Ano da Vida Consagrada

Vida consagrada só tem sentido em Jesus, diz religiosa

Presidente da CRB fala da essência da vida consagrada, que recebe atenção especial nesse ano dedicado a ela pelo Papa

Jéssica Marçal
Da Redação

Religiosos do Brasil e do mundo vivem em 2015 um tempo especial: o Ano da Vida Consagrada, que começou em 30 de novembro de 2014 e segue até 2 de fevereiro de 2016. Trata-se de uma oportunidade especial para aprofundar a identidade da vida religiosa e sua vocação no mundo.

No Brasil, religiosos de todo o país participam, nesta semana, de 7 a 10 de abril, de um Congresso promovido pela Conferência dos Religiosos, em que se discute temas centrais para a vida religiosa. Participa do encontro a presidente nacional da Conferência, irmã Maria Inês Vieira, consagrada a Deus como Irmã Mensageira do Amor Divino há 46 anos.

Irmã Maria Inês, consagrada há 46 anos / Foto: CRB Nacional

Irmã Maria Inês, consagrada há 46 anos / Foto: CRB Nacional

Em entrevista ao noticias.cancaonova.com sobre a vida consagrada, irmã Inês disse que Jesus Cristo é a única identidade da Vida Consagrada e a missão desta é a mesma dele: o Reino de Deus. “A Vida Consagrada só tem sentido em Jesus Cristo, Ele é a nossa única identidade, e a nossa bela missão é a mesma dele: o Reino de Deus. Não temos outra identidade senão permanecer em Cristo”.

Um acontecimento marcante para a vida religiosa foi o Concílio Vaticano II, considerado um “divisor de águas” para a Igreja e também para a vida consagrada. Citando o frei carmelita Bruno Secondin, irmã Inês mencionou algumas das novidades trazidas pelo Concílio, questões que transformaram todo o paradigma formativo.

“O carisma e a sua constelação, a partir do dom do Espírito e através dos capítulos sobre o carisma da Vida Religiosa; a profética a partir do esboço conciliar do sinal, mas referente à escola da escuta da Palavra, posta em relação com os sinais dos tempos e a tarefa de denunciar, anunciar, interceder, explorar, o que é típico do profeta; a refundação como êxito radical do retorno às intenções dos fundadores, mas aprendendo e exercitando a arte da atenção aos novos contextos; a opção preferencial pelos pobres; a adaptação à mudança das condições culturais, sociais, psíquicas, antropológicas etc”.

Um documento de destaque, fruto do Concílio, foi o Decreto Perfectae Caritatis, de 1965, e que tem como foco a renovação da Vida Consagrada. Segundo irmã Inês, o documento abriu o empenho por uma vida consagrada mais humanizada, com mais espaço aos direitos da pessoa.

“As relações eclesiais com os bispos, antes reduzidas somente ao relatório, se entrelaçam num multirrelacionamento. A releitura das intenções dos fundadores levou a descobertas originais dos projetos de origem e a uma criatividade exploratória em torno do carisma para uma nova encarnação e inculturação. O convite a participar do progresso bíblico, teológico, litúrgico, pastoral, ecumênico, missionário etc. provocou uma miríade de experiências geniais e, sobretudo, um crescimento da consciência feminina”, conta a religiosa.

Embora publicado há 50 anos, o documento permanece atual. A religiosa citou, por exemplo, alguns pontos de destaque do decreto que ainda fala aos dias de hoje: a necessidade de fazer do seguimento de Cristo, proposto no Evangelho, a regra suprema; o conhecimento das intenções específicas dos fundadores e a participação na vida da Igreja.

Essas são algumas das bases que norteiam a vida religiosa, uma vocação à qual irmã Inês foi chamada desde cedo. “Desde muito jovem, o que tinha no meu coração era e é o desejo de fazer algo mais aos irmãos e irmãs mais necessitados, seguindo os passos de Jesus. Até hoje esse é o meu ideal e o que me realiza: a vida consagrada é seguir Jesus, sendo resposta de amor, particularmente onde a vida clama”.

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