Pelo trabalho infantil e a pobreza, meninos em todo mundo estão ameaçados no ambiente acadêmico
Da redação, com UNESCO
Por mais que as meninas ainda hoje possuam mais dificuldade de acessarem a educação e constituem a maioria fora do ensino primário, são os meninos que enfrentam grandes desafios em estágios mais avançados. A UNESCO, em seu relatório intitulado “Leave no child behind: global report on boys disengagement from education” [“Não deixem as crianças para trás: relatório global sobre o desligamento de meninos da educação”, em tradução livre] apresenta esses dados.
Em todo o mundo, apenas 88 homens estão matriculados na educação superior para cada 100 mulheres. Em 73 países, menos meninos do que meninas estão matriculados na educação secundária superior (ensino médio), enquanto o oposto ocorre em 48 países. Esses dados da UNESCO destacam um fenômeno global: o trabalho infantil e a pobreza, entre outros fatores, impedem os meninos de se envolverem de forma plena com a aprendizagem e contribuem para a repetência e a evasão escolar.
Em todas as regiões, exceto na África Subsaariana, os homens jovens estão sub-representados na educação superior. Isso é ainda mais grave nas regiões da América do Norte, da Europa Ocidental e da América Latina e Caribe, onde 81 rapazes para cada 100 moças estão matriculados na educação superior. No Leste da Ásia e no Pacífico, o equivalente são 87 rapazes, e nos Estados Árabes e na Europa Central e Oriental, 91.
As barreiras na educação dos meninos: pobreza e trabalho infantil
Umas das principais razões encontradas nos exercícios laborais de 2020, nas 160 milhões de crianças envolvidas, onde 97 milhões eram meninos, foi de fata a a falta de um marco legal de proteção. Dos 146 países que fornecem dados, apenas 55 estipulam uma idade mínima de emprego alinhada com o fim do período de escolaridade obrigatória e acima dos 15 anos; por outro lado, 31% têm uma idade mínima para o emprego abaixo dos 15 anos ou não definem claramente essa idade mínima.
Audrey Azoulay, diretora geral da UNESCO, relata que a pobreza e o trabalho infantil podem levar os meninos a abandonar a escola. Para evitar isso, é urgente que os Estados alinhem a idade mínima de emprego com o fim da escolaridade obrigatória.
Identifica os sinais e apresentar soluções
Em alguns países, os sinais de que os meninos estão ficando para trás já aparecem no final do primeiro nível educacional. Em 57 países que fornecem dados, os meninos de 10 anos apresentaram um desempenho pior do que as meninas no domínio das habilidades de leitura, e os garotos adolescentes continuaram a ficar atrás das garotas nas habilidades de leitura no nível secundário.
Essa tendência é observada no Leste da Ásia e no Pacífico, na América Latina, no Caribe e nos Estados Árabes, que apresentam os maiores riscos de os meninos abandonarem a escola
O relatório da UNESCO também revela que apenas alguns programas e iniciativas tratam do fenômeno de abandono escolar dos meninos.
Esse Relatório fornece um conjunto concreto de recomendações para evitar a desistência dos meninos, fazer com que a educação seja segura e inclusiva, investir melhor em dados e evidências, construir e financiar sistemas educacionais equitativos, bem como promover abordagens integradas e coordenadas para melhorar a educação para todos os estudantes.