Na Audiência Geral desta quarta-feira, 22, Francisco pediu, mais uma vez, uma ação partilhada para aliviar o drama dos migrantes na área do Mediterrâneo
Da redação, com Vatican News
As Igrejas da Europa se manifestaram após apelo do Papa Francisco expresso nesta quarta-feira, 22. Após a Audiência Geral, o Santo Padre voltou a frisar que o fenômeno migratório exige uma responsabilidade partilhada e pediu novamente esforços no acolhimento de migrantes.
A primeira voz é a do cardeal e presidente da Comece, a Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia. O cardeal Jean-Claude Hollerich reitera que há muitos “nossos irmãos desesperados”. Eles são os refugiados em alguns países europeus, que esperam, em seu grito de ajuda e atenção, “serem ouvidos”.
“A Igreja na Europa não pode ficar indiferente”, por conseguinte, são necessários “compromisso renovado”, “voz profética” e “exemplos concretos de solidariedade” para com “filhos de Deus”, homens e mulheres com “rostos, histórias e famílias”.
Comece: apelo às instituições e à comunidade
Assim, junto com o Papa, a Comece pede, em primeiro lugar, às autoridades da União Europeia que “permitam que os refugiados retidos nos territórios de primeiro acolhimento, como no caso de Chipre e da Grécia, sejam transferidos para outro país da UE e aí recebam a proteção e a promoção de que necessitam”.
Em seguida, o pedido é estendido também à Igreja na Europa, composta de paróquias, comunidades e fiéis, para que se tornem “testemunhas de Cristo”, especialmente neste tempo de Natal e acolham com espírito de serviço aqueles que chegam em busca de proteção. Em um esforço comum devemos visar – pede o cardeal – projetos concretos em colaboração com as autoridades públicas.
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“Que o Menino Jesus que está para nascer nos ilumine” para que possamos “reconhecê-lo em cada refugiado que bate à nossa porta” com a força necessária para superar a indiferença, roga o prelado.
Resposta da Igreja eslovena: migrantes desafio e oportunidade
Os bispos eslovenos acolhem e saúdam o convite do Papa abrindo suas comunidades aos que estão em dificuldade: migrantes e refugiados – escrevem em uma mensagem – são um “grande desafio” para os Estados membros. Países e cidadanias são chamados à solidariedade com aqueles que batem às nossas portas em busca de um futuro melhor.
“A hospitalidade e o acolhimento dos estrangeiros são há muito tempo sinal de amor e respeito pela dignidade de todo ser humano. Portanto, é importante que nosso país e a União Europeia deem a todos os refugiados e migrantes a oportunidade de obter asilo legalmente para si mesmos e suas famílias, ajudando-os a se integrarem.” A questão dos migrantes é também uma oportunidade – enfatizam os bispos – para refletir sobre o que gira em torno das guerras: o comércio de armas, as políticas econômicas injustas, a pobreza e a corrupção. Que “a Sagrada Família neste Natal – é o desejo final – nos chame ao respeito à dignidade, ao valor da paz e da solidariedade”.
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Igreja na França: é preciso uma estreita colaboração
Também a Conferência Episcopal Francesa se coloca na mesma linha, reiterando em uma declaração a necessidade de “estreita cooperação” entre cristãos e autoridades políticas no acolhimento de migrantes, “sem a qual tal acolhimento não é possível”.
Recordando os projetos de acompanhamento que se multiplicaram nos últimos anos nas dioceses francesas em favor dos migrantes e refugiados, os bispos franceses reiteram seu desejo de “contribuir para este acolhimento” e, nesta perspectiva, reiteram “sua vontade de dialogar com o governo francês”.
Bispos austríacos ao governo: proteger a dignidade e os direitos
Os bispos austríacos também expressam seu total apoio ao apelo desta quarta-feira do Papa Francisco aos Estados europeus e exortam o governo federal a se juntar a eles para enfrentar o “trágico destino” dos refugiados dentro da União Europeia.
