Visita ad limina

Saudação do Arcebispo de Campo Grande a Bento XVI

No encerramento, da visita ad limina dos bispos dos Regionais 1 e 2 da CNBB, o Arcebispo de Campo Grande (MS), Dom Vitório Pavanello, fez a saudação ao Papa Bento XVI. 

Beatíssimo Padre,

Estamos no fim da nossa visita ad Limina, quando, pela primeira vez, nós bispos dos regionais Oeste 1 e Oeste 2 da CNBB, temos a graça de nos encontrar com Vossa Santidade, como Papa eleito para governar a Santa Igreja e, através de vossa pessoa, sentir o pulsar do coração da Igreja Católica que tanto nós amamos.

Toda visita ad Limina se torna um momento marcante para nós bispos, no encontro pessoal e reservado com Vossa Santidade e, nesse momento, além de ouvir vossas palavras, quais filhos confiantes no coração do pai, abrir o nosso para expor as realizações pastorais que acontecem em cada uma de nossas Dioceses, como também relatar os grandes desafios que se apresentam à Igreja na nossa vasta região de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Nos dois regionais da CNBB – Oeste 1 e Oeste 2 -, temos a alegria, Santo Padre, de apresentar-vos que, desde a última visita ad Limina, cresceu em número e também em qualidade o clero diocesano. Para atender a sua formação temos dois centros ou seminários regionais, primeiro em Campo Grande, o Seminário Regional Maria Mãe da Igreja, dividido em duas comunidades, uma dos estudantes de filosofia e a outra a dos estudantes de teologia. Todos os seminaristas de filosofia freqüentam o curso de filosofia na Universidade Católica Dom Bosco e os de teologia no Instituto Teológico do Oeste, João Paulo II. No Regional Oeste 2, o Seminário também é regional e todos estudam num único centro de formação filosófica e teológica.

Ao lado das alegrias de um clero crescente e oblativo, temos também a alegria de informar-vos, Santo Padre, sobre o despertar sempre mais numeroso de agentes de pastoral formados por leigos e leigas. Para atender as suas aspirações e exigências, a maioria das dioceses abriu para eles escolas de formação cristã, pastoral, de teologia para que eles, bem preparados e treinados, se tornem forças vivificadoras nas dioceses, nas paróquias e nas pequenas comunidades eclesiais e na sociedade.

Graças aos leigos mais conscientizados e preparados, vemos crescer e se organizar sempre melhor a dimensão catequética, visando sobretudo os adultos, sem menosprezar as crianças e adolescentes.

Pela ação da Catequese estamos adotando o Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, entre nós chamado de RICA. São muitos os adultos não batizados e que agora pedem o Batismo. São os leigos os nossos grandes e disponíveis agentes a preparar os catecúmenos para a recepção dos Sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia.

No coração da ação dos leigos, colocamos como força prioritária a Pastoral da Família, como nos pede a Familiaris Consortio e o Documento de Aparecida entre outros documentos pontifícios e nacionais da Igreja.

Outra ação que se espalha com força evangélica são as missões populares que em todas as dioceses estão se organizando, programando e acontecendo com muitos frutos de conscientização e compromissos sempre mais assumidos pelos fiéis.

Ao lado desses dados positivos que certamente alegrarão o coração de Vossa Santidade, não podemos esconder também os grandes desafios que as nossas Igrejas particulares têm de enfrentar.

Em primeiro lugar, temos os desafios das seitas evangélicas que, em sua maioria, são terrivelmente agressivas, tornando quase impossível a tentativa de aproximação e de diálogo ecumênico.

Mesmo com toda a força missionária que estamos desenvolvendo em nossas dioceses, não podemos deixar de lamentar o êxodo de grande número de fiéis incautos que caem nas malhas destas igrejas que, com a Bíblia, com a Palavra de Deus, enganam os fiéis expropriando-lhes o dinheiro para fins pessoais ou de poucos, em vez de aplicá-lo para o bem social da sua comunidade.

