Campanha incentiva teste precoce e tratamento imediato às vítimas do HIV
Da redação, com CNBB
“Nós podemos construir um futuro sem Aids”. Este é o lema da campanha promovida pela Pastoral de Aids e lançada nesta terça-feira, 29, na sede da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB), em Brasília. A campanha além de incentivar a testagem precoce e não apenas quando a doença já está em estágio avançado, quer enfatizar que todas as pessoas que se descobrem com HIV podem ter acesso ao tratamento, estratégia fundamental para evitar danos à saúde e reduzir a transmissão do vírus.
Para o secretário executivo da Pastoral da Aids, frei José Bernardi, “a epidemia da aids é complexa, multiforme e não pode ser vencida por uma estratégia única ou por um só ator social. Por isso, vejo como muito importante que os agentes de pastoral da Igreja se envolvam nesse esforço para diminuir as taxas de incidência de HIV, que significa menos gente sofrendo com uma doença que pode ser evitada”.
O objetivo da Campanha da CNBB é fazer com que as pessoas comecem o tratamento assim que se descobrem com HIV. A expectativa da Unaids é, até 2030, tornar o número de novas infecções baixos a níveis não epidêmico cumprindo a meta 90-90-90: que 90% de todas as pessoas com HIV conheçam seu diagnóstico, que 90% das diagnosticadas sejam tratadas imediatamente, e que 90% das tratadas possuam carga viral indetectável e não possam mais transmitir o vírus.
O assessor da Pastoral da Aids, Frei Luiz Carlos Lunardi, afirma que as ações de cunho comunitário, das Pastorais, grupos e Movimentos da Igreja Católica tem contribuído significativamente na resposta ao HIV com ações entre populações mais vulneráveis. O trabalho no incentivo ao diagnóstico precoce e na motivação e acompanhamento para o tratamento tem sido intensivo pelos agentes das Pastorais.
Este ano, a campanha terá como protagonista a cantora Fafá de Belém. A contribuição dela será importante, por sua expressão nacional, por ser da região norte – onde há um alto índice de novas infecções – e por atingir a população feminina, atualmente atingida fortemente pela infecção pelo HIV e, por isso, também alvo da campanha. “Sinto-me feliz em contribuir neste trabalho e neste objetivo de informar e orientar as pessoas para que ninguém mais se infecte com HIV e os que necessitarem busquem seu tratamento”, destaca Fafá de Belém.
Dados Unaids
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), estima que 36,7 milhões de pessoas vivem com o vírus HIV ao redor do mundo, 57% sabem que são soropositivos e apenas 46% tem acesso ao tratamento. Além disso, o levantamento mostra que 1,1 milhão morreram em decorrência de doenças relacionadas à AIDS, entre 2010 e 2015. No Brasil, estima-se que 830 mil pessoas têm o vírus HIV. Desses, somente 55% fazem o tratamento. Os dados revelam ainda que em média 44 mil novos casos são notificados por ano. Os números revelam ainda que entre 2010 e 2015, 15 mil mortes foram em decorrência da doença. Segundo a Unaids, 40% das infecções da América Latina estão concentradas no Brasil.
Epidemia
A epidemia no Brasil já tem 30 anos. Nos anos 1980 surgiram os primeiros casos e rapidamente se alastrou por todas as regiões do Brasil. A epidemia da Aids, hoje é considerada uma epidemia estabilizada, mas em alguns estados a doença se alastra com índices altos de novas infecções. O HIV atinge todas as camadas sociais e todos os perfis populacionais. Na resposta Brasileira se direciona atenção especial a algumas populações específicas, também chamadas populações-chave entre elas jovens.
A faixa etária em que a aids é mais incidente, em ambos os sexos, é a de 25 a 49 anos de idade. Chama atenção a análise da razão de sexos em jovens de 13 a 19 anos. Essa é a única faixa etária em que o número de casos de aids é maior entre as mulheres. A inversão apresenta-se desde 1998. Em relação aos jovens, os dados apontam que, embora eles tenham elevado conhecimento sobre prevenção da aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, há tendência de crescimento do HIV.