O convite aos líderes políticos é a dar um “sinal de solidariedade e humanidade” e a aceitar uma centena de famílias “vindas dos campos de acolhimento europeus cujo status de asilo foi reconhecido”.
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A Igreja austríaca apela aos valores europeus e cristãos que se encontram no projeto solicitado pelo Papa, e recorda o grande compromisso humanitário já em curso no país e a vontade de seus cidadãos de “cuidar e integrar”. Ao mesmo tempo, porém, volta-se para a Europa, pedindo “soluções justas e solidárias” que ainda faltam. Pede claramente ao governo para proteger fronteiras e pessoas, dignidade e direitos sem exceções.
Igreja alemã: soluções e responsabilidades compartilhadas
Através do arcebispo de Hamburgo, dom Stefan Hesse, a Igreja da Alemanha também responde favoravelmente à iniciativa do Papa de promover uma distribuição justa e solidária dos que procuram abrigo na Europa.
A atividade incessante do Papa é um convite constante à caridade – dizem -, um exemplo a ser seguido. Na consideração há o quadro de um Mediterrâneo e uma Europa que não melhora no âmbito migratório com o passar do tempo, aliás, acrescenta bolsões de miséria em várias áreas, especialmente nas fronteiras orientais da UE e nos Bálcãs.
Neste contexto, a Igreja na Alemanha solicita amplos programas de acolhimento e maiores esforços para superar a crise humanitária nas fronteiras externas, tornando-se disponível ontem como hoje com a nova liderança política.
“Precisamos – escreve o arcebispo de Hamburgo – de soluções a longo prazo e responsabilidade compartilhada. O Natal – conclui o prelado- nos lembra a cada ano que Deus se faz homem em uma criança indefesa e necessitada de proteção. Hoje também encontramos Cristo em pessoas cuja dignidade está em grave perigo. Assim, o apelo do Papa não diz respeito a números abstratos, mas a seres humanos que precisam de nosso apoio.”
A Igreja na Espanha: sim aos corredores humanitários
Facilitemos novas formas de acolhimento em nossas dioceses, façamos nosso o apelo Papa e promovamos com o Estado, em todos os níveis, a criação de corredores humanitários e soluções estáveis e inclusivas. Assim se expressa, em uma declaração, a Comissão Episcopal de Pastoral Social e Promoção Humana, órgão dos bispos da Espanha, em resposta ao apelo de Francisco esta quarta-feira.
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“Deus bate à nossa porta”, as comunidades cristãs e toda a sociedade se façam próximas daqueles que mais precisam: da Igreja na Espanha, a ênfase no acolhimento responsável e em soluções justas e duradouras.
JRS: graças ao Papa, a humanidade se torna hospitalidade
Em linha e em apoio ao Papa e às Igrejas da Europa, também o Serviço Jesuíta para Refugiados (JRS) para acolher, proteger, promover e integrar os migrantes. Assim, em uma declaração em resposta ao forte apelo do Papa.
Em particular, os jesuítas da Grécia destacam a partilha com Francisco, durante sua última viagem apostólica, da dura realidade do trabalho no Mediterrâneo e sublinham com amargura o atraso nas negociações sobre as políticas migratórias europeias e depois as mortes, demasiadas, nas fronteiras externas da UE, ainda uma “realidade cotidiana”.
Os jesuítas recordam os vários discursos do Papa sobre o problema dos nacionalismos e a necessidade de responsabilidades compartilhadas às quais ninguém pode se esquivar. “Acreditamos – escrevem os jesuítas – que no profundo de nós está a capacidade de abrir nossas portas ao próximo: como seres humanos, somos levados a acolher o estrangeiro e a construir novas relações. Nossas comunidades de hospitalidade estão espalhadas em toda a Europa como autênticos espaços de encontro e constituem um convite a sermos testemunhas de esperança. Todos nós ganhamos quando a humanidade se torna hospitalidade, porque então a hospitalidade se torna humanidade.”