Homenagem

Israel premia falecido sacerdote católico que salvou judeus em 1944

A embaixada de Israel em Roma realizou, nesta quinta-feira, 15, uma cerimônia que concedeu a um sacerdote católico o título de "Justo entre as nações" – a mais alta condecoração judaica existente.

O premiado foi padre Ottavio Posta que, em junho de 1944, arriscou sua vida para salvar dezenas de judeus na Ilha Maior, na cidade de Perugia, na Itália.

O fato aconteceu nas noites dos dias 19 e 20 de junho de 1944, quando ajudado por alguns pescadores, o sacerdote atravessou o Lago Trasimeno para resgatar dezenas de judeus que se encontravam no castelo da Ilha, encarcerados por causa de leis raciais.

De acordo com informações do jornal vaticano L’Osservatore Romano o caso se tornou conhecido graças a alguns testemunhos e à investigação do Arcebispo Emérito de Perugia, Dom Giuseppe Chiaretti, nos arquivos históricos diocesanos.

Uma carta de agosto de 1944 e assinada por alguns dos resgatados: Bice Todros Ottolenghi, Giuliano Coen, Albertina Coen, Livia Coen, cita que "Dom Ottavio Posta, Pároco da Ilha Maior no [Lago] Trasimeno, durante o período de nossa prisão na ilha pelas leis raciais, foi para nós de grande ajuda e consolo".

O texto continua destacando que "quando o perigo aumentava, [o sacerdote] não só fez que os habitantes da ilha nos levassem até a borda aonde já estavam os ingleses, mas também ele mesmo passou conosco o perigo de atravessar o lago, mesmo exposto a tiros de metralhadoras, dando um claríssimo exemplo aos seus paroquianos". Padre Posta foi pároco na mencionada localidade entre 1915 e 1963, ano em que faleceu.

A carta, datada em agosto de 1944, pede ainda ao bispo da época "fazer-se intérprete com sua alta palavra ao benemérito Dom Ottavio Posta de nossa gratidão por seu ato altruísta e de bom pastor".

Reconhecimento

O jornal vaticano destaca que o atual Arcebispo de Perugia, Dom Gualtiero Basseti, afirmou que, embora a carta dos judeus resgatados em 1944 não teve resposta do Bispo da época, a caridade do padre Posta, "exercida sem pensar em méritos ou recompensas, por aqueles sofredores foi uma resposta por si mesma, efetiva e inequívoca. E assim permanece para todos".

"Hoje a comunidade judia, atualizando e honrando seu nome como justo entre as nações, não nos convida simplesmente a uma cerimônia, com o olhar no passado. Onde quer que seja evocada a fé e a esperança em Deus, fala-se ao presente e ao futuro", destacou o arcebispo.

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