Em 2015, imagem do pequeno refugiado sírio encontrado sem vida na praia de Bodrum, na Turquia, provocou onda de comoção e indignação
Da Redação

Foto: REUTERS/Azad Lashkari
A morte do pequeno Alan Kurdi, de apenas três anos, comoveu o mundo. O pequeno, que era refugiado sírio, foi encontrado sem vida na praia de Bodrum, na Turquia. Era 2 de setembro de 2015 e, naquele naufrágio, morreram outras 11 pessoas, entre elas o irmãozinho de Alan, Ghalib, de cinco anos, e a mãe, Rehanna.
A foto que mostrava o corpinho deitado de barriga para baixo, embalado pela maré, quase como se estivesse dormindo, logo apareceu nos sites de notícias de todo o mundo e, no dia seguinte, nas primeiras páginas dos jornais. A imagem tirada por Nilufer Demir provocou uma onda de comoção e indignação.
Em 2015, após ser informado da morte de Alan, o Papa Francisco fez um apelo, no Angelus de 6 de setembro, pela acolhida dos refugiados.
“Face à tragédia de dezenas de milhares de refugiados que fogem da morte devido à guerra ou à fome, e estão a caminho rumo a uma esperança de vida, o Evangelho chama-nos, pede-nos que estejamos «próximos» dos mais pequeninos e abandonados. A dar-lhes uma esperança concreta. Não dizer apenas: ‘Coragem, paciência!…’. A esperança cristã é combativa, com a tenacidade de quem caminha rumo a uma meta segura”.
No dia seguinte, o Santo Padre, em entrevista ao programa televisivo “Che tempo che fa”, conduzida por Fabio Fazio no canal RAI 3, recordou a morte dos 12 refugiados sírios, incluindo Alan Kurdi. “Isto é um sinal da cultura da indiferença”, disse o Papa na época. Francisco também acrescentou que era “um problema de categorização”: as guerras, em primeiro lugar; pessoas, em segundo lugar.
Encontro do Papa com o pai de Alan Kurdi
Em 2021, Francisco encontrou-se com de Alan Kurdi, Abdullah Kurdi – único sobrevivente da família. O Pontífice passou um bom tempo com ele. Com a ajuda do intérprete, o Santo Padre escutou a dor do pai pela perda da família, e expressou sua profunda participação e a de Deus no sofrimento de Abdullah.
Abdullah expressou a sua gratidão ao Papa pelas palavras de proximidade com sua tragédia. O homem recordou também os muitos migrantes que buscam compreensão, paz e segurança, deixando seu país e colocando suas vidas em risco. O homem presenteou Francisco com uma imagem que recorda seu filho.
A família de Alan
A família de Alan já havia mudado de cidade em várias oportunidades, na fuga desesperada do autoproclamado Estado Islâmico, vindo a se estabelecer na Turquia em 2014, onde Abdullah havia conseguido um trabalho.
Em 2015, haviam retornado para o Curdistão iraquiano, mas diante de nova ofensiva do EI, retornaram a Turquia, e daí a decisão de atravessar o Mar Mediterrâneo.
Símbolo do drama de migrantes e refugiados
A morte de Aylan Kurdi tornou-se um símbolo do drama vivido por milhares de migrantes e refugiados que fugiam da guerra, da violência, da fome e da falta de perspectiva.
Em 16 outubro 2017, Dia Mundial da Alimentação, o Papa Francisco presenteou a FAO com uma escultura em mármore do pequeno Alan, obra do artista trentino, Luigi Prevedeln. Francisco havia recebido a estátua de presente durante uma Audiência Geral.