Um dos seus objetivos é a busca do poder político. Para isso investem muito na política partidária, de modo a buscar a eleição e escolha de muitos de seus representantes para serem eleitos nas câmaras municipais, nas assembléias legislativas e também no Congresso federal.

Sofremos também, Santo Padre, com a política indigenista, sobretudo em Mato Grosso do Sul, onde a maioria dos índios Guaranis e Kadiweus estão sendo sempre mais encurralados em pequenas áreas, dificultando a expansão, a expressão da sua cultura e da sua própria sobrevivência. Podemos afirmar que a única voz em sua defesa é a Igreja que, graças a Deus, é bastante ouvida, mas que, na hora de agir, sempre aparecem recursos jurídicos a postergar aquilo que é fundamental para eles: a delimitação das áreas indígenas que por direito histórico lhes pertence.

No campo político, reconhecemos que a Igreja goza de estima, sobretudo quando se pronuncia em defesa dos mais fracos e tenta dialogar com os poderes executivo, legislativo e judiciário. Torna-se, porém, delicada a presença da Igreja, em vista da corrupção que se difunde em todas as esferas do Governo. Para não comprometer-se com ela, às vezes acabamos por ficar longe dos centros decisórios.

Mas aqui estamos Santo Padre, não só para relatar-vos alguns dos pontos que mais nos preocupam no nosso trabalho pastoral, mas também para ouvir a vossa palavra que certamente como Pastor supremo tem a mensagem oportuna para nos animar e iluminar no nosso múnus pastoral.

Santo Padre, estamos aqui para testemunhar a nossa comunhão profunda com toda a Igreja. Queremos estar sempre cum Petro e sub Petro, na certeza de que, na comunhão plena com o Santo Padre, está a garantia do êxito do nosso trabalho pastoral e, através do Romano Pontífice, estamos também em comunhão com todos os bispos da nossa Igreja.

Por fim, Santo Padre, certo de interpretar os sentimentos dos meus irmãos bispos aqui presentes, quero agradecer, em primeiro lugar a Vossa visita pastoral, pela canonização de Santo Antonio Maria Galvão, em São Paulo, e sua presença na abertura da Conferência dos Bispos da América Latina e do Caribe, em Aparecida. Vossa Santidade não pode avaliar o grande bem que produziu no meio do nosso povo a sua presença amável, sorridente, emoldurada na simplicidade de um verdadeiro bom pastor e, ao lado da sua presença, também as palavras sábias para a vida pastoral e missionária para a nossa Igreja que vive no Brasil.

Quero também agradecer a promulgação do Ano Paulino que levou a muitos e também a nós a nos aprofundar na vida e missão do grande Apóstolo dos gentios.

Quero agradecer a criação do Ano Sacerdotal que está despertando muito interesse e reflexão sobre a vida e a missão do sacerdote, consciência não só vivenciada pelos próprios sacerdotes, mas também despertada entre os nossos fiéis como a valorizar a vida e o ministério dos presbíteros e exigir deles uma vida transparente de santidade, de pureza e de entrega aos fiéis a exemplo de Cristo, o Bom Pastor.

Por último, Santo Padre, quero agradecer-Vos a sua última carta encíclica Caritas in veritate , muito oportuna e muito incisiva para todos os homens de boa vontade, mas também para nós muito propícia para o nosso múnus episcopal.

Pedimos a Nosso Senhor, na intercessão de Nossa Senhora e dos Apóstolos Pedro e Paulo, cujos túmulos visitamos e sobre eles renovamos a profissão de fé, que o conserve por muitos anos, com saúde e força física suficiente para governar a Igreja que o Espírito Santo lhe confiou a partir do último conclave.

Dê-nos a vossa Bênção Apostólica para retornarmos às nossas dioceses com mais vigor, alegria e sabedoria e que essa bênção seja estendida aos nossos presbíteros, religiosas, religiosos, seminaristas e a todos os nossos fiéis.

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