Essa será a primeira reunião na história entre um presidente dos Estados Unidos no exercício do cargo e um líder norte-coreano
Da redação, com ANSA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aceitou um convite do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, para uma reunião sobre a “desnuclearização” da Península Coreana. O anúncio foi feito na noite desta quinta-feira, 8, pelo conselheiro para Segurança Nacional da Coreia do Sul, Chung Eui-yong, que, no início da semana, chefiará uma missão diplomática em Pyongyang e se reunirá pessoalmente com Kim.
Essa será a primeira reunião na história entre um presidente dos Estados Unidos no exercício do cargo e um líder norte-coreano – Bill Clinton chegou a se encontrar com o pai de Kim Jong-un, Kim Jong-il, em 2009, quando já havia deixado o poder.
Leia também
.: Em mensagem no twitter, Papa pede fim das armas nucleares
.: Campanha contra armas nucleares vence Prêmio Nobel da Paz
Em breve pronunciamento à imprensa, Chung disse que o líder norte-coreano propôs se reunir com Trump “o mais rápido possível”, além de ter prometido uma moratória em suas atividades nucleares e balísticas. “O presidente Trump disse que se encontraria com Kim Jong-un em maio, para obter a desnuclearização permanente [da Península]”, acrescentou o conselheiro.
Ele não detalhou onde acontecerá a reunião nem se ela será bilateral ou envolverá também o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, mas a notícia representa um ponto de virada significativo após um ano de ofensas e ameaças de destruição mútua entre Washington e Pyongyang.
Ao longo de 2017, a Coreia do Norte avançou como nunca em seu programa militar e testou, com sucesso, mísseis intercontinentais capazes de atingir o território dos Estados Unidos, além de ter realizado a detonação nuclear mais potente de sua história, supostamente com uma bomba de hidrogênio.
Em resposta, Trump patrocinou uma série de sanções econômicas das Nações Unidas contra a Coreia do Norte, que podem ter abalado ainda mais uma economia já fragilizada. Além disso, se envolveu em uma batalha retórica com Kim, chamando o norte-coreano de “pequeno homem foguete” e ameaçando atacar o país asiático com “fogo e fúria nunca antes vistos”.
Por sua vez, o líder da Coreia do Norte prometera bombardear Guam, território ultramarino dos EUA no Oceano Pacífico, levantando ventos de guerra na região. Recorrentes exercícios militares e o envio de submarinos nucleares dos Estados Unidos também aumentaram os temores sobre um conflito iminente.
Diálogo
O clima de tensão na Península Coreana só arrefeceu no início de 2018, quando Kim desejou boa sorte para o Sul na realização dos Jogos de Inverno de PyeongChang, entre 9 e 25 de fevereiro. A declaração abriu as portas para a reaproximação entre Seul e Pyongyang, que culminou na participação de atletas do Norte nas Olimpíadas.
Na última segunda-feira, 5, Kim recebeu uma delegação enviada por Seul pela primeira vez desde sua ascensão ao poder, em 2011. A reabertura do diálogo chega no momento em que a Coreia do Norte já atingiu um estágio avançado em seu programa armamentista – uma forma de garantir a manutenção do regime -, mas também em meio às sanções da ONU, aprovadas inclusive com o apoio da China, principal parceira comercial de Pyongyang.
Em seu pronunciamento nesta quinta, Chung Eui-yong agradeceu a Trump por sua “liderança” e por sua política de “pressão máxima” que, junto com a “solidariedade internacional”, propiciaram essa conjuntura.