Repercussão

Padre comenta o incêndio no túmulo de José, na Cisjordânia

Franciscano da Custódia da Terra Santa, padre Ibrahim relata o medo do povo com o atentado; segundo ele, comunidade internacional “dorme”

Da Redação, com Rádio Vaticano em italiano

Tensão na Terra Santa no dia em que o Hamas convocou a “sexta-feira da cólera” contra Israel, convidando ao protesto. Centenas de jovens palestinos incendiaram, na noite desta quinta-feira, 15, o túmulo de José do Egito, em Nablus, na Cisjordânia. Padre Ibrahim Faltas, franciscano da Custódia da Terra Santa, comentou o atentado.

“Um grupo de palestinos queimou o túmulo de José e o próprio Abu Mazen, que condenou esse fato e criou um comitê para investigar essa situação”. Confira a breve entrevista com padre Ibrahim:

O que significa esse gesto? Tudo parece levar a uma nova Intifada?

Padre Ibrahim – Nós estamos vivendo uma situação bruta, mas não a chamarei de “nova Intifada” (rebelião popular palestina contra as forças de ocupação de Israel na faixa de Gaza e na Cisjordânia). Todos têm medo hoje: hoje é sexta… É verdade que o Hamas falou de uma “sexta-feira de raiva”, mas penso que não durará muito. Agora, fala-se de um possível encontro entre Abu Mazen e Netanyahu e o secretário americano, Kerry, e também o rei Abdallah, da Jordânia. Se esse encontro acontecer, penso que a situação poderá melhorar muito.

Para Peter Lerner, porta-voz militar israelense, trata-se da profanação de um lugar sagrado, que envolve um flagrante da liberdade de culto…

Padre Ibrahim – Certamente, é um lugar sagrado, o túmulo de José; mas é uma reação àquilo que foi feito à mesquita de al Aqsa. É esse o problema e nós não queremos que se torne uma guerra religiosa. Não deve ser nunca uma guerra religiosa! Quando tocaram al Aqsa, vimos a reação de todos os muçulmanos: e esta é uma reação similar. Um grupo de jovens palestinos realizou esse gesto, mas o governo palestino condenou, o próprio Abu Mazen condenou e estão fazendo investigações sobre isso.

Quais serão, segundo o senhor, as reações da Comunidade Internacional a mais essa espiral de violência?

Padre Ibrahim – A comunidade internacional há tempos deveria ter feito alguma coisa! Há tempos deveria trabalhar! Há tempos deveria ter procurado colocar todos juntos! A comunidade internacional, para mim, dorme, não fez nada. Sempre dissemos que a comunidade internacional deve operar, deve fazer pressão sobre todas as duas partes, deve trazer as duas partes às negociações. Isso que está acontecendo é fruto de não encontrar-se. Quando Abu Mazen não encontra o primeiro-ministro israelense, quando o diálogo não acontece, o fruto de tudo isso é a violência, é isso a que estamos assistindo nesse momento. A comunidade internacional, há tempos, há anos não faz nada. Deve trabalhar, deve fazer pressão sobre as duas partes.

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