O presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha, detalhou a aplicação das novas diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2015 – 2019)
Da redação, com CNBB
Diálogo, comunhão e missão são metas que motivam as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil (DGAE) para o quadriênio 2015-2019. Em entrevista à revista Bote Fé, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da instituição, dom Sérgio da Rocha, explicou que a nova gestão da entidade quer trabalhar com novo ardor e empenho, dando atenção especial à vida comunitária e pastoral.
“Seja a CNBB sempre mais instrumento de diálogo no interior da Igreja e com a sociedade; de comunhão eclesial, em seus vários níveis; e de animação da missão evangelizadora”, disse dom Sérgio.
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Para o presidente da Conferência, a Igreja quer ser casa para todos, comunidade que compartilha alegrias e esperanças, tristezas e angústias. “Necessitamos ser cada vez mais Igreja solidária e servidora, a serviço da vida, da justiça e da paz”, pontua o arcebispo.
Confira a íntegra da entrevista com dom Sérgio.
Dom Sérgio, como a CNBB pretende animar as cinco urgências das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil (DGAE) no quadriênio 2015-2019?
As cinco urgências assumidas são as mesmas do quadriênio anterior, que podem ser resumidas nas seguintes palavras: missão permanente, iniciação cristã, animação bíblica, comunidade e serviço à vida. A opção por “atualizar” em vez de elaborar novas Diretrizes, expressa a importância de se continuar as principais propostas pastorais das Diretrizes anteriores, acolhidas e vividas nos últimos quatro anos. No planejamento da ação evangelizadora, à luz das novas Diretrizes, é importante considerar não apenas os novos aspectos, mas redobrar o empenho para continuar a considerar atentamente os cinco desafios e a por em prática as cinco perspectivas pastorais. O que foi realizado, no quadriênio anterior, não esgota as cinco urgências ou perspectivas pastorais. Além disso, pela sua importância e amplitude, são propostas de validade permanente.
O que representa essa reflexão nas Diretrizes: “Quero uma Igreja missionária, solidária e que saiba ouvir?”
Nas DGAE, procuramos ressaltar a eclesiologia presente nos documentos do Concílio Vaticano II, cujo Jubileu estamos celebrando, e o ensinamento que o Papa Francisco tem nos transmitido por meio de pronunciamentos sobre a Igreja e de gestos pessoais de grande significado eclesiológico. Por isso, dentre as características da Igreja, são enfatizadas a missão, a solidariedade, a misericórdia, o diálogo e a acolhida. Tais traços e posturas não são novos, pois sempre estiveram presentes no Magistério da Igreja, mas devem ser vividos com novo ardor e empenho, recebendo atenção especial na vida comunitária e pastoral.
As Diretrizes foram atualizadas a partir do magistério do Papa Francisco. O que o texto traz de novidade?
As novas Diretrizes são situadas no atual momento vivido pela Igreja, com o pontificado do Papa Francisco. No contexto do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, do Jubileu de Ouro do Concílio Vaticano II, do Ano da Paz e do Ano da Vida Consagrada. De modo especial, há uma acolhida generosa da Evangelii Gaudium. Iluminados e animados por esse valioso documento do Papa Francisco, queremos ser uma Igreja, mãe misericordiosa e acolhedora, de portas abertas; uma “Igreja em saída”, que vai ao encontro de todos, especialmente dos mais pobres e sofredores, para compartilhar a alegria do Evangelho. Uma leitura atenta das DGAE revela claramente que muitas reflexões e propostas pastorais são inspiradas nas passagens da Evangelii Gaudium citadas em grande número no texto.
Qual a meta principal dessa nova gestão da presidência da CNBB?
O que buscamos por meio da CNBB poderia ser resumido em três palavras muito preciosas, que devem nortear a nossa atuação: diálogo, comunhão e missão. Seja a CNBB sempre mais instrumento de diálogo no interior da Igreja e com a sociedade; de comunhão eclesial, em seus vários níveis; e de animação da missão evangelizadora. Para tanto, é preciso valorizar sempre mais a Assembleia Geral e os Conselhos Permanente e de Pastoral. Nessa perspectiva, queremos dar especial atenção ao cumprimento das decisões tomadas colegialmente pelos bispos, a começar das DGAE. Além disso, continuamos a cultivar, com grande empenho, a comunhão com o Santo Padre, o Papa Francisco.
“Igreja a serviço da vida plena para todos” é uma das cinco urgências. De que maneira pretende-se fomentar essa comunhão efetiva entre as pessoas?
A Igreja quer ser casa para todos, comunidade que compartilha alegrias e esperanças, tristezas e angústias. Necessitamos ser cada vez mais Igreja solidária e servidora, a serviço da vida, da justiça e da paz. Para isso, as DGAE destacam a importância da vida comunitária e da participação dos leigos e leigas na sociedade, como “sal da terra” e “luz do mundo”, segundo a palavra de Jesus. As iniciativas pessoais e espontâneas são sempre muito importantes, mas não bastam. É preciso organizar, de modo comunitário, o serviço da caridade, da justiça e da paz. Daí, a importância das pastorais sociais e de movimentos eclesiais dedicados à evangelização dos campos da política, da economia e da cultura, com a defesa incondicional da vida.