O pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa, iniciou o ciclo de pregações quaresmais, dirigidas ao Papa e à Cúria Romana
Da redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco e a Cúria Romana ouviram, nesta sexta-feira, 19, na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, a primeira pregação da Quaresma feita pelo Frei Raniero Cantalamessa.
Na pregação intitulada “A adoração em Espírito e verdade. Reflexão sobre a Constituição Sacrosanctum Concilium” o religioso frisou que após o Concílio Vaticano II houve um despertar do Espírito Santo. “Ele não é mais ‘o desconhecido’ na Trindade. A Igreja tornou-se mais consciente de sua presença e de sua ação”, disse.
Segundo o religioso, se há uma área em que a teologia e a vida da Igreja Católica foram enriquecidas nestes 50 anos de pós-concílio, é certamente a relacionada ao Espírito Santo. Porém, ressalta que existem “vazios e lacunas a serem preenchidos”, em especial, sobre o papel do Espírito Santo.
“Todo o trabalho de renovação da Igreja, que o Concílio Vaticano II tão providencialmente propôs e iniciou […] não pode ser realizado a não ser no Espírito Santo, isto é, com a ajuda da sua luz e do seu poder “, destacou.
O Frei Cantalamessa afirma que o Espírito Santo permanece ainda um pouco escondido em relação às Pessoas da Santíssima Trindade. Um problema encontrado no texto conciliar sobre a renovação litúrgica:
“Toda celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, ação sagrada por excelência, cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja ”.
“Nós indivíduos ou atores da liturgia, hoje, somos capazes de perceber uma lacuna nesta descrição”, disse o frei ao Papa e à Cúria Romana. “Os protagonistas aqui realçados são dois: Cristo e a Igreja. Falta alguma alusão ao lugar do Espírito Santo. Também no resto da Constituição, o Espírito Santo nunca é sujeito de um discurso direto, só nomeado aqui e ali, e sempre oblíquo.”
A partir dessa reflexão, Frei Raniero deu algumas orientações práticas sobre o modo de viver a liturgia e fazer que com ela execute uma das suas principais tarefas, que é a santificação das almas:. Veja alguns tópicos:
Espírito e oração de adoração
“O Espírito Santo não autoriza a inventar novas e arbitrárias formas de liturgia ou modificar de própria iniciativa aquelas existentes. Ele é o único, no entanto, que renova e dá vida a todas as expressões da liturgia”.
“O Espírito Santo vivifica especialmente a oração de adoração que é o coração de toda oração litúrgica. A sua peculiaridade deriva do fato de que é o único sentimento que podemos alimentar somente e exclusivamente pelas pessoas divinas”.
Espírito e oração de intercessão
“O Espírito Santo intercede por nós e nos ensina a interceder pelos outros. A intercessão é uma componente essencial da oração litúrgica. Em toda a sua oração, a Igreja não faz outra coisa a não ser interceder: por si mesma e pelo mundo, pelos justos e pelos pecadores, pelos vivos e pelos mortos. Também esta é uma oração que o Espírito Santo quer animar e confirmar”.
“A oração de intercessão é, portanto, agradável a Deus, porque é livre de egoísmo, reflete mais de perto a gratuidade divina e está de acordo com a vontade de Deus, que quer que todos os homens sejam salvos”, concluiu o Frei.
.: Leia a íntegra da primeira pregação quaresmal