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Moçambique: seis meses após ciclone, reconstrução avança lentamente

Arcebispo de Beira, cidade de Moçambique atingida em março por ciclone, sublinha necessidade de grandes recursos para a recuperação das áreas devastadas

Da redação, com Agência Ecclesia

Área atingida pelo ciclone Idai/ Foto: Caritas Internacionalis

O arcebispo de Beira (Moçambique), Dom Claudio Dalla Zuanna, alertou para a necessidade de prosseguir os esforços de reconstrução nas localidades moçambicanas atingidas pelo ciclone Idai, em março. “Os estragos são tão grandes que, por enquanto, não é possível pensar numa recuperação total”, afirmou Dom Zuanna. Segundo o arcebispo, após o ciclone não houve lugar para a “desesperança”, e elogiou a “resiliência” da população.

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“Depois de um primeiro momento de desnorte”, todos começaram a reagir, “tentando voltar a um mínimo de normalidade”, recordou. “Este processo continua”, observa Dom Zuanna, num momento em que Moçambique se prepara para uma nova temporada de chuvas e ciclones.

Pelo menos 2 milhões de pessoas foram afetadas, de alguma forma, pelo ciclone Idai, em Moçambique. Segundo o arcebispo de Beira a prioridade inicial foi a distribuição de alimentos para as famílias mais desfavorecidas, em seguida a distribuição de material de construção, face ao período chuvoso que se aproxima.

Cidade de Beira, Moçambique, após passagem do ciclone Idai/ Foto: Reuters/ -IFRC/ Red Cross Climate Centre

A Arquidiocese de Beira abriga mais de 20 mil alunos em escolas paroquiais, após o desastre natural; outras áreas de trabalhos são as igrejas, seminário e o próprio espaço episcopal. “A vida pastoral da diocese foi muito afetada”, admite o arcebispo.

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Após agradecer a ajuda vinda de Portugal, Dom Zuanna assinala uma diminuição das organizações humanitárias presentes no terreno, desde abril, falando ainda em “promessas” que não se cumpriram e da necessidade de ajuda para uma reconstrução a longo prazo. “Não se pode reconstruir nas mesmas condições. Isso vai levar muito tempo e vai envolver grandes recursos”, apontou. A maior recuperação, segundo o arcebispo de Beira, é a “reconstrução dos bairros da periferia”, cuja população terá de ser realojada. “É um trabalho muito lento, com vários transtornos”, afirmou.

Atualmente, a Cáritas Moçambicana, com o apoio da rede internacional, está empenhada no trabalho de reconstrução das zonas afetadas pelo ciclones Idai e Keneth, em quatro áreas: meios de vida; resposta humanitária; fortalecimento de capacidades institucionais e comunitárias; água, saneamento e higiene. A fase de reconstrução vai decorrer num prazo de 12 meses em quatro das províncias afetadas – Sofala, Manica, Zambézia e Cabo Delgado -, com um orçamento global de 2.317.112 euros.

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