Bento XVI

Só o sangue de Jesus podia salvar-nos, explica o Papa

Só o sangue de Jesus derramado por amor podia salvar o homem, explicou Bento XVI durante a missa na Ceia do Senhor, que presidiu na Basílica de São João de Latrão, catedral da diocese de Roma, na tarde desta Quinta-Feira Santa.

Foi uma homilia surpreendente, na qual o Papa teólogo harmonizou momentos de meditação com as últimas investigações históricas realizadas sobre os manuscritos de Qumran, encontrados no Mar Morto em 1947, que ainda hoje são matéria de estudo e que oferecem novas hipóteses sobre a Páscoa.

Seu objetivo era mostrar a novidade introduzida pela Páscoa de Cristo na Páscoa judaica, na qual se imolava um cordeiro em recordação da libertação do povo escolhido da escravidão do Egito.

Com toda probabilidade, Jesus seguia o calendário que os essênios de Qumran observavam, seita rigorosa judaica em oposição ao poder sacerdotal de Jerusalém, que ainda em alguns aspectos continua sendo misteriosa para os historiadores, explicou o Santo Padre.

Segundo esta interpretação, «ainda não aceita por todos», como ele mesmo declarou, Jesus «celebrou a Páscoa com seus discípulos provavelmente segundo o calendário de Qumran, ou seja, ao menos um dia antes» da tradicional festa da Páscoa, «na hora da imolação dos cordeiros», como diz o evangelho de São João, algo que parecia contradizer a narração dos outros três evangelistas.

O cardeal Albert Vanhoye SJ, antigo reitor do Instituto Bíblico Pontifício de Roma, explicou que na época de Jesus, o calendário essênio era mais tradicional que o mais recente adotado pelos sacerdotes de Jerusalém, ainda que isso não significa que Jesus fazia parte dos essênios.

Isso implica, acrescentou Bento XVI, que Jesus celebrou a Páscoa «sem cordeiro, como a comunidade de Qumran, que não reconhecia o templo de Herodes e estava à espera do novo templo».

«Jesus celebrou a Páscoa sem cordeiro», ou melhor, declarou, «no lugar do cordeiro entregou a si mesmo, seu corpo e seu sangue».

O sangue dos cordeiros não pode salvar o homem, acrescentou o sucessor de Pedro. O sangue de Cristo, «o amor de quem é ao mesmo tempo Filho de Deus e verdadeiro homem, um de nós, esse sangue sim tem capacidade de salvar».

«Seu amor, esse amor no qual Ele se entrega livremente por nós, é o que nos salva».

Por este motivo, convidou os fiéis a pedirem o Cristo «que nos ajude a compreender cada vez mais profundamente este mistério maravilhoso e a amá-lo cada vez mais e, nele, a amar a Cristo cada vez mais».

«Peçamos-lhe que nos atraia com a santa comunhão cada vez mais para si mesmo», concluiu.

Bento XVI lavou, na missa na Ceia do Senhor, os pés de doze homens que representavam a associações de leigos da diocese de Roma nesta Quinta-Feira Santa.

Durante as oferendas, foi pedido a todos os presentes que fizessem um gesto de caridade pelo dispensário médico de Baidoa, na Somália, que em plena guerra atende aproximadamente 2.000 pacientes por mês.

 

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