bom samaritano

Em Milão, frades visitam e rezam, todos os dias, com doentes de covid-19

Grupo percorre alas de hospital fazendo orações e concedendo a unção dos enfermos; “Representa uma consolação no momento da provação”, diz Frei Piergiacomo

Da redação, com Vatican News

/ Foto: Gianni Crestani – Pixabay

No Hospital Papa João XXIII, em Bérgamo, cidade ao norte de Milão, na Lombardia – região mais afetada pela emergência do coronavírus –, médicos, enfermeiros e frades capuchinhos, todos os dias, levam conforto e esperança aos doentes de Covid-19, colocando em risco a própria vida. Entre eles está o Frei Piergiacomo, junto a seus quatro coirmãos.

O grupo percorre todas as alas do hospital para dar uma palavra de solidariedade, para fazer uma oração. “Não fazemos só com os doentes, mas com todos os funcionários da estrutura: dos enfermeiros àqueles da limpeza. A nossa presença quer, realmente, ser uma proximidade orante”. Muitas vezes, conta Frei Piergiacomo, são os próprios profissionais da saúde que buscam esse apoio.

“Às vezes, são as enfermeiras-chefes que nos chamam para ir até os colegas: assim nos reunimos alguns minutos para rezar uma Ave-Maria ou um Pai-Nosso. Neste período de pandemia, infelizmente, podemos entrar poucas vezes nas unidades de terapia intensiva e nas alas que recebem infectados por causa da escassez dos equipamentos de proteção. Mas estamos sempre prontos para as urgências: levar o óleo sagrado a quem está morrendo”, contou o frade capuchinho.

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Nem ao necrotério onde nenhum dos familiares das vítimas pode ir para se despedir, Frei Piergiacomo e os frade capuchinhos deixam de ir. Segundo os religiosos, todos os dias, é oferecida uma oração e uma bênção aos mortos que estão ali. “E se não estão os parentes para chorar os próprios queridos defuntos, geralmente, estão os médicos e os enfermeiros. Eu vi muitos se padecerem de dor, os mesmos que acompanharam a morte de quem não conseguiu resistir à pandemia”.

Os doentes que recebem o conforto da unção dos enfermos estranham um pouco, conta o frade capuchinho. “Depois de muitos dias internados, veem uma pessoa que não é nem médico nem enfermeiro. Ficam felizes quando descobrem que, embaixo do jaleco e atrás da máscara, se esconde um religioso”, relatou. Frei Piergiacomo revela que os vê um pouco reanimados, pois entendem que a presença dos religiosos representa o fato de que Deus está com eles e próximo no sofrimento, como o bom samaritano. “Quando posso, peço-lhes também a possibilidade de conceder a unção dos enfermos, que representa uma consolação no momento da provação”.

A confissão nos hospitais ainda é uma dificuldade, explica Frei Piergiacomo. “Falta o caráter confidencial”, afirmou. Geralmente, o frade afirma que é dito aos doentes para fazerem um ato de profunda contrição e uma oração de arrependimento com o propósito, de quando a emergência terminar, de ir se confessar com um sacerdote. “Esperamos que aconteça logo”, desejou.

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