Leopoldo López e Antonio Ledezma cumpriam prisão domiciliar
Reuters
Os líderes de oposição venezuelanos Leopoldo López e Antonio Ledezma foram levados de casa, onde cumpriam prisão domiciliar, por volta da meia-noite, denunciaram na madrugada desta terça-feira, 1º, familiares dos políticos contrários ao governo do presidente Nicolás Maduro.
A mulher de López, Lilian Tintori, e Vanessa Ledezma, filha de Ledezma, disseram em mensagens no Twitter desconhecer o paradeiro dos líderes políticos, e divulgaram vídeos que mostram agentes do serviço de inteligência venezuelano obrigando López a entrar em um veículo e empurrando Ledezma de pijama na porta de sua casa.
“12:27 da madrugada: momento em que a ditadura sequestra Leopoldo em minha casa. Não irão dobrá-lo!”, escreveu Lilian em seu Twitter, responsabilizando o presidente venezuelano Maduro “se algo acontecer”.
Maduro já havia alertado sobre futuras prisões de líderes de oposição uma vez que fosse realizada no domingo a eleição para a polêmica Assembleia Constituinte, que reescreverá a Constituição e terá poderes especiais sobre as outras instituições do Estado.
Vários países do mundo não reconheceram a eleição, que foi boicotada pela oposição. O governo dos Estados Unidos inclusive impôs sanções contra o líder venezuelano por considerá-lo um “ditador”.
A Justiça venezuelana havia concedido no início de julho a prisão domiciliar a López, após mais de três anos em uma prisão militar acusado de instigar protestos contra o governo. Ledezma também recebeu o benefício em 2015, como medida humanitária.
O advogado de López, Juan Gutiérrez, afirmou em mensagem no Twitter que “não existe justificativa legal para revogar a medida de prisão domiciliar”.
Os dois líderes de oposição tinham divulgado mensagens recentemente em apoio às manifestações contra o governo socialista do país, que começaram há mais de 120 dias e já deixaram mais de uma centena de mortos.
“Sequestram López porque simplesmente não cedeu ante pressões e falsas promessas do regime”, disse o deputado de oposição e vice-presidente do Parlamento, Freddy Guevara, em alusão às reuniões que López teve há dias com o ex-premiê espanhol José Luis Rodríguez, um mediador autorizado por Maduro.
O Ministério da Informação não forneceu dados de imediato sobre as detenções.