Papa diz que piedade é a manifestação da misericórdia de Deus

Na catequese deste sábado, o Papa Francisco meditou sobre um dos tantos aspectos da misericórdia: ter piedade ou pena dos que precisam de amor

Da redação, com Rádio Vaticano

Neste sábado, 14, o Papa Francisco encontrou-se na Praça São Pedro, com milhares de fiéis e peregrinos provenientes de diversas partes do mundo, para a audiência jubilar, que concede no âmbito deste Ano Santo da Misericórdia.

Antes de começar a sua catequese, o Pontífice avisou os presentes que, devido ao mau tempo em Roma, a audiência jubilar ficou dividida em duas partes: a primeira, na Sala Paulo VI, aos enfermos, e a segunda na Praça São Pedro.

A misericórdia

A seguir, passou a fazer sua catequese, no qual meditou sobre um dos tantos aspectos da misericórdia: ter piedade ou pena dos que precisam de amor. A piedade é um termo que já existia no mundo greco-romano, onde, porém, significava ato de submissão aos superiores. Antes de tudo, a devoção devida aos deuses, depois, o respeito dos filhos para com os pais, sobretudo os idosos. Neste sentido, Francisco frisou o significado de piedade.

“Hoje, aos invés, devemos prestar atenção para não identificar a piedade com aquele pietismo, bastante difundido, que representa só uma emoção superficial, que ofende a dignidade do outro. Ao mesmo tempo, a piedade não deve ser confundida tampouco com a compaixão que temos para com os animais que vivem conosco; pois, de fato, acontece que às vezes, temos este sentimento para com os animais, mas permanecemos indiferentes diante dos sofrimentos dos irmãos”.

Apego

Francisco disse ainda que muito se vê pessoas apegadas aos gatos, cachorros e, depois, se esquecem de ajudar os mais necessitados que lhes estão próximos.

A seguir, o Pontífice continuou sua catequese explicando o termo “piedade” que é uma manifestação da misericórdia de Deus; é um dos sete dons do Espírito Santo, que o Senhor oferece aos seus discípulos para torná-los dóceis a obedecer às inspirações divinas.

“Muitas vezes, nos Evangelhos, fala-se do grito espontâneo que pessoas endemoninhadas, pobres ou aflitas dirigiam a Jesus: ‘Tende piedade’. A todos, Jesus respondia com um olhar de misericórdia e com o conforto da sua presença. Em tais invocações de ajuda ou pedido de piedade, cada um expressava também a sua fé em Jesus, chamando-o ‘Mestre, ‘Filho de Davi’ e Senhor’. Eles intuíam que Nele havia algo de extraordinário, que os podia ajudar a sair da sua condição de tristeza em que se encontravam. Percebiam nele o amor do próprio Deus.”

Piedade

O Santo Padre prosseguiu dizendo que Jesus percebia aquelas invocações de piedade e se comovia, sobretudo quando via pessoas que sofriam, feridas na sua dignidade, como no caso da hemorroíssa. Ele as convidava a ter confiança nele e na sua Palavra. Com efeito, para Jesus, ter piedade equivale a compartilhar da tristeza de quem encontra, mas, ao mesmo tempo, agir, em primeira pessoa, para transformá-la em alegria.

“Nós também somos chamados a cultivar atitudes de piedade diante de tantas situações da vida, repelindo a indiferença que impede reconhecer as exigências dos irmãos que nos circundam e livrando-nos da escravidão do bem-estar material.”

Exemplo da Virgem Maria

Francisco concluiu sua catequese jubilar convidando os fiéis a reconhecer o exemplo da Virgem Maria, que toma cuidado de cada um dos seus filhos, que para os cristãos, ela é o ícone da piedade.

O Santo Padre citou o grande escritor italiano, Dante Alighieri, que assim se expressou na oração a Nossa Senhora, que se encontra no ápice do seu poema Paraíso: “Em ti, misericórdia; em ti, piedade (…) em ti se reúne tudo o que há de bom na criatura”.

Saudações

Ao término da catequese jubilar, o Papa passou a saudar os numerosos peregrinos e fiéis, em algumas línguas. Em italiano fez uma saudação especial às Irmãs da Imaculada Conceição, por ocasião do seu Capítulo Geral, e à Comunidade do Pontifício Colégio Ucraniano São Josafat. A eles e aos demais presentes, Francisco assim se expressou:
“Desejo que o Jubileu da Misericórdia, com a passagem pela Porta Santa, seja uma ocasião para manifestar aos irmãos a mesma piedade de Deus Pai, que sempre nos consola nas dificuldades”.

Enfim, o Santo Padre recordou aos presentes que, hoje, a liturgia celebra a festa de São Matias, o último que entrou a fazer parte do grupo dos Doze Apóstolos. E exortou:

“Que o seu vigor espiritual estimule os jovens a serem coerentes com a sua fé; que a sua entrega a Cristo Ressuscitado sustente os enfermos, nos momentos de maior dificuldade; que a sua dedicação missionária seja demonstração de que o amor é o fundamento insubstituível da família”.

Antes de conceder a sua Bênção Apostólica, o Papa Francisco saudou os presentes de língua portuguesa.

“Uma cordial saudação a todos os peregrinos de língua portuguesa, especialmente aos fiéis da Missão Católica Portuguesa de Friburgo na Suíça e ao grupo brasileiro do Santuário Jardim da Imaculada da Cidade Ocidental. Este mês de Maria convida-nos a multiplicar diariamente os atos de devoção e imitação da Mãe de Deus. Rezem o terço todos os dias! Deixem que a Virgem Mãe entre no seu coração; confiem-lhe tudo o que vocês são e têm. Deus será tudo em todos. Que Deus abençoe vocês e seus entes queridos.”

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