Francisco dirigiu-se à cidade assíria, Qaraqosh, no norte do país, após oração em sufrágio pelas vítimas da guerra em Mossul
Julia Beck
Da redação, com Boletim da Santa Sé
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Papa Francisco na Igreja da Imaculada Conceição em Qaraqosh, Iraque /Foto: Vatican Media via Reuters
“É preciso capacidade de perdoar e, ao mesmo tempo, coragem de lutar”. É o que afirmou o Papa Francisco à comunidade de Qaraqosh. A frase do Pontífice foi dirigida aos cristãos e todos aqueles que sobreviveram aos ataques terroristas no Iraque.
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O Santo Padre dirigiu-se à cidade assíria, Qaraqosh, norte do país, após oração em sufrágio pelas vítimas da guerra em Mossul. Este foi o único compromisso do Papa na comunidade, mais precisamente na Igreja da Imaculada Conceição.
Leia na íntegra
.: Discurso do Papa à comunidade de Qaraqosh
Expectativa para o momento
No início de seu discurso, Francisco comentou que estava ansioso para o momento. Agradecimentos foram destinados ao Patriarca Ignace Youssif Younan, Senhora Doha Sabah Abdallah e ao Padre Ammar Yako. Os três saudaram o Pontífice no início do encontro.
A diversidade cultural e religiosa de Qaraqosh
A diversidade cultural e religiosa do povo de Qaraqosh foi frisada pelo Santo Padre. “Isso mostra algo da beleza que a vossa região tem para oferecer ao futuro. A vossa presença aqui lembra que a beleza não é monocromática, mas resplandece pela variedade e as diferenças”.
Sinais da violência, do ódio e da guerra
Simultaneamente, Francisco comentou sua tristeza ao ver os sinais do poder destruidor da violência, do ódio e da guerra. “Quantas coisas foram destruídas! E quanto deve ser reconstruído!”.
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A última palavra é de Deus
“Este nosso encontro demonstra que o terrorismo e a morte nunca têm a última palavra”, frisou o Papa. “A última palavra pertence a Deus e ao seu Filho, vencedor do pecado e da morte”.
Mesmo no meio das devastações do terrorismo e da guerra, o Pontífice sublinhou que é preciso ver com os olhos da fé o triunfo da vida sobre a morte. “Tendes diante de vós o exemplo dos vossos pais e mães na fé, que adoraram e louvaram a Deus neste lugar”.
Perseverar com esperança
O Santo Padre pediu aos cristãos que perseverem com firme esperança, confiando em Deus que nunca decepciona e sustenta a todos com sua graça.
“A grande herança espiritual que nos deixaram continua a viver em vós. Abraçai esta herança! Esta herança é a vossa força. Agora é o momento de reconstruir e recomeçar, confiando-se à graça de Deus, que guia o destino de cada homem e de todos os povos”, destacou o Papa.
Aos iraquianos, o Pontífice afirmou: “Não estais sozinhos. Solidária convosco está a Igreja inteira, com a oração e a caridade concreta. E, nesta região, muitos vos abriram as portas nos momentos de necessidade”.
Restaurar laços de unidade
Mais que restaurar estruturas, Francisco pediu que os laços que unem comunidades e famílias, jovens e idosos, sejam restaurados. O Santo Padre comentou novamente que quando os idosos e os jovens se encontram, os idosos sonham um futuro para os jovens.
Os jovens e crianças iraquianas herdarão não apenas uma terra, uma cultura e uma tradição, mas também os frutos vivos da fé, que são as bênçãos de Deus. É o que revelou o Pontífice.
Quando a fé for abalada, lembrar que Jesus está próximo
O Papa prosseguiu seu discurso comentando desta vez sobre os momentos em que a fé é abalada e parece que Deus não vê e nem intervém. Sentimentos que são despertados em dias de guerra, dor e sofrimento.
“Nestes momentos, lembrai-vos que Jesus está ao vosso lado. Não deixeis de sonhar. Não desistais, não percais a esperança. Do Céu, os Santos velam sobre vós: invoquemo-los e não nos cansemos de pedir a sua intercessão”.
Terra de muitos santos
Francisco comentou que o Iraque é uma terra de muitos homens e mulheres santos. “Deixai que vos acompanhem para um futuro melhor, um futuro de esperança”.
Palavras da Senhora Doha e do Padre Ammar
O Santo Padre comentou as palavras da Senhora Doha, que disse que o perdão é necessário por parte daqueles que sobreviveram aos ataques terroristas. “Perdão: esta é uma palavra-chave. O perdão é necessário para permanecer no amor, para se permanecer cristão. O caminho para uma cura plena poderia ainda ser longo, mas peço-vos, por favor, que não desanimeis”.
Padre Ammar, ao recordar os horrores do terrorismo e da guerra, agradeceu ao Senhor por ter sustentado os iraquianos nos momentos bons e maus, na saúde e na doença. A gratidão nasce e cresce, quando recordamos os dons e as promessas de Deus, observou o Papa. Deste modo, o Pontífice frisou que a memória do passado molda o presente e faz com que todos avancem para o futuro.
Francisco pediu aos católicos que não se cansem de rezar pela conversão dos corações e pelo triunfo de uma cultura da vida, da reconciliação e do amor fraterno, no respeito pelas diferenças, pelas diversas tradições religiosas, no esforço por construir um futuro de unidade e colaboração entre todas as pessoas de boa vontade.
Agradecimento às mulheres
Por fim fez uma particular saudação às mulheres: “Gostaria de agradecer cordialmente a todas as mães e mulheres deste país, mulheres corajosas que continuam a dar vida não obstante os abusos e as feridas. Que as mulheres sejam respeitadas e protegidas! Que lhes sejam dadas atenção e oportunidades!”.