Supremo Tribunal do Paquistão absolveu Asia Bibi, a mulher cristã condenada à morte por blasfêmia em 2010
Da redação, com Vatican News
Nesta terça-feira, 30, o Supremo Tribunal do Paquistão declarou inocente Asia Bibi, a mulher cristã presa em 2009 e condenada à morte em 2010 por suposta blasfêmia, ordenando a sua libertação imediata.
“Estamos muito felizes. O Senhor ouviu as orações de Ásia e de todos aqueles que estiveram perto dela. Hoje é um dia maravilhoso, que iremos recordar por toda a vida. A justiça triunfou e uma inocente é finalmente livre”, disse ao Vaticano Insider Joseph Nadeem, o homem que ao longo dos anos garantiu, graças à Renaissance Education Foundation que ele guia em Lahore, educação e hospitalidade à família de Asia Bibi.
A mulher fora presa em 2009 pela polícia em sua aldeia de Ittanwali, na província de Punjab, na sequência da denúncia de outras mulheres muçulmanas por blasfêmia depois de uma suposta ofensa contra o profeta Maomé durante uma discussão.
As primeiras reações da filha e do marido
“Eu não vejo a hora de abraçar minha mãe. Finalmente as nossas orações foram ouvidas!” Com a voz embargada pelo choro Eisham Ashiq, a filha mais nova de Asia Bibi, comentou dessa maneira à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (ACS) a notícia da absolvição da mãe.
“É a melhor notícia que poderíamos receber – declara o marido de Ásia, Ashiq Masih diz – foi muito difícil nestes anos ficar longe da minha esposa e saber que ela vivia em condições terríveis”. Agora nossa família finalmente se encontrará, mesmo se duvido que poderemos permanecer no Paquistão”. Desde a audiência de 8 de outubro passado, os fundamentalistas realizaram demonstrações e campanhas através das mídias sociais, contra a absolvição daquela que eles definem “amaldiçoada”, invocando o enforcamento e ameaçando os juízes e todos aqueles que a defendem.
Medo de represálias de fundamentalistas islâmicos contra os cristãos
Ativistas de direitos humanos e a comunidade cristã receberam com alegria o veredicto final do Supremo Tribunal. Mas Islamabad está em alerta máximo. Mais de trezentos policiais estão presidindo o palácio do Tribunal Supremo e unidades do exército foram alocadas para defender os outros edifícios institucionais.
Khadim Hussain Rizvi, chefe do partido islâmico Tehreek-e-Labbaik Pakistan, está, de fato, organizando um protesto nacional contra a absolvição de Asia. A polícia também preside os lugares cristãos mais importantes, como as catedrais. Há temores de massacres anticristãos, como os que ocorreram em 2009, em Gojra e em Joseph Colony, em 2013.
“Temos muito medo do que poderá ocorrer. Neste país existem muitos fundamentalistas, diz à ACS, Saif ul-Malook, chefe da equipe de defesa de Ásia. A Malook não foi permitido informar pessoalmente à sua cliente. “Foi uma ordem do Supremo Tribunal, mas eu pude chamar a prisão onde está detida Ásia e pedir que ela fosse informada”. Conforme explicado pelo advogado, “vai demorar alguns dias antes que ela seja liberada. “O veredicto deve ser entregue ao Supremo Tribunal de Lahore e depois à prisão de Multan.
Enquanto isso se teme também pela segurança dos membros da família de Ásia e de todos aqueles que favoreceram sua absolvição.”Eu e minha família estamos em grave perigo – continua Maloof – especialmente porque eu sou um muçulmano que defende um cristão que é acusado de cometer blasfêmia. A situação é tensa – diz o advogado – mas hoje agradecemos a Deus por este momento histórico em que Asia Bibi, após 9 anos e meio de prisão, finalmente teve justiça “.
Os membros da família recebidos pelo Papa Francisco no Vaticano
Em fevereiro último o Papa Francisco recebera no Vaticano a filha Eisham e o marido de Asia Bibi, Ashiq, que vieram a Roma hóspedes de Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), junto com Rebecca, uma jovem nigeriana cristã, vítima de Boko Haram.
Na audiência privada, que ACS definiu ’emocionante’, o Papa quis expressamente rezar por Asia Bibi e pelas mulheres, ainda hoje, prisioneiras de Boko Haram.
“O testemunho de Rebecca e o de Asia Bibi representam um modelo para uma sociedade que hoje tem cada vez mais medo da dor. São duas mártires”, disse Francisco depois de ouvir a dramática história das violências sofridas pela jovem nigeriana que deu à luz ao filho de um dos seus sequestradores, e o da família de Asia Bibi.
“Penso muitas vezes em sua mãe e rezo por ela”, disse o Papa à jovem Eisham que saudando o Pontífice o abraçou. “Quando antes de partir eu encontrei a minha mãe, ela me pediu para dar-lhe um beijo”. “Santo Padre – acrescentou o marido de Asia, Ashiq – peço-lhe para rezar, unidos em Cristo, pela minha esposa e para todos os cristãos perseguidos”.