Autor de diversos livros de formação católica enaltece participação feminina na história da Igreja, desde Santa Helena, mãe do imperador Constantino, até as santas doutoras
Huanna Cruz
Da Redação
A mulher tem na Igreja e na sociedade, assim como no anúncio do Evangelho, um papel preponderante a desempenhar. Ela participa, juntamente com o homem, na missão profética de Cristo, e também em sua missão sacerdotal e real.
“As mulheres amam a Igreja e, por isso, são amadas por ela”, afirma professor Felipe Aquino, autor de vários livros de formação católica e história da Igreja, escritor e apresentador da TV Canção Nova. Ele destaca que as mulheres sempre tiveram um importante papel na vida da Igreja e muitas vezes foram fundamentais para que o Evangelho entrasse em em muitas nações.
“São muitas as mulheres que influenciaram a vida da Igreja. Posso citar Santa Helena, mãe do imperador Constantino, que no século IV construiu as grandes basílicas da Terra Santa; as quatro doutoras da Igreja; Santa Genoveva, que enfrentou Átila, rei dos unos, em Paris; Santa Clara de Assis, que enfrentou os muçulmanos com o Santíssimo Sacramento; Santa Gertrudes e muitas santas princesas e rainhas que ajudaram a Igreja construindo mosteiros (…) e muitas outras que engrandeceram a Igreja no silêncio e na oração contínua”, destaca.
Doutoras da Igreja Universal
Segundo o professor Felipe Aquino, entre as inúmeras mulheres que se tornaram santas, quatro ganharam o título de “Doutoras da Igreja Universal”. São elas: Santa Hildegarda de Bingen, Santa Teresa de Ávila, Santa Catarina de Sena e Santa Teresinha do Menino Jesus. Cada uma delas deixou sua contribuição marcante.
“Santa Catarina de Sena conseguiu fazer o Papa Gregório XI voltar de Avignon, na França, para Roma, depois de 70 anos do cativeiro dos papas na França; Santa Teresa deixou escritos maravilhosos sobre e espiritualidade e reformou o Carmelo que estava relaxado no século XVI; Santa Teresinha do Menino Jesus inaugurou o caminho da ‘infância espiritual’; Santa Hildegarda foi uma monja beneditina, mística, teóloga, pregadora, compositora, naturalista, médica informal, poetisa, dramaturga e escritora alemã. Foi mestra do Mosteiro de Rupertsberg em Bingen am Rhein, na Alemanha”, relembra.
Características das Doutoras da Igreja
Santa Teresa de Ávila, como detalha o professor, era mística, formadora de monjas, fiel à Igreja no tempo da Reforma Protestante. Mulher forte, corajosa, empreendedora, mística e sábia e deixou grandes ensinamentos à Igreja.
Já Santa Teresinha, segundo o escritor, era “a doce criança” que se abandonava nos braços do Pai e de Jesus e se ofereceu pela santificação do clero e dos pecadores. Podemos dizer que imolou a sua vida pelo Reino de Deus. Santa Catarina de Sena era mística e deixou a grande obra “Diálogos”, na qual relata suas longas conversas com Deus Pai. Santa Hildegarda foi uma abadessa de um grande mosteiro, repleta de potencialidades.
Ao falar das virtudes das Doutoras, o professor destaca a confiança absoluta em Deus de Santa Teresinha; a força espiritual na formação das monjas e o amor à Igreja de Santa Teresa de Ávila; a dedicação à Igreja e o amor aos sacerdotes de Santa Catarina; e por fim, em Santa Hildegarda, a grande liderança de um mosteiro feminino.
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Presença fundamental
O professor Felipe Aquino enfatiza que a mulher exerce papel fundamental em cada realidade que está presente. Exemplo disso são as mulheres consagradas (monjas, clarissas, carmelitas, irmãs da Ordens Segundas, etc), que tiveram e têm um atuação essencial na vida eclesiástica. Da mesma forma, tantas mães católicas tiveram destaque, seja na formação do lar, na educação dos filhos ou ao fomentar vocações religiosas, como as mães de Santo Agostinho e de São João Bosco. “É um papel oculto e sem alarde, mas muito importante para a Igreja”, indica.
“Não podemos esquecer as inúmeras mulheres mártires que deram a vida por Cristo e pela Igreja: Santa Perpétua, Santa Felicidade, Santa Inês, Santa Cecília, Santa Águeda, Santa Luzia, Santa Blandina, Santa Filomena. Mulheres que amaram a Igreja e entregaram suas vidas por ela”, recorda.
As mulheres que ajudaram São Paulo
O professor lembra ainda a forte atuação das mulheres na missão do apóstolo São Paulo. Priscila, esposa de Áquila, é citada por São Paulo, além de diversas outras colaboradoras listadas pelo Apóstolo dos Gentios no capítulo 16 de sua carta aos romanos – “Saudai Trifena e Trifosa, que trabalharam para o Senhor. Saudai a estimada Pérside, que muito trabalhou para o Senhor” (Rm 16,12); “Saudai Filólogo e Julia, Nereu e sua irmã” (Rm 16,15); “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que é diaconisa da Igreja de Cêncris” (Rm 16, 1-2).
Felipe Aquino recorda ainda outras nomes citados pelo apóstolo em suas cartas. “Quando São Paulo foi a Cesareia marítima e ficou na casa do diácono Filipe, falou das quatro filhas dele ‘que profetizavam’ (At 21,9). São Paulo fala de Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus e que nos escutava: ‘O Senhor abriu-lhe o coração para as coisas que Paulo dizia. Foi batizada com a sua família’ (At 16,14). Na cidade de Filipos, Paulo e Silas foram açoitados e presos. ‘Saindo do cárcere, entraram em casa de Lídia, onde reviram e consolaram os irmãos’ (At 16,40)”, narra o professor.