Santa Sé divulga texto escrito por Francisco cujo tema “Vocação: graça e missão” tem inspiração no 3º Ano Vocacional do Brasil
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
A Santa Sé apresentou nesta quarta-feira, 26, em coletiva de imprensa, a mensagem do Papa Francisco para o 60º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. A data será celebrada no próximo domingo, 30, com o tema “Vocação: graça e missão”. Para sua mensagem, o Pontífice se inspirou no 3º Ano Vocacional do Brasil, que conta com a mesma temática.
Esta inspiração foi confirmada pelo Secretário do Dicastério para o Clero, Dom Andrés Gabriel Ferrada Moreira, na coletiva de apresentação da mensagem. Segundo o religioso, durante a visita ad limina apostolorum de alguns bispos da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (CNBB) realizada no ano passado, foram partilhados com o Santo Padre alguns detalhes do 3º Ano Vocacional do Brasil, iniciado em 20 de novembro de 2022, inclusive o tema.
“O Sucessor de Pedro quis fazer seu o tema que inspirou esta Mensagem, porque lhe pareceu uma iniciativa que pretende – como escreveram os Bispos brasileiros – ‘exortar cada pessoa a acolher o chamado de Jesus como uma graça, de modo que mais corações ardem e que seus pés estão a caminho, em direção missionária’”, explicou Dom Ferrada.
Comemorado todos os anos no 4º Domingo do Tempo Pascal, o Dia Mundial de Oração pelas Vocações foi instituído em 1964, pelo Papa Paulo VI, em meio ao Concílio Vaticano II. “Esta providencial iniciativa visa ajudar os membros do Povo de Deus a responder, pessoalmente e em comunidade, à chamada e à missão que o Senhor confia a cada um no mundo de hoje, com as suas feridas e as suas esperanças, os seus desafios e as suas conquistas”, introduz o Papa Francisco.
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Vocação: graça e missão
Refletindo sobre o tema deste ano, o Santo Padre fala dos aspectos da vocação. O chamado do Senhor é graça, dom gratuito, que leva ao esforço da partida, indo ao encontro dos irmãos para testemunhar a fé. Essa fé testemunhada fortalece o vínculo entre a vida da graça e o apostolado no mundo.
“Animado pelo Espírito, o cristão deixa-se interpelar pelas periferias existenciais e é sensível aos dramas humanos, tendo sempre bem presente que a missão é obra de Deus e não a realizamos sozinhos, mas em comunhão eclesial, juntamente com os irmãos e irmãs, guiados pelos Pastores”, ressalta Francisco.
Chamados ao amor
Na sequência da mensagem, o Papa explica que, antes mesmo de o mundo ser criado, cada indivíduo já é chamado por Deus. Uma convocação à santidade na presença do Pai, no amor. “Fomos criados pelo Amor, por amor e com amor, e somos feitos para amar”, prossegue.
Ao longo da vida, Deus se manifesta e aguarda a resposta de cada um à iniciativa divina e ao dom gratuito que lhe foi concedido. “Esta é a estrutura fundamental daquilo que entendemos por vocação: Deus chama amando, e nós, agradecidos, respondemos amando. Descobrimo-nos como filhos e filhas amados pelo mesmo Pai, e reconhecemo-nos como irmãos e irmãs entre nós”, exalta o Pontífice.
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A partir do chamado, há o envio – não há vocação sem missão. O Papa recorda São Paulo, que exclamava: “ai de mim se eu não evangelizar!” (cf. 1 Cor 9, 16). “A missão comum a todos nós, cristãos, é testemunhar com alegria, em cada situação, por atitudes e palavras, aquilo que experimentamos estando com Jesus e na sua comunidade, que é a Igreja,” completa Francisco.
O Santo Padre recorda que essa ação missionária não surge da vontade do próprio indivíduo. Só é possível partir para anunciar a Boa Nova se houver um encontro, uma experiência profunda com Jesus. “Só assim podemos tornar-nos testemunhas de Alguém, duma Vida; e é isso que nos torna ‘apóstolos’”, destaca.
Uma Igreja reunida, em saída
Francisco recorda ainda a diversidade de dons e como, apesar das diferenças, todos são chamados juntos. Detalha ainda que a palavra “igreja” deriva da palavra grega “Ekklesía”, que significa “assembleia”. A vocação se concretiza na vivência daquilo para o qual cada um foi chamado, mas é apenas com a união de todos que se forma a verdadeira Igreja.
“Só na relação com todas as outras é que cada vocação específica na Igreja se revela plenamente com a sua própria verdade e riqueza. Neste sentido, a Igreja é uma sinfonia vocacional, com todas as vocações unidas e distintas em harmonia e juntas ‘em saída’ para irradiar no mundo a vida nova do Reino de Deus”, ensina o Pontífice.
Finalizando, o Papa Francisco reforça que “a vocação é dom e tarefa, fonte de vida nova e de verdadeira alegria”, e deixa trechos da oração composta pelo Papa Paulo VI para o 1º Dia Mundial das Vocações, em 11 de abril de 1964:
“Ó Jesus, divino Pastor das almas, que chamastes os Apóstolos para fazer deles pescadores de homens, continuai a atrair para Vós almas ardentes e generosas de jovens, a fim de fazer deles vossos seguidores e vossos ministros; tornai-os participantes da vossa sede de redenção universal, abri-lhes os horizontes do mundo inteiro, para que, respondendo à vossa chamada, prolonguem aqui na terra a vossa missão, edifiquem o vosso Corpo místico, que é a Igreja, e sejam ‘sal da terra’, ‘luz do mundo’”.