Catequese

Papa: Espírito Santo atrai Jesus e gera comunhão; sem Ele não há Igreja

Na Catequese desta quarta-feira, 25, Francisco reafirmou a necessidade de uma Igreja ritmada sempre pela oração

Da redação, com Vatican News

Papa durante Audiência Geral na Biblioteca Apostólica do Vaticano/ Foto: IPA/Sipa USA via Reuters

“A oração da Igreja nascente” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira, 25, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico. Na ocasião, o Santo Padre reforçou que os primeiros passos da Igreja no mundo foram ritmados pela oração.

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O Pontífice sublinhou que os escritos apostólicos e a grande narração dos Atos dos Apóstolos restituem a imagem de uma Igreja a caminho, ativa, mas que encontra nas reuniões de oração a base e o ímpeto para a ação missionária. A imagem da Comunidade primitiva de Jerusalém, apontou o Papa, é um ponto de referência para todas as outras experiências cristãs.

Característica essenciais da vida eclesial

Quatro caraterísticas essenciais da vida eclesial foram destacadas por Francisco: ouvir o ensinamento dos apóstolos, salvaguardar a comunhão recíproca, partir o pão, Eucaristia, e a oração. “Elas nos lembram que a existência da Igreja tem significado se permanecer firmemente unida a Cristo, ou seja, na comunidade, na sua Palavra, na Eucaristia e na oração. É a maneira de nos unirmos a Cristo.”

Na Igreja, nada do que cresce fora dessas “coordenadas” tem fundamento, afirmou o Santo Padre. Para discernir uma situação, o Papa frisou que é preciso perguntar se existe estas quatro coordenadas: a pregação, a busca constante da comunhão fraterna, ou seja, a caridade, partir o pão, isto é, vida eucarística e oração.

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“Qualquer situação deve ser avaliada à luz dessas quatro coordenadas. O que não entra nessas quatro coordenadas não tem eclesialidade, não é eclesial. É Deus quem faz a Igreja, e não o clamor das obras. A Igreja não é um mercado, a Igreja não é um grupo de empresários que vão adiante com a empresa nova. A Igreja é obra do Espírito Santo, que Jesus nos enviou para nos reunir, a Igreja é o trabalho do Espírito na comunidade cristã, na vida comunitária, na Eucaristia, na oração”, sublinhou.

De acordo com Francisco, o que cresce fora dessas coordenadas é como uma casa construída sobre a areia. “É Deus quem faz a Igreja, e não o clamor das obras. É a palavra de Jesus que enche de significado os nossos esforços. É na humildade que se constrói o futuro do mundo”.

O Pontífice afirmou sentir muita tristeza quando vê uma comunidade com boa vontade, mas que erra no caminho, pois pensa em fazer da Igreja um encontro, como se fosse um partido político. Para o Santo Padre, é preciso fazer uma estrada sinodal.

“Eu me pergunto: mas onde está o Espírito Santo ali, onde está a oração, o amor comunitário, onde está a Eucaristia?  Sem essas coordenadas, a Igreja se torna uma sociedade humana, um partido político, maioria, minoria, mudanças se fazem como se fosse uma empresa, por maioria e minoria, mas não há o Espírito Santo. A presença do Espírito Santo é garantida por essas quatro coordenadas”.

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Para avaliar se uma situação é eclesial ou não, Francisco frisa que é preciso perguntar sobre as coordenadas: vida comunitária, oração, eucaristia e como se desenvolve a vida nessas coordenadas. Se falta isso, o Papa alerta que falta o Espírito, e se falta o Espírito a Igreja torna-se uma bonita associação humanista, de beneficência e, até mesmo um “partido” pode dizer que é “eclesial”, mas não a Igreja.

 A Igreja não cresce por proselitismo, como qualquer empresa, cresce por atração, e quem movimenta a atração é o Espírito Santo, sublinhou o Pontífice. “Não nos esqueçamos essas palavras de Bento XVI: ‘a Igreja não cresce por proselitismo, cresce por atração’. Se falta o Espírito Santo que é quem atrai a Jesus, não há Igreja ali, há um bonito clube de amigos, com boas intenções, mas não há Igreja, não há sinodalidade”.

Oração que gera comunhão

No Livro dos Atos dos Apóstolos, os fiéis descobrem que o poderoso motor da evangelização são as reuniões de oração, onde aqueles que participam experimentam diretamente a presença de Jesus e são tocados pelo Espírito, comentou o Santo Padre. Os membros da primeira comunidade, destaca o Papa, compreendem que a história do encontro com Jesus não parou no momento da Ascensão, mas continua na sua vida.

“Narrando o que o Senhor disse e fez, rezando para entrar em comunhão com Ele, tudo se torna vivo. A oração infunde luz e calor: o dom do Espírito faz nascer neles o fervor”, complementou. Segundo Francisco esta é a obra do Espírito na Igreja: recordar Jesus. “Jesus disse: Ele ensinará a vocês e lhes fará lembrar. A missão é recordar Jesus, mas não como exercício mnemônico. Percorrendo os caminhos da missão, os cristãos recordam Jesus enquanto o tornam novamente presente; e dele, do seu Espírito, recebem o ‘impulso’ para ir, proclamar e servir”.

Na oração, o Pontífice realçou que o cristão mergulha no mistério de Deus que ama cada pessoa e deseja que o Evangelho seja pregado a todos. “Deus é Deus para todos, e em Jesus todos os muros de separação foram definitivamente abatidos: como diz São Paulo, Ele é a nossa paz, `Ele, que de dois povos fez um só`. Jesus criou a unidade, a unidade”.

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Assim, Francisco confirmou que a vida da Igreja primitiva é ritmada por uma sucessão contínua de celebrações, convocações, tempos de oração comunitária e pessoal. E é o Espírito que dá força aos pregadores que se põem a caminho, e que por amor a Jesus sulcam os mares, enfrentam perigos e se submetem a humilhações, disse ainda.

“Deus doa amor e Deus pede amor. Esta é a raiz mística de toda a vida que crê. Os primeiros cristãos em oração, mas também nós que viemos muitos séculos mais tarde, todos vivemos a mesma experiência. O Espírito anima hoje tudo”, refletiu.

Qualquer cristão que não tem medo de dedicar tempo à oração pode fazer próprias as palavras do apóstolo Paulo, frisou o Papa: “A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”.

O Santo Padre ressaltou que a oração torna homens e mulheres conscientes de que só no silêncio da adoração é possível experimentar toda a verdade dessas palavras.

“Devemos retomar o sentido da adoração, adorar, adorar a Deus, adorar a Jesus, adorar o Espírito. O Pai, o Filho e o Espírito. Adorar em silêncio. A oração de adoração é a oração que nos faz reconhecer Deus como início e fim de toda história. Esta oração é o fogo vivo do Espírito que dá força ao testemunho e à missão”, concluiu o Papa.

 

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