A três dias da conclusão do Ano do Laicato, Dom Severino Clasen comenta reflexos das formações eclesiais para a missão do leigo na Igreja e no mundo
Júlia Beck
Da redação
O Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas, comemorado neste último domingo litúrgico, 22, festa de Cristo Rei, marcará o encerramento do Ano Nacional do Laicato. Após um período de intensas atividades, formações, seminários, congressos e oração, Dom Frei Severino Clasen, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), destacou o legado deixado pelo Ano Nacional do Laicato: o reconhecimento da missão do leigo dentro da Igreja e, principalmente, o reconhecimento da missão do leigo no mundo.
“Esse Ano Nacional do Laicato contribuiu significativamente para a compreensão dos leigos sobre qual é a sua missão dentro da Igreja, de participar das pastorais, movimentos e serviços, mas principalmente, o de levar esse sentimento onde estão, na família, no trabalho, na escola, em todo lugar, fazendo com que o fermento e a alegria do evangelho contaminem o mundo todo”, afirmou o bispo.
Dom Severino chamou atenção dos cristãos leigos para aquilo que ele chamou de o grande perigo dos dias atuais: “Nós temos o grande perigo nos dias de hoje de sermos cristãos apenas dentro da Igreja, onde nós achamos que as nossas próprias convicções já resolvem e salvam tudo, isso entra em uma heresia chamada de agnosticismo e pelagianismo, onde nós achamos que pelo nosso próprio esforço já resolvemos tudo. Não é assim, é pela graça de Deus, é a força de Deus agindo em nós e, inspirados nisso, nós transformamos o mundo”.
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A Lumen Gentium (Luz dos Povos), um importante texto construído a partir do Concílio Vaticano II, foi recordado pelo bispo como um documento direcionado ao apostolado dos leigos e à participação dos mesmos na missão salvífica da Igreja, de importante conscientização de todos os batizados a cerca da missão de testemunhar Jesus Cristo aonde forem e onde estiverem. Os documentos da Igreja dedicados aos leigos são, para Dom Severino, uma prova de que há uma valorização dos leigos e leigas enquanto parte do povo de Deus.
“Jesus Cristo veio justamente, pela graça que a Ele confere, implantar o reino dos céus. Ele convoca todos os batizados a serem instrumentos do Reino de Deus nesse mundo, onde estiverem. É importantíssimo que haja essa participação dos cristãos leigos e leigas na Igreja, mas não só na Igreja, mas onde estiverem no dia a dia, como Igreja, como povo eleito que faz parte do serviço do anúncio do evangelho. (…) Crescendo nessa vida eclesial, ou seja, de dentro da Igreja, é preciso sair e ser Igreja em todo o espaço”, comentou o presidente da Comissão para o Laicato da CNBB.
Nesse Ano Nacional do Laicato, Dom Severino reafirmou os muitos avanços no diálogo e conscientização dos leigos, e apontou a conclusão deste período intenso de atividades voltadas para o laicato como um ponto de partida. “É preciso que os cristãos leigos e leigas possam crescer a partir deste Ano do Laicato, nesse exercício do cultivar-se, conhecer-se e conhecer ao outro, de crescimento na espiritualidade, e respeito mútuo, assim consegue-se alcançar a missão de ser sal da terra”, suscitou. Para Dom Severino, a partir desse ano, serão sentidos os reflexos de um novo jeito, de um novo brilho na vida cristã de todos os batizados e batizadas.
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Os jovens e o laicato
“Precisamos ouvir os jovens, eles têm muita coisa bonita para nos falar, eles têm muito entusiasmo para trazer e eles são responsáveis por tantas coisas bonitas que aconteceram neste Ano do Laicato, porque mostram uma sensibilidade religiosa muito grande. O jovem por excelência é muito religioso, ele se sente bem servindo a Deus, nem sempre eles entendem a Igreja como instituição ou participam dos sacramentos, mas o jovem é muito religioso, e por isso é importante que a comunidade e povo de Deus saiba entendê-lo e atraí-lo para o serviço, para o testemunho, para o fomento da vida eclesial”, afirmou Dom Severino.
O presidente da Comissão para o Laicato da CNBB comentou sobre o valor do contato entre jovens e adultos no trabalho apostólico da Igreja e alertou sobre os cuidados nesta relação: “Os adultos também tem algo bom para contar aos jovens, contanto que não fiquemos com moralismo, com imposições, mas sim com sensibilidade para que haja este envolvimento, esta compreensão e simpatia para mostrar as coisas boas que nós temos”.
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Para o bispo, o Sínodo 2018 trouxe grandes elementos para o incentivo aos jovens na aproximação de uma religião mais qualificada, definida como instituição, que acolhe e ao mesmo tempo envia em missão. “Queremos um laicato mais vivo, atuante, mais responsável, mais participativo, mais integrado, mais junto, inclusive peço que o clero convide, convoque e abra as portas para que os cristãos leigos e leigas, maduros, possam participar das decisões também da Igreja, é um desafio”, afirmou Dom Severino que pontuou que com o enriquecimento da fé, madura e resolvida, o laicato cresce.
A Campanha da Fraternidade
A Campanha da Fraternidade 2019, que tem como tema “Fraternidade e Políticas Públicas” e lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27), é para Dom Severino outra forma de incentivar a missão leiga no mundo. “É preciso fazer também com que os leigos participem das decisões daquilo que lhes compete, que lhes interessa, que lhes pertence, que lhes é necessário para uma harmonia na sociedade, na governança da sociedade. A partir da cobrança as injustiças poderão ser superadas e poderemos contar com a alegria e com a fraternidade vivida na Igreja”, concluiu.
Assista ao documentário da TV Canção Nova, ‘Leigos, protagonistas de uma Igreja em saída’: