Mossul, Qaraqosh, Erbil e agora retorna a Bagdá. Nesta segunda-feira, 8, após cerimônia de despedida, Francisco concluirá sua Viagem Apostólica ao Iraque.
Homilia
Em sua homilia, o Santo Padre enfatizou a recordação de São Paulo, de que “Cristo é poder e sabedoria de Deus” (1 Cor 1, 24). Segundo o Papa, Jesus revelou este poder e esta sabedoria através da misericórdia e do perdão. “Fê-lo dando a sua vida na cruz”, complementou.
Seguir o caminho de Deus
“Como é fácil cair na armadilha de pensar que temos de demonstrar aos outros que somos fortes, que somos sábios; na armadilha de construirmos imagens falsas de Deus, que nos deem segurança (cf. Ex 20, 4-5)! Na realidade, é o contrário. Todos nós precisamos do poder e da sabedoria de Deus revelada por Jesus na cruz”. É o que refletiu o Pontífice.
O povo do Iraque carrega as feridas da guerra e da violência, feridas essas visíveis e invisíveis. A tentação, de acordo com Francisco, é responder a estes e outros fatos dolorosos com uma força humana, com uma sabedoria humana. Jesus, ao contrário, mostra o caminho de Deus, aquele que Ele mesmo percorreu e por onde chama homens e mulheres a segui-Lo.
O coração deve ser limpo e purificado
No Evangelho, Jesus expulsou do Templo de Jerusalém os cambistas e todos os que compravam e vendiam. A partir desse fato, o Pontífice questionou os fiéis sobre o porquê de Jesus ter realizado este ato tão forte e provocador.
“Fê-lo porque o Pai O enviou para purificar o templo: não só aquele de pedra, mas sobretudo o do nosso coração. Como Jesus não tolerou que a casa de seu Pai se tornasse um mercado (cf. Jo 2, 16), assim deseja que o nosso coração não seja um lugar de turbulência, desordem e confusão”.
O coração deve ser limpo. É o que defendeu o Papa. Ele deve ser posto em ordem e purificado das falsidades que o sujam, das simulações e da hipocrisia. São “doenças”, que segundo Francisco, todos têm e que fazem mal ao coração. Elas mancham a vida, tornam-na hipócrita. É preciso purificar seguranças falaciosas, que trocam a fé em Deus pelas coisas que passam.
Varrer do coração impulsos de poder e dinheiro
Varrer do coração e da Igreja as nefastas sugestões do poder e do dinheiro, exortou o Pontífice. “Para limpar o coração, precisamos de sujar as mãos: sentirmo-nos responsáveis e não ficarmos parados enquanto sofrem o irmão e a irmã”.
Deste modo, o Papa defende que sozinhos, homens e mulheres não são capazes de purificar o coração, pois têm necessidade de Jesus. “Ele tem o poder de vencer os nossos males, curar as nossas doenças, restaurar o templo do nosso coração. Para confirmação disto mesmo e como sinal da sua autoridade, disse: ‘Destruí este templo, e em três dias Eu o levantarei’ (2, 19)”.
Jesus purifica a humanidade e não a abandona
“Jesus Cristo, e só Ele, pode purificar-nos das obras do mal. (…) Deus não nos deixa morrer no nosso pecado. Mesmo quando Lhe voltamos as costas, nunca nos abandona”. Foi o que destacou Francisco em sua homilia.
O Senhor quer que todos sejam salvos e se tornem templo vivo do seu amor. Jesus não só purifica os pecados, mas torna todos também participantes do seu próprio poder e sabedoria, destacou o Pontífice.
De acordo com o Papa, Cristo liberta homens e mulheres de tudo que divide, contrapõe e exclui. A partir disso, os impulsiona a construírem uma Igreja e uma sociedade abertas a todos. Ao mesmo tempo, apontou Francisco, Jesus revigora todos para que saibam resistir à tentação de procurar vingança.
Não fazer proselitismo
Com a força do Espírito Santo, o Pontífice afirmou que Jesus ensina a humanidade a não fazer proselitismo. Cristo os chama a testemunharem que o Evangelho tem o poder de mudar a vida.
“O Ressuscitado torna-nos instrumentos da paz de Deus e da sua misericórdia, artífices pacientes e corajosos de uma nova ordem social”, sublinhou.
Sinal do Reino de Deus
Francisco comentou que as comunidades cristãs formadas por pessoas humildes e simples tornam-se sinal do Reino de Deus. Ao citar a frase do evangelho, dita por Jesus – ‘Destruí este templo, e em três dias Eu o levantarei’ (Jo 2, 19), o Pontífice recordou que Cristo falava do templo do seu corpo. Por conseguinte, também falava da sua Igreja.
“O Senhor promete que pode, com o poder da sua Ressurreição, fazer-nos ressurgir a nós e às nossas comunidades das ruínas causadas pela injustiça, a divisão e o ódio. É a promessa que celebramos nesta Eucaristia”.
Com os olhos da fé, o Santo Padre pediu aos fiéis que reconheçam a presença do Senhor crucificado e ressuscitado. Desta forma, defendeu que aprenderão a acolher a sua sabedoria libertadora, a repousar nas suas chagas e a encontrar cura e força para servir o seu Reino.
“Pelas suas feridas, fomos curados (cf. 1 Ped 2, 24). Nas suas chagas, amados irmãos e irmãs, encontramos o bálsamo do seu amor misericordioso. Porque Ele, Bom Samaritano da humanidade, deseja ungir cada ferida, curar cada recordação dolorosa e inspirar um futuro de paz e fraternidade nesta terra”.
No Iraque, Igreja proclama a sabedoria da cruz
A Igreja no Iraque observou o Santo Padre, fez e continua a fazer muito para proclamar a sabedoria da cruz. Ela espalha a misericórdia e o perdão de Cristo especialmente junto dos mais necessitados.
“Mesmo no meio de grande pobreza e tantas dificuldades, muitos de vós oferecestes generosamente ajuda concreta e solidariedade aos pobres e atribulados. Este é um dos motivos que me impeliu a vir em peregrinação até junto de vós, ou seja, para vos agradecer e confirmar na fé e no testemunho”.